Capítulo 15 - O fim do quarto ano.

116 22 61
                                    


Fazia um belo dia do lado de fora como era de costume naquele mês específico. Estava quente e muito ensolarado no pátio de Hogwarts, Agnes não gostava de dias quentes, mas gostava de dias ensolarados como aquele, fazia-na sentir uma felicidade pura. Estava no pátio tentando refrescar um pouco a mente, antes de receber as notas finais de seus testes. Faltavam apenas quatro dias para o fim das aulas e o início de seu inferno pessoal que eram as férias na casa de sua mãe. Já havia começado a arrumar seu malão, já que caso não o fizesse, sempre esquecia algo no dormitório ( da última vez esquecera um saco de balas de amora-de-troll, até que fora uma boa surpresa quando voltara. ) Estava completamente pronta para voltar pra casa, de uma maneira logística, mas não de uma maneira mental.
Naquele belo dia, o melhor a se fazer era estudar um pouco de poções, afinal de contas, não se tornaria uma mestre sem que estudasse muito e o tempo todo, e a grande verdade é que poções eram seu hobbie favorito no mundo, então nunca era demais.
Enquanto estava mergulhada em seu livro, pode perceber um pequeno bilhete pousar discretamente em sua página atual. O bilhete viera voando delicadamente como uma borboleta em tom bege tocando delicadamente seu livro.
Pegou o bilhete entre e os dedos e reconheceu a caligrafia: "Senhorita.Birdwhistle, passe na minha sala as duas horas. Precisamos conversar. – Prof.Horácio. "
Franziu a testa e sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O que professor Slughorn poderia estar querendo? Será que ele descobrira que os Marotos invadiram seu estoque de ingredientes e eles a deduraram? Só podia ser. Aqueles garotos não eram nada confiáveis, eles só podiam ter entregue Agnes para protegerem a si mesmos, não ficaria nem um pouco surpresa. Começou a observar seus dedos tremendo, se esse fosse o caso ela negaria até a morte. O professor com certeza escolheria acreditar nela, sua aluna brilhante e dourada e não nos moleques traiçoeiros que viviam aprontando todas e que fariam qualquer coisa para ferrar ela.
Enquanto caminhava pelos corredores até a sala perfumada de ervas de Horácio, ficou memorizando um discurso muito convincente sobre os Marotos só quererem acabar com a vida dela para ganhar a taça das casas. Afinal, eles iriam incriminar ela para que fosse expulsa e não pudesse mais ganhar milhares de pontos para a Sonserina...apesar de mirabolante, Slughorn poderia acabar acreditando nela no fim.
Quando Agnes empurrou a porta de madeira pesada, deu-se de cara com a mesa chique de Slughorn e um garoto estava sentado de frente a ele. Os bigodes brancos de Horácio se enrolavam em seu dedo indicador como pequenas cobras albinas. Encarou Agnes por cima das sobrancelhas e a menina se aproximou timidamente.
Quando o menino se virou para ela, pode finalmente identificar. Remus Lupin.
Não conseguia acreditar... então depois de tudo...ele tinha entregue Agnes para o professor para livrar os amigos dele? A única pessoa que poderia convencer mais Slughorn do que Agnes era ele. O menino perfeito das boas notas, droga! Como ele pode?
– Professor, eu só estava tentando...eu...eu não queria fazer...– Agnes começou a se embolar nas próprias palavras, ficando cada vez mais nervosa e frustrada a cada sílaba mal selecionada. Foi aí, que Slughorn ergueu a palma da mão com uma expressão contida para que ela se acalmasse. Agnes franziu o cenho e aguardou.
– Por favor, sente-se. – Ele indicou a cadeira e menina se sentou, ainda com uma expressão confusa sem pista do que estava acontecendo ali. – Bem, o senhor Lupin me explicou os acontecimentos. O motivo de você ter... surrupiado minhas coisas.
Ele disse com uma leve severidade na sua voz, mas a verdade é que mesmo que Agnes estivesse fugindo completamente do correto, ele ainda tinha um brilho de curiosidade no olhar. Era como se ele apostasse alto para descobrir qual seria o próximo passo inusitado que Agnes daria na sua carreira acadêmica, sendo moralmente certo ou não.
Assim, Agnes arregalou os olhos para Lupin completamente preocupado, porém, ele apenas lançou um olhar sorridente para ela, sem precisar sorrir de fato. Ele parecia dizer que se acalmasse, que estava tudo bem, mas também tinha aquela leve expressão de vergonha em seu olhar. Agnes naquele momento, teve certeza que Lupin contou seu maior segredo a Horácio.
– Professor, eu sinto muito. Muito mesmo. Eu só estava tentando...Só estava tentando ser uma boa pessoa. – Suspirou. Ela não sabia exatamente o que dizer. – Eu só queria ajudar.
– Tá tudo bem, Agnes. O professor já sabe que você pegou alguns ingredientes porque estava pesquisando por conta própria uma cura para a minha... situação. – Ele esfregou o próprio braço e lhe lançou um olhar de cumplicidade. " Me acompanha" Lupin queria dizer com os olhos, que Agnes não entregasse nada. – Uma atitude muito nobre da sua aluna, professor Slughorn.
Slughorn balançou a cabeça em concordância, mas parecia ter um porém.
– Entendo sua situação, senhor Lupin. Mas a senhora Birdwhistle precisa imediatamente parar de agir a margem das regras. – Ele tamborilou os dedos rechonchudos e avermelhados na mesa. – Escute, menina. Se você precisava de alguma coisa, deveria ter conversado comigo. Sou seu tutor não seu inimigo. É nobre que tenha seguido meu conselho e voltado seu potencial para o bem, mas não vou mais aceitar esse tipo de comportamento sorrateiro. Para que aprenda uma lição, você e o senhor Lupin ficaram de detenção na volta as aulas.
– Certo. Eu sinto muito, professor. Não vai mais se repetir, eu juro. – Agnes respirou profundamente mais aliviada. Era impressionante, aqueles meninos tinham uma facilidade tremenda para escapar daquele tipo de situação, até mesmo Remus que era o mais responsável da equipe sabia exatamente como manipular as situações.
– Claro, professor. Nós dois estaremos lá sem atrasos. Certo, minha cara amiga alquimista? – Ele lançou um sorriso travesso a Agnes que confirmava que eles dois sabiam de algo, Agnes teve que segurar o riso da expressão sonsa e solene de Lupin. – Se o senhor nos permite.
Ele se levantou da cadeira, suas cicatrizes faciais tremulando fazendo com seu rosto se deformasse em alguns movimentos. Horácio apenas bateu a cabeça levemente com os olhos fechados dando permissão para que eles saíssem.
– Boas férias, professor. Obrigado por entender a situação. – Agnes quase suplicava.
– Boas férias, senhorita Birdwhistle. Senhor Lupin. – Ele ergueu a mão em um aceno, enquanto os dois alunos abandonavam sua profunda voz rouca.
A alguns metros da sala de Slughorn, finalmente Agnes deu um cutucão em Remus com seu cotovelo. Ele deu um sorriso travesso de lado para ela.
– Não precisa agradecer. Amigos são pra isso – Ele cruzou os braços casualmente ainda sorrindo.
– O que faz você pensar que eu ia agradecer? – Agnes devolveu o sorriso travesso. – Obrigada. Você salvou meu pescoço.
– Olha quem fala. Tudo que você arriscou só para me ajudar, isso é o mínimo. – Ele suspirou parando de repente. – Vejo você daqui a alguns meses na detenção, Birdwhistle?
– Pode apostar, Aluado. – Agnes riu de leve acenando para ele que devolveu o riso enquanto saia corredor a fora. Decidiu que depois daquelas fortes emoções pré férias, seria uma boa idéia descansar um pouco na grama enquanto esperava o jantar daquela noite. Régulo não estava muito propício para assunto naquele dia, parecia meio mal humorado então ficara no salão comunal aterrado de estudo. Pensou em contar os acontecimentos pro melhor amigo quando estivessem no trem de volta para casa.
Mergulhando novamente em sua leitura, Agnes não conseguira se concentrar tanto como gostaria, o ar quente lhe deixava desanimada, cansada e as pedras frias do chão não pareciam aliviar aquele ar abafado. Encostou a cabeça no chão e fechou os olhos adormecendo no pátio por alguns longos minutos, aquele tipo de sono que vem tão repentinamente que é praticamente impossível não ceder. Apenas disso.
Talvez não tivesse sido a idéia mais inteligente que tivera, afinal, o pátio era o lugar menos seguro de Hogwarts para se tirar uma soneca, tudo podia acontecer e naquele momento, aconteceu. Acordou com um balde de água fria, literalmente falando. Alguém derramara um jato de água nela enquanto dormia e isso fez com que se acordasse em um susto enorme. Ergueu o corpo o mais rápido que Conseguiu para encontrar o culpado pelo seu tormento. Não poderia ser ninguém menos que um dos garotos mais insuportáveis de toda Hogwarts, é claro que isso fez com que Agnes quisesse esganar os 3. Não os via a uma semana, e que semana tranquila que tinha passado sem vê-los, Rabicho, Almofadinhas e Pontas também conhecidos como três patetas. Levantou-se depressa, querendo amaldiçoar os três com sua varinha.
- Birdwhistle, eu não quis...- James se aproximou, estava encharcado também. Aparentemente estavam brincando de jogar água uns nos outros. Com aquele calor delirante, não os culpava mas ainda era completamente patético. - Fui desviar do Almofadinhas e aí...
Agnes esfregou os olhos, andou cambaleante na grama com uma careta de desgosto completamente abalada.  Olhou para James, abrindo os olhos com dificuldade e quis transformar o idiota em um peixe, já que gostava tanto de água, mas achou que já tinha se encrencado o suficiente naquele ano.
– Vocês não tinham outro lugar pra fazer isso? - Respirou fundo, ajeitou os cabelos molhados que caiam em seu rosto.
– Não, o pátio é público. - Sirius se aproximou também, tinha sempre aquele mesmo jeito marrento e cheio de razão como se o mundo lhe pertencesse. Dizendo com obviedade algo que não era nada óbvio, já que apesar de público existiam regras de convivência. Agnes ergueu a Palma da mão para que ficassem longe, e ergueu-se do chão. – O que é isso?
Ele ergueu a sobrancelha.
- Olha, tá tudo bem. Não ligo que tenham me molhado. – Ergueu a varinha e com um gesto em torno de seu corpo, secou-se em um piscar de olhos.
– Só...Fiquem longe. De mim. Pra sempre.
Eles franziram a testa, entreolharam-se confusos. Aos tropeços, Peter aproximou-se também. Remo Lupin apenas continuou sentado no tronco de árvore a alguns metros dali. Ele provavelmente achou melhor não se envolver depois de ter assinado aquele pacto de amizade com Agnes no corredor. Era melhor deixar os 4 se resolverem sozinhos.
– Fizemos alguma coisa de errado? - James continuava com uma expressão de confusão, se assemelhava a um cachorro filhote que tinha tido seu brinquedo favorito tirado dele. Agnes apenas balançou a cabeça negativamente com uma expressão neutra.
- Não. Digo...Sim. Caramba, claro que sim. Fala sério, não somos amigos. Vocês só atrapalham minha vida- Disse simples. Já estava pronta para dizer aquilo, por mais difícil que fosse, mas era verdade. - E eu a de vocês, sejamos honestos.
– Mas...Eu achei que...– James talvez nunca tivesse passado pela experiência de rejeição da sua amizade tão descolada antes.
– Tudo isso porque molhamos você? – Peter interviu dessa vez, com sua voz atrapalhada e meio tosca.
– Não. Tudo isso porque desde que estudamos aqui, vocês três me envolvem em pegadinhas e brincadeiras idiotas das quais não quero participar. – Agnes cruzou os braços se tornando cada vez mais seria e adulta. – Querem saber? Vocês nem me pediram desculpas. E não. Eu não aceito as desculpas. Ajudei vocês, legal, mas agora acabou.
James tentou intervir naquela conversa estranha. Mesmo que não fossem amigos antes, podiam ser agora. Mas sentiu-se ofendido mesmo que não quisesse. Cruzou os braços e Sirius disse finalmente:
– Não entendi. Você achou que nós queríamos a sua amizade? Você alguma vez já se olhou, Agnes? Você se acha muito especial e inteligente mas a verdade é que é só mais uma garota tosca e sem nada de especial. É óbvio que acabou, só falamos com você porque precisávamos, não porque você é interessante, afinal, bem. Autoexplicativo.  - Colocou as mãos sob a cintura, sério. Ele cuspia as palavras em Agnes com tanta naturalidade que não parecia estar dizendo coisas tão cruéis. Agnes sentiu os olhos marejarem mas segurou firme para que aqueles grandes estúpidos não notassem. - Ela não é nossa amiga. E não precisamos mais dela agora que já fez o que a gente queria. - Disse com a mesma simplicidade que Agnes.
– Sirius...– James enrugou o cenho para ele, talvez tivesse sido demais até mesmo para ele. No geral, James era o garoto mais sentimental enquanto Sirius era o panaca sem sentimentos.
– O que? É verdade. Seria vergonhoso ser visto com você, a maluca da família falida. – Ele apertou a mandíbula com seus olhos cinzas se fechando contra ela como uma tempestade agressiva. Agnes sentiu o estômago retorcer de puro ódio ao ouvir Sirius falando exatamente como Zabini.
– Como se eu quisesse ser vista com algum de vocês. Principalmente com você, o garoto fracasso que não vai ser nada na vida além de um parasita. – Agnes encarou Sirius de volta na mesma intensidade sem diminuir um centímetro de seu ódio.  No fundo, Sirius estava tão ofendido quanto James. Não fazia sentido para ele, que alguém não quisesse ser amigo deles e por isso, ter seu ego ferido, fazia com que agisse de forma tão irracional.  Agnes apenas balançou os ombros tranquilamente, recolheu seu livro que estava encharcado. James puxou Sirius para retirada, mas o garoto se virou violentamente para Agnes de novo. " A trégua acabou, Birdwhistle" disse, antes de se retirar. A menina revirou os olhos para eles e não se conteve.
- Vão fazer o que comigo? Me humilhar publicamente igual fizeram com o Ranhoso? - Cruzou os braços em posições de afronta. Em seu rosto, apenas um sorriso tranquilo e atrevido. – Seria bem típico da sua imaturidade.
– Dá pra ver que você tem um fraco por comensal da morte. Mas é baixo até pra você defender ele.  – Sirius encarava Agnes nos olhos, colérico. Os lábios apertados uns nos outros. Ela estremeceu, Snape comensal da morte?
- Vai pro inferno.  - Vestiu a mochila nas costas, ainda encarando o garoto.
– Olha também não precisa falar assim. Só estávamos tentando ser legais, não precisa ser uma babaca com todo mundo. – James apertou o cenho encarando ela com raiva.
– Esquece. Essa aí não decidiu de que lado está. – Sirius puxou James cuidadosamente pelo braço.
Sirius ainda mantinha os olhos fixados nela, ainda zangado. Sem dizer mais nada, eles apenas se retiraram daquele ambiente, dando as costas para Agnes. Ela permaneceu parada, seus dedos tremulando um pouco observando eles saírem. Ela não estava em cima do muro, ela não estava do lado dos comensais ou coisa do tipo. Snape era mau e Agnes sabia disso, só não acreditava que quatro bruxos adolescentes tinham o direito de decidir isso e puni-lo. Não precisavam ser como ele.
Uma coruja soltou um rolo de pergaminho em seu colo, eram as notas finais de seu desempenho. Tirara um belo nove em poções e feitiços, mas no resto das matérias apenas um cinco, que não era ruim, somente medíocre. Já em Aritmancia, tirara um dois. Talvez precisasse sair daquela classe no próximo ano.

Killer QueenWhere stories live. Discover now