Paz

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Vegeta trancava a porta do quartinho onde ficava armazenado os produtos e objetos de limpeza do hospital. Se virou pra Bulma, que mantinha os olhos fixos nos dele, mas de braços cruzados.

– O que foi? Que precisava conversar comigo longe de todo mundo.

– Tô grávida. – Ela disse, de supetão. Vegeta a encarou por dois minutos em silêncio. Sem esboçar nenhuma reação, nenhum movimento, nem mesmo piscava.

– É sério?

– É. Muito sério.

– E é... Você sabe... É...

– Não faz isso. É seu.

– Desculpa, eu precisava ter certeza.

Ela nada respondeu. O encarava com um olhar firme, frio, e pensativo. Vegeta estava nervoso, e o silêncio de Bulma o deixava mais nervoso ainda.

– Você... Você vai... Sabe... Ah, meu deus, não sabia que era tão difícil.

– Não é difícil. É bem simples na verdade. Eu vou ter um bebê.

– Então você vai ter ele?

– Eu não vou perder uma oportunidade de ser mãe! Quer você queira ou não assumir, eu vou ter ele.

– Hey, quem foi que disse que eu não iria assumir?

E então ela se deu conta. Estava nervosa o tempo todo com medo de que Vegeta não assumisse, ou pedisse pra ela abortar, que simplesmente esqueceu como o Vegeta era como pessoa. Ela o conhecia o suficiente pra saber que ele não a deixaria largada com um filho. Como ela poderia ter se esquecido do bom caráter de Vegeta, sendo que foi isso que a atraiu?

No fundo, Vegeta sabia o que ela estava pensando, queria não acreditar, mas sabia. Não poderia culpa-la em achar que um homem não assumiria o filho, mas ele se sentia ofendido por ela pensar que ele faria isso. Sempre demonstrou ser alguém de caráter bom e uma pessoa transparente, apesar de ser orgulhoso e grosso, ele sempre assumira as responsabilidades e os erros. Desta vez não seria diferente, mas isso não o impedia de ficar furioso por Bulma pensar isso dele.

– Nós transamos sem camisinha porque eu pedi. É minha total responsabilidade. É meu filho. E mesmo que não estejamos juntos, vamos criar esse bebê. A gente vai dar um jeito, Bulma, de criar ele sem que precisemos estar juntos. Quando for marcar consulta, me avisa que vou te levar. -Ele disse áspero e seco, sem esperar a resposta dela já destrancou a porta e saiu, deixando ela sozinha.

Bulma não chorou, nem mesmo derramou sequer uma lágrima. Não iria chorar mais. Sabia que havia o magoado, mas ela não queria se importar com isso. Ajeitou a camisa do uniforme e foi trabalhar.

...

Goku, evitava Chichi a todo momento. Era um homem adulto, estava acostumado com rejeições, mas ser rejeitado pela mulher que ele amava nunca havia acontecido. Afinal, só se apaixonara duas vezes na vida. Pela mãe de Gohan, e agora, pela Chichi. Ele, mesmo que estivesse chateado, entendia o motivo dela. Ela tinha medo. Ela não temia apenas por ela, mas pelo filho dela também. Ele compreendia que tinha medo de cair num relacionamento péssimo com duas crianças, mas ele não faria esse convite se não soubesse que iria dar certo. Na verdade, não tinha certeza, apenas muita fé. Ele tinha aprendido que só tinha uma vida, faltava Chichi aprender. Ele iria esperar, mesmo que demorasse anos, ele iria esperar.

Queria conversar com ela, mas estava envergonhado por agir com uma atitude tão infantil de ignora-la por conta de uma rejeição. Ele não sabia como falar com ela. As vezes tentava um aceno, um sorriso bobo, mas ela não correspondia, ou simplesmente ignorava. Talvez ela estivesse chateada com ele agora. Xingou-se mentalmente de burro. Precisava falar com ela, tinha medo de perdê-la. E perder aquela mulher, seria sua ruína.

MedicinaWhere stories live. Discover now