training wheels

613 57 61
                                    

"Eu amo tudo o que você faz
Quando você me chama de burra pra caralho pelas merdas idiotas que eu faço
Eu quero pedalar na minha bicicleta com você
Completamente despida, sem rodinhas para você"
________________________________

"Eu amo tudo o que você fazQuando você me chama de burra pra caralho pelas merdas idiotas que eu façoEu quero pedalar na minha bicicleta com vocêCompletamente despida, sem rodinhas para você"________________________________

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


pov macarena

As palavras de Zulema ainda ressoavam na minha cabeça. Mesmo com as felicitações, mesmo com os sorrisos, a música e a linda árvore de natal no meio do pátio, a única coisa em que eu conseguia pensar era nela e nas suas últimas palavras para mim.

Talvez o pior de tudo nem fosse a maneira como ela me tratava, mas sim a minha total falta de dignidade. Dane-se sua falta de jeito, dane-se sua falta de sutileza ou afeto, eu apenas amava aquele rosto mal humorado e aquele sorriso escondido que apenas eu podia ver. Eu me perdia em horas pensando no quanto eu precisava dela e, talvez, no quanto ela também precisava de mim. Zulema podia ser a pessoa mais rude que conheci em toda minha vida, mas no fundo, e apesar de tudo, eu sabia que ela amava, da maneira dela, mas amava. Eu apenas não tinha certeza se ela me amava.

Há uma semana atrás eu a encontrei quase completamente despedaçada no banheiro. A cavidade dos seus olhos estava roxa, ela tinha cortes em quase todo rosto. Eu não sabia se dava atenção a minha raiva de qualquer pessoa que tenha feito aquilo, ou se corria atrás de curativos. Eu corri atrás de curativos. Zulema não disse uma palavra durante quase trinta minutos. Ela só me olhava com aquela intensidade que volta e meia ela me encarava. Meu coração batia tão rápido que eu pensei que iria desmaiar, mas eu me contive. Eu fiquei ali por ela e para ela, até que...

Eu odeio você. — Ela murmurou assim que terminei de limpa-lá. — Você é uma burra idiota, Macarena.

Se corações pudessem se despedaçar, o meu, a este ponto, já estava completamente estraçalhado.

Fica longe de mim, tá me ouvindo? — Eu não respondo. Não tenho coragem. Seus olhos me queimavam como fogo e eu simplesmente não conseguia fazer nada.

Zulema se levantou e eu continuei ali, ajoelhada na frente de um banco como uma idiota.

Eu não quero mais ver a sua cara. — Ela sussurrou antes de deixar o banheiro.

Eu não chorei. Não ali. Não tão cedo.

Já fazia uma semana, e o sino para a chegada do natal já batia. Todas, ou quase todas, as detentas estavam mais do que animadas, se abraçavam uma na outra, conversavam com entusiamo. Eu só fiquei ali, mais afastada e olhando para a árvore enorme na minha frente. Cachinhos passou por mim em dado momento, me desejou feliz natal e me deu um sorriso triste. A este ponto ela provavelmente já sabia.

zurena ao som de;Where stories live. Discover now