Capítulo 47 - História Obsessiva

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- Thony, você está tremendo

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- Thony, você está tremendo. - Clarisse observa.

Mas que porra aconteceu comigo?

Fico refletindo que desde sempre eu nunca entendi minhas reações com relação à essa garota e quando finalmente achei que tinha entendido, estava tudo errado.

- Clarisse, senta. - Digo.

- É melhor você se sentar. - Ela diz.

Eu a encaro.

- Não sei como te falar isso sem que pareça que estou me justificando... Mas isso faz parte de ser eu narrando a história pra você, será o meu ponto de vista de tudo que vivemos.

- Estou ouvindo, Thony.- Ela diz gentil.

Isso me irrita por que faz parecer que não mereço.

- Olha... Eu te conheço desde que você era um bebê.  Acho que tinha uns 3 anos quando chegou na minha casa e eu tinha 8.
Eu odiei você. Odiei você por achar que você ia roubar de mim meus pais, que eram tudo que eu mais amava.  E depois... Eu te odiei mais por que não consegui continuar te odiando.

Parei de falar quando notei o quão confuso isso estava soando.

Puta merda... Eu sou muito fodido.

Ela me olha confusa tentando entender, isso não vai dar certo.

- Eu acho melhor fazer você se lembrar.

- Eu não sei se eu quero lembrar, você disse que eu estava em depressão profunda, não quero lembrar do que me deixou assim! Por favor, continue do seu jeitinho, eu vou me esforçar pra entender e qualquer coisa te pergunto.

Eu gemo em aflição.

Que que eu fiz da minha vida...

- Clarisse, eu te amei desde que você era uma criança... E eu não entendia isso, não sabia como agir corretamente. Eu fui frio com você, te deixei com medo várias vezes, pesquisei no Google como se livrar de você e no fim eu ainda afastei todo mundo de perto de você por que eu estava com um medo absurdo de te perder. Eu tive que ir estudar fora do país e fiquei 6 anos longe de você, mas sempre te desejando como nunca, contando os segundos pra te ver. Mas você arrumou a porra de um amigo problemático e eu fiquei furioso e te sequestrei! Sequestrei mesmo e não sei se me arrependo! Acho que não... Mas as vezes sim! Ahhh... Isso é tão...

- Calma, pode contar sem se preocupar em como me sinto... - Ela segura minha mão e me incentiva a contar tudo.

Eu respiro fundo e conto todo o resto da história até o acidente. Me sinto um bunda mole.  Toda minha credibilidade de macho alfa indo pelo ralo.

- Oh! Então nós já...

- Sim.. Já transamos antes... - A encaro indignado - Acabei de contar que apaguei sua memória propositadamente pra ter você como a criança que você era quando chegou e você está preocupada se já transamos antes ou não? Minha insanidade é contagiosa? - Pergunto levemente irritado.

- Thony... É realmente muita coisa pra digerir... Principalmente a parte sobre minha família biológica e o que eu me tornei. Mas você entende que aquela Clarisse não era eu? Eu junca fui assim, Thony! Você mesmo sabe disso. Eu nasci boa, eu cresci boa, acreditando que todos merecem perdão e todos merecem segundas chances. Eu não sou aquela Clarisse e eu não quero voltar a ser ela. Pra mim é o suficiente você ter me contado, mas eu não quero lembrar. Tudo isso é horrível demais de ouvir... Imagina viver!

Eu toco seu rosto suavemente e seguro uma vontade absurda de chorar.

- Não é tão simples. Eu nunca vou saber se esses são seu verdadeiros sentimentos enquanto você tiver Amnésia.

- Anthony... Eu não quero lembrar!!

- Veja bem... Se essa é a Clarisse que você é, você vai conseguir se manter assim mesmo que lembre de tudo.

- Você disse que me contaria um segredo no dia que tomamos sorvete, qual era? Era tudo isso?

- Era um segredo de mentira, eu ia falar que somos casados. Já tínhamos todo um plano arquitetado, mas eu desisti e acabei de contando toda verdade. A certidão de casamento é falsa. Meu lado podre não está contente com isso, devo acrescentar.

- Casamento falso? Então vamos fazer um de verdade. - Diz ela.

Essa mulher enlouqueceu???

- Clarisse, pelo amor de Deus! Você está se ouvindo?!

- Thony, eu quero ficar com você, eu te amo.

- Me ama por que? Por que eu cuidei de você?!

- Não! Desde que te olhei a primeira vez eu senti algo diferente, senti um sentimento estranho e depois conforme fui reaprendendo a viver, descobri que estava apaixonada. Talvez eu sempre estive apaixonada por você, mas todas essas situações sufocaram esse sentimento e transformaram ele em outra coisa.

- Clarisse... Eu aproveitei todos os momentos que podia na sua recuperação, te alimentei, cuidei de você... Eu nunca me senti tão completo, então tudo que fiz foi por mim também, não apenas por você. Eu te amo também e queria muito ter uma família com você. Mas você precisa entender que eu sou humano e não sou das melhores classes... Tenho limites, se você ficar se oferecendo pra mim assim, vou largar toda tentativa estúpida de ser melhor, tacar o foda-se e você vai ser minha de um jeito ou de outro.

Ela me olha de olhos arregalados.

- Você disse que isso é uma doença? Passada de geração em geração? - Pergunta tensa.

- Isso.

- Você não pode controlar isso?

- Estou tentando agora, mas não é simples... Me deixa perturbado e eu não sei meu limite, posso surtar a qualquer momento, perder o controle e te obrigar a fazer o que eu bem entender.

Ela recua um pouco.

- Está com medo? - Pergunto e me lembro que antes, adorava que ela sentisse medo de mim... Agora, eu preferiria que ela estivesse com outra expressão nesse rosto lindo... A expressão de um belo orgasmo concedido pelo melhor homem que poderia proporcionar essa sensação a ela... Eu mesmo.

- Não. - Ela responde me surpreendendo. - Não tenho medo de você, tenho medo do que vai acontecer com nós dois. Principalmente se eu me lembrar.

Eu me sento agora, parece que falando fiquei mais leve.

- Olha... Pelo que você me contou, você tem essa doença que te impulsiona a agir dessa forma grotesca.  Eu sabia disso antes?

- Não, nem eu sabia. Papai descobriu recentemente.

- Isso pode mudar muita coisa...

- É que você não lembra o ódio que tinha de mim... Preciso ficar lembrando que você tentou nos matar? - Bufo.

Ela pisca sem graça.

- Então me deixe continuar sem a minha memória. O que falei antes ainda está de pé! Vamos recomeçar e se eu achar que você não é bom pra mim...

- Acho que você ainda não entendeu a dimensão da situação atual... Quando você perceber e se perceber, eu serei capaz de te deixar? Você sabe o que eu teria que fazer pra te permitir ir embora? Me matar ou pedir para me matarem, por que eu sei que não vou conseguir te deixar em paz, porra!

Ela leva as mãos à boca.

- Não! Isso não, Thony, não diga isso bem brincando!!

- Infelizmente, não foi brincadeira. - Sorrio amargamente.

Amor Obsessivo Where stories live. Discover now