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Capítulos finais.
Autor Narrador:

Se passaram os temidos três meses, Manuela fez seus dezenoves anos junto com seus amigos e seu filho. Numa armação de festa surpresa ela comemorou, curtiu seu dia e mesmo que estivesse triste, percebeu que o tempo era curto, os últimos momentos estavam prestes a chegar e o que restava era aproveitar cada segundo ao lado de quem ela amava. A decisão de não ir passou muitas vezes pela sua cabeça nesses noventa dias, ela chorou, ela quis jogar tudo para o ar mas com o apoio e incentivo de seus amigos e família ela colocou a cabeça no lugar e apesar de todo sofrimento, decidiu não recuar mais. Mas agora vocês ficam com os momentos finais com os que ela amava e sem encerramentos de ciclos, somente uma despedida para iniciar uma nova página da vida dela.

[...]

Manuela
2 dias antes da viagem.

O som estava alto, provavelmente os vizinhos de Alex xingavam a gente com toda força do mundo. Eu não estava nem aí, queria curtir, aproveita cada momento ao lado deles já que na segunda-feira de manhã eu já estaria partindo. Meu bebê dormia tranquilamente no carrinho depois de um dia de piscina maravilhoso, essa semana nós fizemos bastante coisas juntos, somente eu e ele e já tinha chorado nesse meio tempo umas mil vezes só de saber que daqui há dois dias não teria seu cheirinho perto de mim.


— Ansiosa? — Alex se aproximou de mim colocando a mão nas minhas costas.

— Muito. Com medo, apavorada e triste também...

— Ele vai ficar bem, loirinha. Não há nada aqui que ninguém fizesse por ele e você é forte demais por estar fazendo isso. Não é só pelo seu futuro mas pelo dele também.


Eu o abracei forte, sem dúvidas eu sentiria muita falta desse maluco que apareceu na minha vida quando eu menos esperava e fez toda diferença.

— Gente, queria falar uma coisa pra vocês aproveitando que todos estão aqui — todos voltaram sua atenção pra mim e Victor abaixou o som.


— Eu choro com discursos, tá? — ele afinou a voz e nós rimos.


— Queria dizer que todos vocês conquistaram um espaço no meu coração, eu não sabia que uma viagem de carnaval para uma ilha iria me trazer tanta felicidade e que eu iria ter as melhores pessoas ao meu lado pelo resto da minha vida. Eu tinha dezessete anos quando minha vida deu um giro de cabeça para baixo, eu me apaixonei pelo garoto que eu odiava, eu fui mãe, fui amiga, fui irmã e fui feliz durante esse período. Nada disso teria sido tão suportável se não fosse por vocês.


Lya, chorava litros no colo de Alex e eu ri.


— Vaca! — me xingou fungando.


— Daqui á dois dias eu deixo esse país com uma dor no peito, entrego meu filho pra vocês cuidarem enquanto eu estiver fora e sei que não vou me arrepender. Eu amo todos vocês, sem exceções! — Nos abraçamos todos juntos, eu estava bem emocionada e algumas lágrimas escaparam.


Ficamos a noite toda curtindo, bebendo, conversando e quando foi umas onze e pouca eu me despedi, peguei o Ben e minhas coisas e partir para casa. Estava cansada, precisava de um banho para retirar aquele cloro do meu corpo e amanhã seria um longo dia. Ao chegar em casa, com dificuldade abri a porta e tomei um susto pois Diego estava sentado no sofá.

— Diego? — fechei lentamente a mesma com o Ben no colo — O que você está fazendo aqui?

Ele ficou me olhando uns segundos antes de se levantar e vir até a mim. Fiz um gesto para colocar o Ben no berço, ele assentiu dando espaço e assim eu fiz. Benjamin dormia feito um anjo, seus titios hoje cansaram ele demais!

— Então?

Voltei pra sala onde Diego se encontrava.

— Ansiosa? Acredito que sim... — soltou um riso forçado.

— Não sei, está mais para um misto de ansiedade e medo.

Ele balançou a cabeça fitando o chão.

— Só queria ver você pela última vez antes de ir, talvez queria saber se você tinha desistido... ingênuo , ainda tinha esperanças.

— Diego...

— Não, Manu. Não se culpa por isso, você tem todo direito de ir e eu sei que eu não entendi isso antes mas agora eu entendo. Eu entendo que é seu sonho, é uma oportunidade única mas...

— Mas o que?

— Nós. Eu não queria que nós tivéssemos um fim, não queria que me arrepender de ter deixado a mulher da minha vida entrar num avião sem eu não ter dito que a amava. Você me deu o Benjamin e me deu a chance de descobrir o que era o amor. Porra, Manuela! Eu te amo muito.

Eu não respondi Diego, somente o agarrei e beijei. Nesses últimos meses que passaram onde eu não tive ele ao meu lado por erro meu escutar isso era tudo o que eu precisava. Nós tivemos uma noite encantadora, fizemos amor como jamais tivéssemos feito e dormimos juntinhos após um romance bem quente. Não me importava se amanhã nós não tivéssemos mais nada, mas eu aproveitei o hoje e ficaria anos fora e não saberia se teria essa oportunidade de novo.

Depois de amanhã eu embarcava numa nova parte da minha vida onde eu não saberia os próximos capítulos, deixava uma parte minha no Brasil e levava só o que restava de mim para outro país. Tudo isso tinha um propósito, eu sabia que esse esforço seria para colher bons frutos lá na frente e por mais que doesse ia valer a pena.

Olhar Diego dormindo era a coisa mais preciosa da vida, eu olhava pra ele e via o Bem porque não foi à toa que a criança veio a cara do pai. E pior, eu quem carreguei os nove meses e senti todas as dores.

O emoji de palhaço me resume nesse momento.

Os últimos momentos em família que eu teria antes de viajar, guardaria toda as sensações e emoções de hoje pra me ajudar a amenizar a saudades que eu sentiria longe de todos. Para ser bem sincera, vai ser a maior saudade que eu vou sentir na minha vida inteira.

NÓS 2 | UM NOVO ACASOWhere stories live. Discover now