Capítulo 53 - O Fim / O Começo

12.9K 1.1K 739
                                    

Estou sentada na espreguiçadeira na casa dos meus pais

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Estou sentada na espreguiçadeira na casa dos meus pais. Hoje terá um almoço em comemoração ao aniversário da mamãe e por isso estamos todos reunidos.

Anthony está com sua nova namorada - ele troca de namorada pelo menos 1 vez a cada 3 meses -, mas eu sei que ela não despertou seu gatilho, é apenas mais uma megera para satisfazer suas necessidades.

Como eu me sinto com relação à isso?

No início pensei em matar uma a uma, sentia muitos ciúmes... A maioria deles com um timbre assassino. Mas depois eu fui me acostumando, vendo que ele não amava nenhuma delas e nem mesmo uma delas tinha despertado seu gatilho.

Ele me trata com todo respeito que um irmão trataria sua irmã e com isso sei que não restou mais nada da paixão que ele sentia por mim. Ele é frio e imparcial com todos, exceto com a mamãe, papai e... Nossa filha.

Mesmo ele não sabendo que a filha é dele, a conexão que eles possuem é incrível e ele a trata como se fosse pai dela - e é mesmo o pai dela, não é mesmo...

Eu não tive coragem de contar, não tive coragem de exigir que ele ficasse comigo e assumisse a filha que fizemos.

Não quando a mamãe e o papai acharam que seria uma péssima ideia, pois sem a paixão que ele sentia por mim, viver com o gelo glacial que ele é, seria uma tortura pra mim.

Não discordo deles.

Porém a Evelyn se apegou muito a ele e ele a ela... Então mesmo que ele não saiba que ele é o pai - e eu tenha inventado uma história que o verdadeiro pai não quis assumi-la-, ele ensinou a menina a chamá-lo de papai e assim ela o faz.

O alívio foi bem grande quando descobri que esperava uma menina e não um menino. Assim, essa criança estaria livre dessa maldição cruel.

A vida não tem sido bem o que eu queria, mas Evelin me trás bastante paz e é o suficiente. Agora entendo o que a mamãe disse naquele dia no carro pra mim.

"Quando você for mãe, vai entender."

Sim mamãe... Eu entendo agora. A dor que você sentiu em ter seus dois filhos quase se destruindo e fazendo um ao outro sofrer... Eu mataria pela minha filha que agora possui apenas 5 anos. Mas bem... Eu sou meio que uma assassina nata... Então tem algumas coisas bem. Menos significativas que eu também mataria... Mas o que quero dizer é que minha avelã preciosa é tudo que tenho de mais importante nesse mundo... O que me mantém viva e me afasta da minha pior versão.

Seus cabelos são longos e cacheados em um tom como da cor da avelã, como a da vovó Lissara. Seus olhos vieram inacreditavelmente azuis uma mistura dos meus olhos com os olhos de Anthony. Mas a ideia no nome Evelyn veio quando olhei a cor dos seus cabelos... Evelyn significa avelã em sua forma latinizada e o apelido carinhoso que dou a ela. Minha avelãzinha...

Mamãe ficou maravilhada com isso. Tanto com o fato incrível da nossa filha puxar seus cabelos, quanto com o nome escolhido em homenagem a esse fato.

Apesar de tudo, as suas feições eram um misto das minhas com as de Anthony... Não dava pra saber com quem ela se parecia mais, mas ela era única e incrível.

Sua doçura cativava qualquer um.

- Mamãe, mamãe!! - Evelyn me arranca dos meus devaneios e reflexões com sua doce voz de anjo.

- Oi meu amor. - Respondo seu chamado com carinho.

Suas bochechas então rosadas e ela está ofegante, o que significa que ela correu bastante pra chegar até mim.

- Fiz... Amigos... - Ela diz ofegante.

- É mesmo? Que amigos? - Pergunto confusa. Mamãe não me avisou que chamaria mais gente pra hoje.

Então eu levanto o olhar e vejo a Anne e seu marido Edward, se não me engano.

Eu sorrio para eles e me levanto para cumprimentá-los.

- Oi, Anne! Quanto tempo! - Digo com entusiasmo. Nos fazíamos nossas seções por chamada de vídeo, então tinha tempo que não nos víamos pessoalmente.

- Oi querida! - Esse é meu marido Edward, acredito que ainda não tenha conhecido ele pessoalmente. E esses são meus filhos - Ela diz mostrando dois meninos idênticos que com toda certeza são gêmeos saindo de trás deles. - Ítalo e Ícaro.

Encaro os meninos encantada com a beleza deles e complemente surpresa, pois a Anne nunca tinha mencionado filhos e caramba!! Ele deve ter no mínimo uns 10 anos.

- Uau... - É só o que consigo dizer inicialmente. - Você... Nossa... Não sabia que tinha filhos.

- Eu acabei não contando mesmo... Me esqueci completamente. - Seu olhar parece obscuro e sei que há mais coisas que ela não diz. Queria perguntar, mas não acho que seria o melhor momento.

Paro para analisar os gêmeos que são lindos e idênticos, eu confesso que não faço a menor ideia de como diferenciar Ítalo de Ícaro...

Mas então prestando bem atenção, reparo em algo que faz meu coração prender na garganta e tira todo o neu fôlego.

Quase preciso me sentar novamente para conter a onda de choque e horror que me atravessa quando percebo a maneira como, não apenas um dos gêmeos, mas os dois, olham para a minha filha.

Não.

Não, não, NÃO!

Eu conheço esse olhar... Eu conheço essa porra de olhar...

Minhas mãos tremem e ouço a voz da Anne longe e abafada na minha cabeça. acho que perguntando se estou bem, não sei.

Mas não consigo me importar com isso agora, não quando sei exatamente o que acabou de acontecer aqui...

Um gatilho...

Essas crianças são como Anthony, como o Papai... Os dois... E eu não consigo me manter calma diante da situação, diante do que minha mente começa a trabalhar incansavelmente para me mostrar... a grande merda que isso vai dar e o quão fodida minha preciosa Evelin está.

Ela não é objeto de obsessão de apenas um maluco, mas sim de dois. Dois doentes idênticos tiveram seu gatilho despertado pela minha preciosa filha.

Instintivamente a abraço a trazendo para meu colo afim de protegê-la e os garotos me olham com raiva.

Eles sabem que eu sei, a Anne sabe e principalmente seu marido sabe também.

Todos conhecem como funciona essa merda todos já vivenciaram essa situação fodida e conhecemos o olhar que os filhos dele direcionaram para a minha filha.

- Não! - A palavra sai estrangulada dos meus lábios e mamãe e papai chegam até o local com Anthony e a sua namorada cretina, a tempo de me ver a beira de uma crise de pânico.

Basta um olhar de Lissara para Anne, depois para mim e em como seguro minha filha com todas as forças e depois para os filhos dela, para entender o quão fodido estamos.

Eu simplesmente não consigo acreditar que isso está acontecendo... Eles nem são da família do meu pai... Como podem ter o mesmo problema? Quantas pessoas por aí sofrem da mesma coisa e é passado de geração em geração?

Muitas coisas que não sei a resposta perturbam minha mente, mas a única certeza que eu tenho martela tão forte nos meus ouvidos que as vibrações impactam direto no meu coração...

Um gatilho foi desfeito... Mas outro muito mais perigoso acaba de ser criado.

Fim!!

Amor Obsessivo Where stories live. Discover now