1

2.5K 93 21
                                    

Manuela

Dois dias depois da virada de ano.

Eu olhava a aliança no meu anelar e as borboletas invadiam meu estômago. Parecia que eu tinha quinze anos e estava me apaixonando pela primeira vez. Um sorriso surgia no meu rosto e as bochechas ficavam coradas.

Era loucura pensar que eu e Diego estávamos noivos. Quem imaginaria isso? Ninguém!

— Ô bonita, você está achando que tem empregado? — Victor reclamou enquanto colocava minhas malas no carro.

O olhei com cara de tédio. Eu definitivamente não tinha paz.

— Desde quando ela ganhou essa lata em forma de pneu ela está metida — Alex rolou os olhos — e meio retardada, as vezes ela fica rindo sozinha olhando pra mão.

— Cansativa!

Gabriel passou por mim rindo e balançando a cabeça negativamente levando sua prancha para seu carro.

— Isso é inveja, amor. Ficou lindo em você — selou nossos lábios rápido. Nos braços segurava Benjamin e o colocou no bebê conforto.

Ele me olhou com aqueles olhinhos redondos esverdeados e abriu um sorriso revelando sua banguela. Como eu morria de amores pelo meu pacotinho, cada dia que passava ele ia ficando uma mistura minha com Diego. Os olhos verdes sem dúvidas algumas eram meus, mas o rosto, os cabelos lisos escuros eram totalmente o pai.

Se não fosse por uns detalhes meus eu teria a certeza que tinha parido novamente o Diego.

— Até logo, bebê do titio. Não entra em desespero, sei o quanto seu pai dirige mal e também que você prefere mil vezes o Titio Alex.

Eu dava altas gargalhadas com ele fazendo voz de bebê e o jeito que Benjamin sorria e interagia sacudindo os bracinhos e batendo as perninhas.

— Fala para eles que nós vamos escutando toda playlist do mundo bita — sussurrou.

Assim como eu e os meninos, Larissa e Paulo riam da cena. Umas três e vinte da tarde já tínhamos acabado de arrumar nossas coisas, agora checávamos toda casa antes de fecha-lá e irmos embora. Nós limpamos, arrumamos alguns móveis que tiramos do lugar e deixamos o local do jeito que encontramos.

— Foi um prazer passar esses dias com você, Manu! — me abraçou.

— Vê se aparece lá em casa pra gente fazer um churrasco e tomar um banho de piscina — disse olhando para ela e Paulo.

Me despedi dos dois, depois dos meninos e fui para o carro onde Diego me esperava ao lado da porta do motorista. Era um dia ensolarado, nenhuma nuvem no céu e o mesmo estava bem azulzinho. O coração estava apertado por ir embora, como eu amava Angra e quantos momentos incríveis eu tinha aqui. Parecia uma linha do tempo começando pela viagem de carnaval, o lugar onde eu e Diego nos beijamos pela primeira vez e onde ficamos noivos.

Angra tinha se tornado mágico para mim mas agora era hora de partir e voltar para a realidade.

A estrada estava bem tranquila, sem congestionamento de carros e se continuasse assim nós chegaríamos bem antes que o previsto. No som tocava ''Avicii - The Nights'' , o vento batia bagunçando meus cabelos, olhei pra trás e Benjamin brincava atento com seu ursinho de pelúcia. Envolvi meu braço no pescoço de Diego que dirigia suavemente, sua mão direita que estava na marcha parou na minha coxa e alisou a mesma carinhosamente.

Eu conseguia sentir que esse ano seria o melhor da minha vida, seria um ano leve cheio de realizações e o melhor disso tudo é que seria algo lado da minha família. Meu noivo e meu filho.

Quando eu olhava para trás vendo tudo que tive que passar pra me tornar quem sou hoje eu ria, claro que não eu não romantizava muitas das coisas como engravidar na adolescência ou passar por um relacionamento abusivo. Nada disso deveria ser visto como uma coisa normal, porque não é. A adolescência é para ser aproveitada sim mas com moderação e cautela. Um filho é sim uma benção, um anjo na vida de uma mãe mas quando não planejado, por um descuido pode ser uma barreira.

Por volta das oito da noite nós chegamos, fizemos uma parada para comer no meio caminho e logo Diego guardou o carro no subsolo do prédio e depois de eu subir com Benjamin desmaiado de sono no meu colo ele subiu com as bolsas. Troquei a fralda do Ben, o vesti com uma roupa mais confortável que ele já estava e o ajeitei no berço. Fechei tudo para não entrar pernilongos e liguei o ar bem no fresquinho.

Fiquei um tempo olhando para meu anjinho dormindo, meu pacotinho era sim a coisa mais linda. Diego entrou no quarto me abraçando por trás e afundou seu nariz no meu pescoço.

— Você estava tão linda esses últimos dias — apertou minha cintura — mais livre, mais sorridente..

—Me diz quando eu nunca fui linda? — levantei o olhar e sorri.

— Quando eu te conheci você era toda catarrenta.

Sem querer soltei uma gargalhada alta, Diego pôs o dedo indicador na boca rindo e olhei para trás me certificando de que Ben ainda estava a dormir. Beijei os lábios de Diego suavemente, ele foi me puxando para fora do quarto fechando a porta e pelo corredor até chegar no nosso quarto fomos nos atracando pelo corredor. Diego passava suas mãos grossas e robustas por todo meu corpo e beijava meu pescoço fazendo todos os meus pelos arrepiarem.

O efeito que ele tinha sobre mim era surreal. Nem eu conseguia distinguir.

Ele me jogou na cama, foi tirando sua camisa e vindo por cima de mim. Nos beijávamos enquanto ele tirava meu shorts, minha regata e me deixando apenas de sutiã e calcinha. Suas mãos já estavam na minha intimidade brincando com a mesma, eu contraía o corpo as vezes e soltava uma respiração abafada. Fizemos oral um no outro, parecia que tudo se encaixava perfeitamente quando se tratava de nós e depois de chegarmos ao clímax algumas boas vezes tomamos banho juntos e nos jogamos na cama exaustos.

Bem ao lado da baba eletrônica havia umas cartas, me levantei cobrindo meu peito nu com a coberta e peguei aqueles papais envelopados juntos.

— O que é isso? — questionei vendo um por um.

— Algumas cartas que o porteiro me entregou quando eu subi. Por que? — disse sonolento.

Dentre delas uma me chamou atenção, o papel era meio amarelado e com curiosidade abri-lo. Meu coração disparou quando vi o que era, meus olhos se arregalaram-se lendo cada palavra daquela carta e aquilo de fato tinha me pego de surpresa.

***

STANFORD UNIVERSITY

Querida, Manuela

Parabéns! Com muita satisfação informamos que você acaba de ser aceita na faculdade de Stanford como bolsista intercambista para o curso de MEDICINA.

Sua carta de recomendação foi aceita por nós e o seu SAT feito pelo colégio ENÉZIO LAWRENCE.

Para os devidos efeitos se informa ainda de que a matrícula na universidade só será efetuada após chegada do estudante à faculdade, atendendo a que este processo é realizado presencialmente.

O prazo de resposta para ingressar ou não na nossa universidade é até o mês de JUNHO DE 2019.

Grata, Corinna Madson.

***

E ao terminar de ler aquilo eu gelei. Todo meu corpo ficou em choque e eu sem reação.

— O que foi? Alguma coisa importante? — beijou meu ombro e apoiou o queixo no mesmo.

— Não, nada. Só algumas contas — coloquei elas onde estavam e da Stanford na gaveta em baixo de uns objetos.

Diego me abraçou por trás envolvendo seu braço na minha barriga e depois de um tempo ainda pensativa eu adormeci.

NÓS 2 | UM NOVO ACASOWhere stories live. Discover now