Tempo parado

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Chichi acordou num impulso. Estava encarando o relógio que havia travado às sete e meia e não saiu mais do lugar. Ela não sabia que horas eram, mas tinha noção que estava encarando o relógio um bom tempo. Se sentou na cama confusa e deu dois socos pra ver se destravava, o que obviamente não aconteceu. Fez uma careta de frustração e ficou de pé. Goku não estava mais deitado, e milagrosamente ele tinha deixado o pijama pendurado no cabideiro desta vez.

Automaticamente iria prender os cabelos, mas esqueceu que havia cortado e estava curtinho demais pra ser preso. Deu uma risada sem graça e bufou. Saiu do quarto e desceu as escadas lentamente, vendo que Goku estava na sala, para ver o que ele fazia, sem interrompe-lo.

Goku estava se exercitando. Estava usando apenas a calça de moletom que usava no cotidiano. Estava fazendo flexões. Chichi deduziu, pela quantidade de suor, que ele estava se exercitando há uma quantidade de tempo considerável. No último degrau, a madeira rugiu e atraiu a atenção dele, que se levantou.

— Não queria te atrapalhar.

— Não atrapalhou. Já estava acabando mesmo.

— O relógio quebrou.

— Porcaria de relógio barato!

— Está acordado há muito tempo?

— Um bom tempo. Não consegui dormir direito.

— Por que não me acordou?

— Você parecia querer uma noite de sono tranquila depois de uma semana conturbada. Dormiu bem?

— Como um anjo.

— Ótimo. Meus pais ligaram por vídeo.

— É? Por que não me acordou?

— Já disse, quis deixar você dormir. Além disso, Gohan e Goten estavam dormindo.

— Como eles estão?

— Estão bem. Disseram que Goten está correndo pela casa toda. E que o cabelo do Gohan cresceu demais. Ele cortou o cabelo pela primeira vez. — Ele disse com um sorriso fraco.

— Que bom que estão bem. Eu sei como se sente por não acompanhar tudo isso de perto, amor.

— Eu tô bem. Sei que é pelo bem deles.

— Tomou café da manhã?

— Ahm — Ele seguiu Chichi até a cozinha. — Eu só fiz o café. Desculpa.

— Tudo bem! — Ela caminhou até a geladeira e pegou uma fruta qualquer lá dentro. Quando fechou a porta da geladeira, deu de cara com o calendário e se surpreendeu com a data. — Sabe que dia é hoje?

— Sim, é vinte de junho. — Ele respondeu meio confuso.

— Sim, e também é o dia que nos conhecemos. Faz um ano!

— Nossa! Isso tudo? Parece que foi ontem que eu cheguei no hospital.

— E eu estava com uma barriga enorme.

— Goten no forno.

— Isso. — Ela disse, se sentindo nostálgica. Se apoiando no balcão.

— Você tá bem?

— Tô bem.

— Não sentiu nada a noite? Se tiver sentindo, tem que dizer a médica na consulta de hoje.

— Consulta?

— É, com a obstetra. Marquei enquanto você estava inconsciente. Sabe, pro caso de você querer ter ele. Eu sei da sua decisão, mas quero ter certeza que vai ficar tudo bem.

MedicinaWhere stories live. Discover now