Capítulo 4

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Aquele com super-heróis

O vento frio parecia cortar meu rosto e me fazia tremer, mesmo que debaixo de grossas camadas de tecido. Entrei na biblioteca da faculdade, que fica a três prédios de distância da minha última aula, agradecendo internamente pelo aquecedor do lugar estar ligado no máximo. Sem nem precisar procurar muito, vi Harry sentado em uma das últimas mesas do grande salão cercado de livros, ele estava distraído com o celular, esparramado na cadeira. Não consigo evitar pensar em como ele parece bonito com os cabelos soltos e a pele corada pelo inverno. Na verdade, percebo que ando tendo pensamentos demais sobre isso, e talvez fosse bom eu parar para analisar a situação internamente, mas não agora.

- Oi, Harry! - digo me aproximando e tirando o sobretudo que usava. A atenção dele se voltou inteiramente para mim e gostei disso mais do que deveria.

- Oi! E aí, deu tudo certo nas aulas de hoje?

- Deu sim. Para ser bem sincero, eu senti falta de vir para a faculdade. - comentei sorrindo fraco.

- Então... eu estava pensando e acho que a gente pode usar os computadores daqui pra procurar alguma coisa no banco acadêmico. Talvez a biblioteca até tenha algum livro sobre o assunto na sessão de física.

- Está tentando se livrar de mim, Styles? - pergunto com o tom mais sério que consigo fingir no momento.

- O que? Eu? Me livrar de você? Não! Claro que não! Não sou nem idiota de querer isso, eu só estava tentando ajudar e ... - ele começa a falar rápido, sem respirar sequer um vez. Me sinto mal de fazê-lo ter um pequeno ataque cardíaco, mas ainda assim não consigo segurar a risada.

- Eu estou brincando! - interrompo - Eu sei que só tá me ajudando, e eu agradeço muito por isso! - o rosto de Harry suaviza enquanto um leve sorriso envergonhado surge em seus lábios - Vamos, então?

- Claro!

Começamos a pesquisa pela ferramenta básica de qualquer estudante: Google! Várias teorias da conspiração depois e encontramos um artigo científico de um pesquisador Holandês sobre a "teoria do paralelismo". Imprimimos duas cópias do texto para que eu e Harry pudéssemos lê-lo.

Segundo o cientista, há uma grande hipótese de que existam mundos paralelos que coexistem no mesmo espaço. Ele explica que cada realidade alternativa vibra em uma frequência específica, o que faz com que os mundos possam se sobrepor um ao outro. Não fica clara a possibilidade de viagem entre eles, mas o que realmente me interessa é que, de acordo com o holandês, uma nova realidade é criada a cada grande decisão que tomamos na vida.

Ainda segundo ele, isso faz com que cada pessoa gere infinitas realidades paralelas durante toda a sua existência. E mesmo sem ter uma forma prática de manter contato com os mundos paralelos, é certo que uma pessoa só conseguiria viajar para um mundo alternativo que ela mesma criou, sem nunca conseguir alcançar as múltiplas realidades de outras pessoas.

Ficamos tão entretidos com o artigo que, antes mesmo de termos tempo de dar uma olhada no acervo da biblioteca, já era hora de ir para casa. Voltamos no carro de Harry conversando sobre tudo que tínhamos descoberto. Talvez não fosse muito, mas já era alguma coisa.

- E para os meninos? Você vai contar?

- Vou, mas acho que ainda não. Tenho medo deles acharem que eu estou enlouquecendo e me interditarem.

- Olha, é mais fácil eles ficarem empolgados com essa história do que chocados. Acho mesmo que você deveria contar. Eles podem ajudar, mas é uma decisão sua! - somos interrompidos pelo toque estridente do meu celular. Preciso aprender a abaixar o volume dessa coisa!

No Matter Where | l.s.Where stories live. Discover now