start a riot

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"Eu marcharei por uma rua vazia como um navio numa tempestade
Sem me render, sem recuar
Eu derrubarei todas as paredes
Só para manter você aquecida
Só pra trazer você para casa
Eu queimarei esta cidade inteira até formar um diamante a partir da poeira
Vou manter você sã e em segurança quando não houver mais ninguém para confiar"

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Mamá, tengo miedo!

Tranquila. Não vai acontecer nada.

Pero mama...

Zulema suspira uma última vez e se ajoelha ao lado da bicicleta da garotinha loira.

Rosa tinha os mesmos olhos verdes e amedrontados que Zulema viu uma vez na prisão, mas eram tão lindos e meigos que seu coração lhe obrigou a sorrir.

— Eu estou aqui, pequeña. Se qualquer coisa acontecer, vou te ajudar.

A garota cruza os braços e encara sua mãe com fúria e medo irradiando de si.

— Você acabou de dizer que nada iria acontecer!

Zulema quase revira os olhos, mas não o faz. Ela sabe muito bem com quem Rosa aprendeu a jogar com as palavras. E, bem, ela era apenas uma criança no final das contas. Andar com a bicicleta sem rodinhas era realmente algo assustador!

Vale. Vamos fazer um acordo, hum?

— Qual acordo?

— Eu seguro seu banco enquanto você anda, para não deixá-la cair e em troca você convence a sua mãe a parar de ficar brava comigo. O que acha?

Rosa ri um pouco alto e põe as duas mãozinhas na boca.

Mama!

— O que?

— Você quebrou o lidicador novo dela.

— Liquidificador, pequeña.

Rosa sorri e escala em sua bicicleta rosa de glitter.

— Vamos, Mama!

Zulema sorriu com a animação repentina de Rosa. Algo lhe dizia que assim como ela, sua filha também não gostava quando suas duas mães se afastavam. Mesmo que por bobagem, a pequena sempre parecia ficar cabisbaixa quando essas coisas aconteciam.

A morena beijou os fios loiros de sua garotinha e então fez o prometido. Segurou com força o banquinho assim que Rosa começou a pedalar. Uma emoção estranha lhe sucumbiu por um rápido instante e Zulema tentou se convencer de que aquela grande dose de serotonina era boa, que ela poderia sentir, sim. Por que não é e nem foi sua culpa não ter sentido nenhuma dessas coisas com sua filha perdida. Zulema sempre sonhou — secretamente — em viver todas essas coisas de mãe. Esse era seu desejo mais íntimo e que ela guardava com muito cuidado nas profundezas de seu coração.

Macarena foi sua grande oportunidade de ter tudo que realmente sempre quis, e, por mais que fosse difícil às vezes, elas eram perfeitas juntas. Um yin-yang, um complemento que ambas precisavam. Zulema decidiu que cuidaria e amaria Maca pelo resto de sua vida. Estava feito. Quando Rosa nasceu... Ah, Zulema tinha certeza de que morreria por ela. Faria um motim por ela. Quando a pequena garota de cachinhos dourados lhe chamou de mama pela primeira vez, a morena, de uma maneira bem boba e estúpida, perdeu seus sentidos por segundos que pareceram uma eternidade e seu coração pareceu soltar fogos de artifício.

Seis anos já haviam se passado depois de tudo isso e o amor que se guardava no peito de Zulema multiplicava-se cada vez mais. Ela ensinou muitas coisas para Rosa, a ensinou a ler, escrever, pegar um pequeno e recente gosto por ciências e agora está na fase aterrorizante do veículo infantil de duas rodas. Zulema se sente orgulhosa e... Um pouco velha. Mas a satisfação de ver sua Rosa crescer subestima qualquer coisa.

Mama? — Rosa chama.

— Sim, bebê?

— Pode soltar.

— Tem certeza?

A garota sorridente olha para Zulema. Como se seus olhos brilhantes dissessem tudo.

— Eu sei que você vai ficar aqui cuidando de mim.

Zulema meneia a cabeça em concordância.

— Eu vou, cariño.

A mulher solta sua garotinha depois disso e ela parece voar. Zulema sorri e cruza os braços enquanto admira.

Eles crescem tão rápido. Ela pensa.

Uma mão lhe toca o quadril e depois a morena sente alguém pousar o queixo em seu ombro.

— Nossa criança tá crescendo, Zule. — Maca sussurra enquanto também observa.

— Ela está.

A loira sorri e abraça a esposa por trás.

— E é tão parecida com você!

Zulema amava, mesmo que não admitisse, quando Macarena dizia que Rosa era tão sua filha quanto dela. Por que, bom, a garota definitivamente não era sua filha de sangue, mas todas suas manias e algumas posturas eram também muito visíveis em Rosa, como se elas realmente fossem mãe e filha. Bem, elas eram de qualquer maneira.

— Não está mais brava?

— Não... Aquilo foi bobagem.

— Eu sei. — Zulema olha para a loira. — Desculpa.

— Tudo bem, você vai me comprar outro!

Zulema ri.

— Vou?

— Ah, você vai sim!

Maca também ri e depois sela os lábios das duas em um beijo carinhoso e rápido.

— Ah!! — Rosa grita.

Tanto Zulema quanto Maca olham espantadas para a criança.

— Olhem Mama e Mãe! Tô andando sem rodinha!

As duas mães sorriem para a garotinha.

— Linda, minha princesa! — Maca grita.

Zulema se sente em casa e também sente que faria tudo para protegê-la.

Enquanto isso, de longe, Rosa sorri para suas mães. Tudo que ela queria era paz entre as duas pessoas que ela mais amava no mundo.

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n.a: eu estava pensando em rosa e um zurena suave e isso aconteceu.

zurena ao som de;Where stories live. Discover now