La cible de Billy Kimber.

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Estar ao lado de Thomas Shelby me dava calafrios. Desde o dia em que o conheci, não o vi dar um sorriso ou qualquer outra reação além de seu rosto sério. John me disse que antes da França ele era um homem absolutamente diferente, ele ria e brincava, mas agora ele só pensava em seus negócios. Possivelmente ele viu coisas horríveis e isso o deixou tão retraído.

— Tem um homem, o nome dele é Billy Kimber. Você vai mantê-lo distraído enquanto vou ao estábulo. Quando ele notar que você está o enrolando já vou estar voltando e vamos embora.

Uma tarefa teoricamente fácil, mas quando se tratava de falar com um estranho, não me sentia muito à vontade. Os homens lá não eram muito confiáveis.

Segui o olhar de Thomas pelo salão e no fundo em uma mesa estavam cinco homens muito bem vestidos. Um deles deveria ser o meu alvo.

— Vê o homem de terno cinza? — ele indagou e eu assenti — É ele, agora vamos até lá para te apresentar à ele. 

Sua mão tocou minhas costas na cintura, indicando para eu dar o primeiro passo e assim fiz, engolindo em seco com medo de como isso poderia terminar.

Olhei em volta querendo ver um dos irmãos que poderia me tirar do caos se isso acontecesse, mas eu nunca tinha visto essas pessoas bem vestidas na minha vida. Cada um carregava seu charme, seja nas roupas ou com elegância no falar.

Os homens me observaram enquanto nos aproximávamos de sua mesa. Senti como se estivesse fazendo um trabalho sujo, mas não tive escolha. Billy Kimber parou de beber seu vinho em uma taça, olhou em volta, olhou para mim novamente. Seus olhos eram fáceis de ler, ao contrário dos oceanos azuis de Thomas.

— Senhores, como vão os negócios? — indagou o Shelby.

Mas meu alvo não lhe deu atenção, continuou a me olhar nos olhos. Eu tinha medo que ele descobrisse que era tudo parte de um plano, eu nunca fui uma boa atriz. O homem parecia nunca ter visto uma mulher em sua frente, embora houvesse uma bem ao seu lado que identifiquei ser sua esposa.

O homem ao meu lado observando a cena toda, se moveu tirando a mão que até então involuntariamente estava ainda em minha cintura.

— Esta é Gale Brown, uma amiga que está na cidade — Thomas me apresentou e eu me forcei a sorrir mais amigavelmente possível.

O homem de terno cinza se levantou e estendeu a mão para mim. Eu dei a ele a minha mão e ele a levou à boca,encostando seus lábios secos suavemente sobre ela.

— Seu nome me soa vagamente familiar. Sou William Billy Kimber, senhorita.

Minha mente girou. Como meu nome poderia ser familiar se eu nunca vi aquele homem antes?

— Você já ouviu falar de mim, senhor Kimber? — não conseguia esconder a minha ansiedade e juntaria o útil ao agradável.

Nesse meio tempo, eu peguei um vislumbre de Thomas sentado e enfiando a chave que estava na mesa no bolso da calça.

— Tenho certeza que sim, mas não me lembro de onde. A senhorita aceita dançar comigo?

Mais uma vez, direcionei meu olhar para a mesa e meu chefe acenou com a cabeça enquanto já acendia um cigarro.

— Sim, seria uma honra — sorri docemente.

Caminhei com o homem segurando minha mão gentilmente até o centro da sala onde alguns casais dançavam. Eu me posicionei na frente dele e começamos a dançar devagar. Na minha memória, uma porta foi destrancada. Era o dia da formatura do ensino médio quando dancei com um garoto de quem não gostava muito.

Coração Negro | Thomas ShelbyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora