Capítulo 11 - Animagos.

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Já era dia trinta de fevereiro, e a meia noite seria aniversário de Régulo. Todos já estavam em suas camas, exceto Agnes e o amigo que se preparavam para sair do salão comunal. Era quase meia noite como de costume e encontrariam Pandora no corredor das masmorras, estavam torcendo para que ela não fosse pega.
- Feliz aniversário - Abraçou o amigo que vinha do dormitório masculino com seu pijama habitual - Temos que encontrar a Dora.
- Obrigada, mas ainda nem é meu aniversário - O menino sorriu enquanto Agnes bagunçava seus cabelos curtinhos. Os dois saíram sem demora do salão, esperaram Pandora por alguns minutos no corredor. A menina logo apareceu com seu pijama muito diferenciado. Era amarelo mostarda e tinha uma porção de estrelas em seu comprimento. Os dois sabiam exatamente onde era o caminho, e após três anos já sabiam como evitar Zelador Filch, assim fizeram. Quando chegaram até a porta da cozinha, apenas fizeram cócegas na pera como deveria ser feito. A porta revelou a grande cozinha, onde os elfos todos estavam de prontidão. Alguns balões flutuavam pela cozinha, comidinhas gostosas estavam espalhadas pelos balcões e os elfos usavam chapeuzinhos de festa. " Que bons anfitriões" pensou Agnes. Fizeram um pedido aos elfos no segundo ano em hogwarts, que todo o dia trinta e um de fevereiro, eles pudessem esperá-los com uma pequena comemoração, nessa data os dois amigos aproveitravam seu tempo dando atenção às pequenas criaturas que ali viviam. Agnes sempre se certificava de que todos estavam felizes de trabalhar ali, e se não estivessem, Régulo lhe contara que era possivel libertá-los entregando lhes uma peça de roupa qualquer. Pela vontade de Agnes, todos os elfos seriam livres e nunca mais precisariam trabalhar em cozinhas ou casas, mas infelizmente, para os elfos as coisas não funcionavam assim. Era raro que um elfo se sentisse infeliz com sua vida, fazia parte de suas naturezas, servir aos bruxos, e era algo tão forte neles, que para alguns a menção a liberdade já era uma grande ofensa. Nenhum dos dois gostariam de ofender os gentis elfos, logo, faziam o possível para pelo menos, tratá-los como mereciam. E nisso, Agnes e Régulo concordavam bastante.
- Feliz aniversario ao mestre Régulo! - bradou um dos pequenos elfos com suas mãozinhas no ar, seu nome era Tylo. Dito isso, Régulo abaixou-se um pouco para apertar sua pequena mão em agradecimento. Os pequenos, olhavam para eles como se fossem as mais bondosas criaturas na terra, mesmo que estivessem apenas fazendo o mínimo.
- Obrigada, obrigada, pessoal! Como estão todos? Zila, como anda aquela sua enxaqueca? - Régulo logo se sentou no chão enquanto as criaturas o cercavam para lhe contar todas as novidades. Agnes aproveitou para devorar alguns docinhos deliciosos, e Pandora sem timidez já foi logo se apresentando para todos.
- Meu nome é Polly, senhora. - A elfa de olhos cor-de-mel se aproximava de Pandora que acenou com a mão para ela.
- É um grande prazer, Polly. - A menina sentou-se também, apertando de leve a mãozinha de Polly - Pode me chamar de Pandora, ou de Dora ou de Pam - Sorriu amigavelmente. Pandora ja lhe contara que apesar de sua familia ter uma boa vida ( graças aos estudos em torno do chifre de erumpente ) jamais aceitaram ter elfos como servos em sua casa, achavam isso um grande absurdo. Então assim como Agnes, Pandora não vira muitos elfos em sua vida.
- O que me contam? - Régulo dizia enquanto abocanhava um pedaço de torta de carne. Um elfo logo saltou na dianteira um pouco envergonhado, tinha a pele mais acinzentada e voz aguda.
- Alguns garotos tem invadido a cozinha a noite às vezes, para roubar comida. Nika sente-se envergonhado de falar de seus mestres, senhor Régulo. Mas se mestre Dumbledore descobre...
- Nada iria acontecer com vocês, tenho certeza. Mas como são esses garotos? - Agnes disse interessada na conversa. O elfo pensou um pouquinho enquanto coçava a própria careca.
- Um deles é alto, tem uns cabelos...
- Pretos, fortão, cara de idiota e meio parecido com ele? - Apontou para Régulo. O elfo ergueu o dedinho em concordância. Na mesma hora sentiu o estômago ferver como uma chaleira. Os marotos andavam invadindo a cozinha, e ia acabar com isso. Como ousavan invadir a privacidade dos pequenos? ( Tudo bem que Agnes e Régulo fizeram o mesmo no primeiro ano, mas eram apenas crianças burras).
Aproveitaram muito bem a pequena festinha com seus amigos, Pandora tinha um pequeno presente para Régulo antes de irem. Na verdade, um presente para os três amigos.
- Feliz aniversário, Reg! - Tirou do bolsinho do pijama um saquinho de cetim manchado de tinta e entregou para Régulo. Ele derramou o saquinho na palma das mãos e caíram três pedrinhas coloridas de dentro. - Meus pais me deram essas pedrinhas quando eu era criança, pra eu presentear os meus primeiros melhores amigos - Ela corou um pouco e olhou para o chão. Reg deu um sorriso amigável para ela e um tapinha nas costas.
- Por que não diz para gente qual pedra é a nossa e o motivo? - Reg disse analisando as pedras.
- A transparente é sua, sei que não acredita em nada disso - Pandora pensou um pouquinho - mas nos estudos geológicos que eu costumo fazer, a pedra transparente é capaz de despertar a nossa sensibilidade e nos ajudar em decisões importantes. - Régulo sorriu e guardou a pedra no bolso do pijama. - A rosa é sua, Ag. É uma pedra de emocionalidade e amor.
Não se achava a pessoa mais amorosa de todas, mas talvez Pandora visse algo que ela não era capaz. Sentiu-se agradecida.
- Bem, por último. A amarela e minha, porque ajuda a despertar nossa alegria interna. - Pandora sorriu para os amigos que lhe abraçaram de lado.
A noite correra como deveria ter corrido Agnes sentia-se muito feliz e de barriga cheia. Ficou até tarde observando sua pedra rosa, com a luz da varinha fazendo-na emitir luzes cor-de-rosa debaixo do cobertor. As vezes desejava ter mais amor em sua vida do que tinha, as vezes seria bom ter um adulto que cuidasse e a admirasse, só para variar. Mas não queria insistir em sentir pena de si, não era digna de pena. Afastou o pensamento forçando-se a pensar em outras coisas mais relevantes. Pegou no sono.
As aulas começariam naquele dia, felizmente não sonhara com nada aquela noite. Talvez se alguém estivesse lhe mandando mensagens via sonho, estava descansando hoje. Antes de começar a primeira aula, saira correndo para o salão principal para Interceptar os três idiotas que andavam roubando comida a noite.
- É como eu sempre digo, por que ter uma garota só na sua, se pode ter cinco? - Sirius discursava com Peter e James, Lupin não estava por ali. Agnes agarrou sua orelha com força e arrastou para fora da mesa. Os dois amigos foram atrás. - Ai ai ai! Corrigindo. Seis! - Sirius soltou os dedos da garota de sua orelha - o que você quer hein? - olhou feio para a garota. Ele estava lhe devendo uma vingança, mas desde a última vez decidira que não ia mais aprontar com Agnes até até que estivesse bem o suficiente. Isso fazia Agnes odiá-lo ainda mais.
- Andou roubando comida da cozinha, rato!? - Sussurrou para que os outros alunos não descobrissem. Encarava o garoto enraivecida.
- Como é que você sabe!? - James franziu a testa para ela.
- Eu sei tudo que acontece aqui. - Sorriu sarcástica para o garoto, que fez cara feia.
- Só se você anda indo lá também. - Sirius encarou Agnes com dúvida. Ela apenas cruzou os braços em resposta - por que se importa?
- Porque os elfos não são seus escravos.
- Na verdade, são. Além do mais, ainda não esqueci do seu castigo. Então acho bom acalmar os nervos. - Sirius disse sorrindo maldosamente. Sem pensar muito bem, Agnes apenas deu um chute na canela de Sirius com toda a força e saiu. Seu dedo do pé doía. O garoto se abaixou com muita dor, e azarou Agnes antes que a mesma notasse. Caiu com o rosto no chão. O garoto colocara um elástico em suas pernas. Ao ver Agnes caída, conseguiu esboçar uma risada, esquecendo-se de sua dor latente. Agnes sentia-se mortificada de vergonha, caída como uma fruta podre.
- Me atacou por trás! - disse levantando-se do chão com muita raiva, indo em direção ao garoto com a varinha apontada. Os dois se encararam por alguns segundos com as varinhas em ameaça. James e Peter apenas ficaram encarando a situação, paralisados. – Petrif...
- O que é que está havendo aqui!? - Minerva McGonagall se intrometera entre os dois. O que para Agnes era um grande problema, porque Minerva era muito mais rígida que Slughorn e obviamente os colocaria de castigo. - Isso são modos, Birdwhistle? E você, Black? Preciso mesmo dizer? - Olhou para Sirius torcendo os lábios em reprovação. - Menos vinte pontos para a Grifinória e menos vinte pontos para a Sonserina.
Os medidores ficavam no salão principal, logo ali onde estavam. Agnes virou a cabeça e viu as pequenas pedras verdes sumindo da ampulheta. Ela quem ganhava os pontos sempre, não podia perdê-los, isso era uma vergonha ainda maior.
- E se vir os dois mais uma vez, brigando como dois animais, vão ficar de castigo! - Disse severamente a professora, e saiu andando pelo salão principal, esvoaçando sua capa de veludo.
Agnes e Sirius nem mesmo voltaram a olhar uma para o outro, apenas seguiram seus próprios caminhos para a aula. E infelizmente, mais tarde teriam detenção juntos novamente, mas faria de tudo para não se meter em confusão com o garoto de novo. Mesmo querendo detoná-lo, percebeu que talvez não valesse a pena colocar os melhores amigos em risco ( por tabela) e sacrificar sua vaga em hogwarts.
O resto do dia foi como esperado, exceto pela aula de Poções que fora um total fracasso. Professor Slughorn nem mesmo olhara para Agnes, nem quando conseguiu produzir um perfeito tônico para os nervos ( que a essa altura, já estava quase bebendo ), o gelo de prof Horácio já estava se tornando deprimente. Mas decidiu que aquilo não iria abalar seu dia inteiro, ainda tinha muito a aguentar. Apenas terminou todos os seus compromissos e saiu para o último. A Detenção na sala do professor.
Nada acontecera durante toda a detenção, Slughorn decidira não dar mais tarefas a eles ( e com razão, da última vez fora um desastre), apenas ficaram sentados em silêncio no banco da sala. Sirius estava tirando um cochilo e acidentalmente derrubou a cabeça sobre o ombro de Agnes, que o cutucou.
- Acorda. - Sussurou pro garoto que levantou a cabeça em um susto. - Está dormindo em mim!
- Não tô não! - O garoto sentou o mais longe que conseguiu de Agnes, olhando para os próprios pés, curvado. Estava com uma expressão preocupada, mexia nos próprios dedos de forma ansiosa.
- Não que seja da minha conta, nem que eu me importe. Mas que cara de banana é essa?
- Eu não vou responder onde esta a banana, porque não quero constranger a mocinha. - Sorriu sarcástico para Agnes, que fingiu náusea. - Bom, você já sabe que o Remus...hãn... enfim. - Agnes assentiu com a cabeça com uma expressão de neutralidade. - Estamos um pouco preocupados, Birdwhistle.
- Não me leva a mal, mas o que pode ser mais preocupante que...? - Agnes deixara subentendido. Sirius apenas suspirou, fez força para contar lhe finalmente o que queria.
- Quanto mais o tempo passa, piores são as ...- Sirius deu uma pausa, como um código - Entendeu? Só estávamos pensando se teria uma maneira de melhorar isso pra ele.
Agnes apenas torceu a boca em chateação. Não tinha ideia do que poderia ser feito para ajudar, mas se Sirius estava vindo com aquele assunto para pedir sua ajuda, estaria de prontidão.
- Na verdade, tem uma coisa - Sirius diminuiu o tom de voz, olhando ao redor para que o professor não o ouvisse. Mas felizmente, professor Slughorn estava tirando um cochilo pesado ( não o culpava, já eram dez horas). - Animagos. Eu pensei que você... sendo a aluna brilhante e etc... - Sussurou por fim. Animagos. Os bruxos capazes de virarem animais por períodos controlados. Animais com consciência. Naquele momento, entendeu tudo. Os lobisomens não atacavam animais, ( se os mesmos não os atacassem) e os marotos poderiam ficar perto de Lupin. Isso poderia impedir que ele se sentisse tão estressado durante as luas cheias. Sentiu-se estranha por Sirius saber ( e ainda admitir) que ela era brilhante.
- Sirius...Olha. Nem mesmo eu sei fazer essa poção...- Olhou preocupada para o garoto. Queriam mesmo ajudar, mas era uma poção de nível expert. Muito além do nível de Agnes. - Além do mais...Se nós pegarem, não seremos expulsos, seremos presos. - deu ênfase na última palavra.
Sirius torceu a boca desesperançoso. Claramente já não tinha muitas expectativas sobre essa idéia, e agora elas caíram por terra completamente. Apenas balançou a cabeça de maneira vaga.
- Deixa pra lá. Não faz nem sentido pedirmos isso pra você. Por que se arriscaria por nós? - disse em tom neutro. Não estava zangado, só achava a situação óbvia.
- Não por vocês, por Lupin. - Cruzou os braços. Pensou, tentou o máximo que pode recusar, mas seu instinto mais interno de proteção gritava por essa ajuda. Tentou reprimir, mas não conseguiria ver um amigo em situação difícil e apenas cruzar os braços. Depois de alguns minutos encarando a expressão decepcionada do garoto, finalmente teve sua resposta. - Me encontra na biblioteca amanhã, antes do intervalo. ( Pois estaria vazia ) - Agnes disse séria. Sirius sorriu para ela. De maneira sincera. O despertador tocara, o que significava que a detenção havia terminado. Professor Slughorn acordou em um pulo, engasgando com a própria saliva. Se despediu dos dois.
- Obrigada - Sirius sussurou antes de sair pro dormitório.
- Odeio você. - Disse revirando os olhos. Sentia raiva por Sirius convence-la a essa empreitada completamente perigosa e difícil. Mas no fundo, sentiu-se lisonjeada por saber que era a única capaz de tal missão.

Killer QueenWhere stories live. Discover now