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Manuela


Uma semana havia se passado desde que eu e Diego demos um tempo, a verdade é que eu não sabia como lidar com esse rótulo então sabia se tínhamos acabado ou não. Era tudo confuso demais.

Durante esses sete dias eu vivi um caos, passei mal de ansiedade dia e noite a ponto do Benjamin mal conseguir ficar comigo, então tive muito auxílio da Lya esses dias e algumas duas vezes parei na emergência por pressão baixa. Diego veio aqui no início da semana ver o Ben, eu por minha vez fiquei no meu quarto e só sai quando o mesmo já tinha ido embora.

— Quando que você vai sair dessa depressão profunda? Esse quarto está um caos! — disse olhando ao redor com desdém.

— Alex, não enche por favor!

Ele ergueu as mãos se rendendo e se sentou ao meu lado da cama. Eu me sentia culpada em níveis extremos por não conseguir reagir a nada, meu cargo na empresa foi passado temporariamente para outra pessoa pois pedi Gabriel um tempo do trabalho e ele super entendeu. Eu não conseguia fazer nada, não me alimentava direito e as olheiras no meu rosto estavam fundas.

— Para de se martirizar, Loirinha...

— Como? Eu pisei na bola e agora já era — afundei o rosto no travesseiro.

— Você sabe que não, que Diego é cabeça dura mas ele te ama demais. Entende o lado dele também, você ficaria magoada com essa situação.

Eu o olhei com os cheios de lágrimas e com o polegar ele enxugou.

— Vocês dois precisam desse tempo mas você não pode ficar deitada aqui esperando ele passar. Você tem um filho que precisa de você e família e amigos também.

Dei um abraço forte em Alex, ele sempre me ajudava quando eu mais precisava e aparecia nos momentos certos. Eu acertei em cheio quando apostei nessa amizade porque ele era simplesmente incrível.

— Você já decidiu se vai ou não? — Gabriel apareceu na porta junto com Lya que segurava Ben.

— Ainda tenho alguns meses para decidir... — funguei.

E realmente tinha, não que fosse algo em que eu tivesse que pensar muito sobre mas queria estar certa da minha decisão pois tinha muita coisa a perder. Agora depois de tudo isso ficava muito mais difícil, queria sentar e conversar com Diego mas as duas últimas vezes que tentei contato logo quando vim para cá foram mal sucedidas. Ele realmente não queria falar comigo.

— Se você for, pode me apresentar algumas amigas americanas? — Gabriel veio com um sorriso sapeca em minha direção.

— Absolutely not.

Olhamos para Lya espantados, nem eles e muito menos eu sabíamos que ela sabia fazer inglês.

— O que foi? Eu fiz curso quando tinha uns oito anos de idade — bufou.

Na missão de tentar me distrair eles ficaram no meu quarto a noite toda, pedimos pizza e aqui ficamos conversando sobre alguns assuntos. Havia momentos onde minha mente saltava para longe daqui, ficava pensando o que ele estava fazendo ou como estava e principalmente como agora estaríamos nos dois no sofá assistindo algo qualquer na televisão.

Entrei em transe possivelmente em alguma parte da conversa onde os três e mais o Victor em ligação por vídeo discutiam sobre o tema de aniversário de um ano do Ben e Lya me despertou acenando as mãos na minha frente.

— Oi?

Eles me julgavam com o olhar como se eu tivesse perdido a grande reunião de negócios festivos.

— Está vendo como não dá para ela resolver o evento? A mina é totalmente desligada — Alex reclamou e Victor do outro da tela balançou a cabeça negativamente.

Dei o dedo médio como resposta.

— Mundo Bita ou Poderoso Chefinho? — questionou-me.

— Fala sério que vocês querem enfiar um terno no meu filho? — fiz cara de tédio.

— Entre o Ben de terno e o Alex de terno com uma cabeça de bebê gigante quem você acha melhor? — Lya disse em tom de deboche.

— O Ben por favor! — gritou ele do outro lado da tela do celular que Gabriel segurava.

— Para a informação de vocês eu fico muito bem de terno, tá bom? Já fui em diversos casamentos!

— Imagino...

Ele rolou os olhos e nós rimos.

Quase de noitinha todos foram embora sobrando apenas eu e Gabriel, ambos deitados na cama em silêncio e olhando para o nada. Benjamin havia dormido há poucos minutos, aproveitei para tomar um banho e comer algo.

Eu não era uma das melhores pessoas para desabafar quando precisava, eu costumava a guardar tudo para mim e única pessoa que me fazia falar e me deixava confortável para isso era Diego. Mas hoje, eu estava com um nó na garganta e Gabriel seria meu mais novo psicólogo.

— Você acha que ele vai me perdoar? — sentei na beirada da cama olhando para o chão.

— Se você for ou se você ficar?

— Ambas coisas.

— Sinceramente, maninha? Não sei... — disse pensativo — Ele está magoado, é difícil mas esse tempo de vocês vai ter que acontecer para as coisas se encaixarem.

Assenti com lágrimas nos olhos e ele me abraçou.

— Ah, qual é! Não chora na minha frente, não. Eu sou sensível — ri.

Depois de me acalmar ele foi para seu quarto tomar um banho e preparar algo para janta já que nós dois estávamos famintos. Fiquei pensando em diversas coisas olhando o céu pela janela do quarto, pensando em como tudo isso estava sendo difícil e que se eu realmente fosse teria alguns meses com meu filho e perderia seus primeiros e importantes momentos. E que talvez Diego nunca me perdoaria.

Mil pensamentos em uma fração de segundos e que só foram despertados quando Gabriel
me gritou na cozinha. Antes de ir jantar me certifiquei que Benjamin estava seguro na cama, coloquei todos meus travesseiros em volta para o mesmo não rolar e cair. Amanhã o seu berço seria comprado, ficaria bem menos paranóica e também não gostava que ele dormisse na cama para não acostumar.

No corredor a caminho da cozinha eu lembrei que Gabriel era péssimo na cozinha e só então me questionei como que seria essa janta e como o esperado em cima da bancada havia dois sacos provavelmente com comida de algum lugar que o mesmo pediu.

— Pedi massa — deu um sorriso torto e eu suspirei aliviada.

Nós jantamos assistindo um filme qualquer que passava na televisão, eu estava faminta e comi mais rápido do que o costume. Desde que me mudei não comia essa massa, era a minha favorita desde sempre e matei a saudade da mesma hoje.

— Está grávida de novo? — olhei sem entender — tá comendo igual um bicho.

Dei o dedo médio para o mesmo que riu.

Antes de voltar para o quarto, joguei as embalagens fora e lavei os copos que usamos. Me despedi do Gabriel com um beijo no rosto, fui direto escovar os dentes e deitei ao lado do meu filho que dormia tranquilamente. Adormeci em alguns minutos mexendo no celular.

NÓS 2 | UM NOVO ACASOWhere stories live. Discover now