Le jour mystérieux.

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Estranhamente, no dia dezesseis de Junho de dois mil e vinte e dois acordei animada e com um alto astral diferente dos outros dias. Gostava do meu trabalho como repórter no pequeno canal de televisão da minha cidade, mas todos os dias acordava sem vontade de ir trabalhar com as mesmas reportagens de uma loja nova ou, no máximo, de um assalto à mão armada. Nunca era uma notícia que realmente dava vontade de assistir ao jornal e intrigar os telespectadores. Talvez o motivo da minha empolgação fosse o caso de uma jovem mulher que vinha intrigando os residentes de Birmingham há uma semana e eu finalmente iria gravar uma reportagem sobre esse assunto.

O nome dela era Annabella Lewis, uma jovem moça de vinte e dois anos da Escócia que estava na cidade fazendo um intercâmbio. Os amigos dela disseram que a última vez em que a viram foi um dia antes de seu sumiço. Ela havia comentado com eles através de uma ligação por celular que iria até um lago para tirar fotos da natureza para o seu trabalho da faculdade. Desde então, sem notícias dela, seus amigos comunicaram à polícia e a busca começou. No começo as autoridades foram sigilosas no processo de investigação, não contavam a ninguém sobre o caso, mas com o passar dos dias as fofocas começaram a acontecer e agora a imprensa sabia e ia ao lago registrar a reportagem. Éramos o terceiro jornal a ir ao local de seu suposto desaparecimento.

Antes de sair de casa, certifiquei-me de ter pegado tudo para não correr o risco de faltar algo. Felizmente, herdei uma casa de minha mãe ao lado da escada do metrô e, em geral, isso tornou minha vida mais fácil. Com passos apressados, desci as escadas correndo e me vi no trem em menos de dez minutos. O cinegrafista, que era um amigo antigo da época da faculdade, me aguardava em uma cafeteria onde combinamos de tomar o café da manhã antes de seguirmos para o local de trabalho.

O sino sobre a porta de vidro da cafeteria soou assim que a empurrei para abri-la. Matteo estava sentado na cadeira em uma das últimas mesas ao fundo e ergueu o olhar direcionando-o a mim. Caminhei até ele sorrindo de orelha a orelha, não conseguia esconder o meu entusiasmo. Ele também parecia animado, embora tivesse me dito por mensagens na noite anterior que estava com um pouco de receio.

— Por sua causa eu não consegui dormir direito imaginando as possibilidades da menina ter sido pega por canibais e passei o tempo todo na internet pesquisando — ele disse assim que cheguei.

— Você viu o vídeo do caso das duas amigas que saíram para uma trilha no Panamá e nunca mais voltaram. Pode ter acontecido igual, mas também não sabemos o que de fato aconteceu com elas.

Puxei uma cadeira que rangeu no chão de madeira e coloquei meu casaco nas costas dela antes de me sentar.

— Não tem canibais, só sosseguei quando terminei de pesquisar sobre isso. — entregou-me seu celular aberto em um site que não me dei ao trabalho de ler o título. — Pedi um croissant de frango para você.

Eu li o artigo levemente e devolvi o telefone. Ainda achava a ideia de canibais uma das opções mais plausíveis para tal acontecimento.

— Não sei não, esse mundo tem de tudo e há muitos segredos ocultos nele — encolhi meus ombros. — Você já comeu?

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Pedi salsichas com bacon, mas ainda não chegou.

Conversamos sobre algumas outras coisas antes de a comida chegar, como o clima cavernoso e o que faríamos no final de semana. Quando chegou, comemos saboreando cada pedaço, estava realmente delicioso. Eu definitivamente voltaria lá mais vezes.

Matteo fez questão de pagar a conta sozinho antes de sairmos e entrar na van de transmissão que estava no estacionamento ao lado da cafeteria. Ele tratava aquele veículo melhor do que muita gente e o cheiro bom no interior vinha de um frasco pendurado no retrovisor.

Coração Negro | Thomas ShelbyWhere stories live. Discover now