Aquele com o show
No dia vinte e sete, eu, Liam e Zayn voltamos para Londres, desta vez de ônibus já que Lottie teria que trabalhar e não havia mais ninguém que pudesse nos levar. Chegamos na cidade no meio da tarde e seguimos direto para o apartamento. Descanso por algum tempo e depois vou para o bar junto com os outros dois. Eventualmente, no meio da noite, Liam se despede e diz ir para casa enquanto eu e Zee seguimos atendendo os clientes até a madrugada.
Aquela foi uma noite de trabalho tranquila. A cidade parecia estar vazia, com todos bem acomodados em suas casas no interior do país, visitando a família e aproveitando o clima natalino enquanto ele se mantinha. Assim seguiram as noites posteriores também. Poucos clientes, a maioria deles pessoas na faixa dos trinta ou quarenta anos que acabaram sozinhas no fim do ano. É triste observá-las, afogando sua solidão em cada gota de álcool. A cada nova alma desacompanhada que entra pela porta do bar, agradeço silenciosamente pela família e amigos que tenho e por, pior que um dia já estivesse, não ter nunca me virado a eles.
Os dias passam cada vez mais rápido e a contagem regressiva para o ano que há de vir começa a causar burburinho. Por todos os cantos vejo pessoas preparando as listas de afazeres para o dia primeiro de janeiro. Promessas, a maioria infundadas, que nunca serão cumpridas, ou abandonadas antes do fim do primeiro mês.
É o meio da noite do dia vinte e nove, me perco nesses pensamentos enquanto seco alguns copos do bar e observo os clientes. Imagino o que cada um colocou em sua listinha de ano novo e se a cumprirão ou não. Parece um pensamento amargurado, mas diria que é apenas olhar a realidade de forma clara. O ser humano é esperançoso e sonhador, mas, às vezes, precisamos colocar o pé no chão e, ao invés de planejar uma lista de desejos, organizar um caminho, um passo a passo para chegar até tais desejos. Afinal, o universo não nos dará eles de bandeja.
Ou talvez sim?
Penso quando a figura cacheada entra pela porta do 5SOS vestindo uma calça skinny preta e casaco de inverno caramelo. Harry me encontra antes mesmo da porta se fechar a suas costas e sorri. Caminha até mim com as botas marrons e se senta à minha frente, cumprimentando Zayn com um aceno e um sorriso, que é prontamente correspondido.
- Oi - ele diz.
- Oi, os meninos não vem?
- Não, hoje sou só eu.
- Bom!
- É, bom! - a esse ponto o rubor em suas bochechas delicadas já é notável.
- E para beber?
- Hoje, eu quero só uma coca.
Entrego a ele o refrigerante, mas sou chamado por um cliente antes que possa dizer qualquer outra coisa. E talvez seja um castigo do universo por ter praguejado a vida alheia e suas listas de ano novo idiotas, mas o bar começa a encher e por longas horas não encontro tempo algum para me dedicar ao homem de olhos verdes que me observa a distância. Quando finalmente o tempo aparece já é fim de noite e restam apenas algumas pessoas bêbadas pelos cantos do lugar.
- Oi de novo!
- Oi de novo! - ele sorri.
- Então, o que veio fazer aqui sozinho?
- Vim saber que horas você termina o trabalho.
- Que horas são agora? - Harry me mostra o celular que brilha exibindo meia noite e vinte - Em quarenta minutos.
- E você se importa se eu esperar?
- De forma alguma! - Um sorriso bobo surge em meus lábios, brincando com meus sentidos e me prendendo aos olhos dele.
ESTÁ A LER
No Matter Where | l.s.
FanfictionUma única decisão pode mudar toda sua vida. O que faria se pudesse dar uma olhada em como as coisas seriam se tivesse escolhido um caminho diferente? Louis viu seu futuro ao lado de longos cachos castanhos, mas em um mundo paralelo nada é o que par...