Prólogo

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Love in the dark - Adele

That's why I can't love you in the dark
It feels like we're oceans apart
There is so much space between us
Maybe we're already defeated
Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah, yeah
Everything changed me
I, I, I, I, I don't think you can save

E é por isso que não posso te amar no escuro
Parece que estamos a oceanos de distância
Tem tanto espaço entre nós
Talvez já fomos derrotados
Sim, sim, sim, sim, sim, sim
Tudo me mudou
Eu, eu, eu, eu, eu não acho que você pode me salvar

━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━

Clara - Anos antes

Nunca soube o porquê das pessoas me abandonarem, moro em um orfanato desde que eu nasci. A diretora me disse que meus pais eram bandidos e não podiam me criar na vida que eles levavam. Não sei se é o motivo real para me deixarem aqui mas de qualquer forma acho que sempre tive muito azar com essas coisas.

Quando eu completei 5 anos um casal quis me adotar, eu fiquei tão alegre e fiz minhas malas. Eles me trataram muito bem no começo mas depois a minha nova "mãe" descobriu que ela estava grávida, eles me levaram de volta para o orfanato e eu chorei a noite inteira com o sentimento de ser rejeitada novamente.

Hoje estou completando 15 anos e vai ser como sempre foi em todos meus aniversários. A diretora sempre compra um cupcake de presente pois o orfanato não tem verba para um bolo de verdade. Eu fico muito feliz por ela lembrar dessa data que é tão difícil pra mim.

Ouvi as outras garotas falando que ia chegar um novato aqui no orfanato mas sei que ele não vai se aproximar de mim. Ninguém se aproxima na verdade, todos os outros me acham uma aberração e sempre me tratam mal.

– Olha quem está aqui, a filha do pecado! – Ouço uma voz irritante.

Me viro e vejo William com seu grupinho o seguindo, ele sempre me odiou desde que ele entrou aqui e faz de tudo pra me humilhar. Ele já jogou todos os meus materiais na privada e eu fiquei de castigo por uma semana limpando todo o refeitório sozinha.

– Me deixe em paz, William. – Digo tentando me virar para seguir para o refeitório.

– Pra onde você pensa que vai, esquisita? – Ele pergunta cruzando os braços em deboche.

– A diretora vai fazer um comunicado importante e precisamos estar lá. – Digo passando por ele.

– Dessa vez você escapou – Ele sussurou.

Apertei o passo e cheguei ao refeitório onde todos já estavam esperando. Me sentei em uma cadeira na frente e ajeitei meus cadernos em meus braços e olhei para a diretora e tinha um garoto do seu lado. Ele era lindo, nunca o havia visto antes, ele tinha os cabelos escuros e os olhos penetrantes.

Fiquei o encarando por alguns minutos, não conseguia desviar o olhar dele, até que ele percebeu e me olhou seriamente. Senti um coisa estranha, meu coração disparou e minhas mãos começaram a formigar.

– Quero que vocês conheçam o Alexander, ele tem 17 anos e foi transferido de outro orfanato. Espero que vocês o recebam bem! – A diretora diz sorrindo abertamente. – Bom, agora preciso ir e aproveitem o dia livre, crianças!

Ao passar dos dias eu vi que Alexander não conversava com ninguém. Ele tinha uma coisa diferente que me atraia pra ele e com apenas um olhar dele eu já sentia borboletas no estômago.

Ele era diferente dos outros garotos, ele não tinha medo do William. Teve um dia que eles se enfrentaram na frente de todos e ele não abaixou a cabeça. Foi desferido socos por toda parte, Alexander saiu sem nem um aranhão ao contrário de William que foi parar na enfermaria.

Hoje é um dia comum no orfanato, acabaram minhas aulas e eu fui em direção a biblioteca para devolver o livro que terminei de ler ontem. Quando estava vendo os livros novos que haviam chegado da doação, notei alguém sentado no chão era ele Alexander. Me aproximei e ele me olhou com cara de poucos amigos.

– Oi, eu sou a Clara – Digo sorrindo para ele – Você quer ser meu amigo? Bom, eu não tenho amigos mas seria bem legal ser sua amiga. Poderíamos fazer companhia um para o outro.

Ele não me respondeu mas ficou me olhando estranho.

– Eu tô falando demais? Geralmente eu não falo tanto mas gostei de você – Falo esperando que ele pelo menos me responda – Olha, seu nome é um pouquinho difícil que tal se eu te chamar de ursinho? Combina com você por causa das suas bochechas rosinhas.

Ele arqueou as sobrancelhas e me olhou como se não tivesse acreditando no que estava dizendo. Eu me abaixei e pus a mão em seu rosto que tinha uma cicatriz pequena embaixo do seu olho esquerdo.

– Onde você se machucou? Sabe, as crianças aqui não gostam de mim, elas me chamam de filha do pecado. Talvez eu seja má como eles dizem mesmo. Teve uma vez que o William tentou me beijar a força mas eu fugi a tempo. – Digo e ele mudou a expressão de debochada para furiosa.

Ele puxou minha cintura e eu caí sentada em seu colo. Senti um aperto nos meus quadris e seus olhos estavam pegando fogo.

– Você é minha! Ninguém mais vai encostar em você, docinho. – Ele diz com possessividade. Eu adorei ouvir sua voz pela primeira vez.

– Tá bom, ursinho – Falo o abraçando forte, finalmente eu teria alguém para cuidar e ser cuidada.

Ele ficou surpreso mas me abraçou de volta e me apertou mais contra seu corpo. Ele sussurrou que iria me proteger de tudo e todos. Acho que ele só precisa de carinho e estou disposta a ficar do seu lado.

Depois desse dia, ninguém mais mexia comigo. Todos pareciam ter medo do ursinho, até o William parou de me encher o saco.

(...) 1 mês depois

Estava me preparando para dormir, todos nós dormíamos em quarto grande com várias camas de solteiro. A minha cama ficava do lado da do ursinho e ontem a noite eu tive vários pesadelos horríveis. No pesadelo, as pessoas jogavam coisas em mim e diziam que eu era uma maldição. Ele já estava deitado de olhos fechados mas eu sabia que ele não estava dormindo.

– Ursinho, eu posso dormir com você? – Peço o olhando com os olhos do gato do filme do Shrek. Eu sei que ele vai dizer que sim.

– Vem logo – Ele diz levantando o edredom para me deitar.

– Obrigada – Digo dando um beijo em sua bochecha fofinha.

Ele me abraça de lado e eu fecho os olhos me aninhando em seus braços. Sempre consigo dormir mais rápido quando estou com ele do meu lado.

– Eu acho que te amo – Digo baixinho e ele solta um sorriso de canto. É a primeira vez que falo isso pra ele e eu queria que ele sentisse o mesmo por mim.

– Eu te amo, docinho – Ele sussurrou em meu ouvido.

Adormeci rapidamente e desejei nunca o perder. Ele é minha luz e eu acho que eu sou a dele.

Obssesive LoveWhere stories live. Discover now