All I Want for Christmas is You (pt. 1)

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23 de dezembro. 10:30 AM

— Animada para amanhã? – Nour saltitou quarto adentro com seu suéter natalino. A garota usava um gorro e tinha um pacote nas mãos. Revirei meu corpo na cama.

— Nem um pouco, você tem sorte de ter Nathan – me sentei, puxando o edredom junto a mim, pegando o pacote. — E boa viagem, me avise quando chegar!

— Te amo, tente se divertir com a sua família. Só abra esse presente amanhã – ela disse me abraçando. Assenti com a cabeça e voltei a me deitar, colocando a caixa na mesa de cabeceira. — TE AMO!

Nour berrou mais uma vez antes de bater a porta saindo. E eu estava sozinha, literalmente. Eu odiava feriados. Todos eles. A falta de noção de todos, principalmente da minha família, aumentava em mil. As perguntas inconvenientes sobre quando eu apresentaria alguém para eles, ou dúvidas sobre o funcionamento dos meus hormônios, me tiravam do sério.

Uma vez fiquei exatamente assim, dizia a minha tia, perdi a libido e fiquei sem sair com ninguém por anos, mas depois passa. Não, tia. Está tudo bem comigo. Inclusive minha libido está completamente normal, me lembrando da existência do meu vibrador na segunda gaveta neste exato momento.

Minha irmã mais velha, Carol, estava indo para o terceiro filho e eles achavam isso maravilhoso. Além de Colin - meu irmão mais novo - ter assumido um relacionamento recentemente, eu continuava sem conseguir superar meu relacionamento com Vincent. Deus, por que me fizestes sofrer por alguém que não queria mais nada comigo?

Vincent e eu duramos o tempo escrito nas estrelas para acontecer, tudo foi bom. Inclusive o término. Não houve briga, mágoa ou nada do tipo. Simplesmente acabamos. Mas eu continuo pensando que ninguém será tão bom quanto ele. E talvez realmente não seja, mas eu aumentei demais as minhas expectativas sobre um futuro relacionamento que talvez nunca sejam reais. Eu acabei de revelar o motivo pelo qual estou sozinha por mais de 2 anos.

O toque estridente do celular me tirou do transe, mama estava ligando e era hora de enfrentar tudo o que eu decidi ignorar nas últimas semanas.

— Alô? – eu disse dando autorização para a enxurrada que veio logo depois.

— Ainda está na cama, Any Gabrielly? - o julgamento em sua voz era notório até através do telefone. Revirei os olhos e levantei da cama enrolada no meu edredom branco, dando voltas no quarto. — Já decidiu quem você vai trazer para a ceia?

— Não, mãe. Nour está indo via-

— Convidei Patrick, o meu vizinho médico, seria legal vocês juntos. Não sei porque você não dá uma chance a ele. – ela soltou na maior cara de pau.

— Mãe! – exclamei.

— Any, meu amor, com 25 anos e ranzinza desse jeito...

— Tchau! Eu tenho mais o que fazer – esbravejei encerrando a ligação. Por uma fração de segundos pensei ter visto alguém no apartamento da frente, onde dona Mary faleceu há uns anos. Ninguém nunca morou lá depois disso, essa era a razão de eu dormir nua todas as noites e nunca ter colocado uma cortina na minha janela.

Olhando bem, além da poeira que grudava no vidro, sim, havia alguém naquela casa. Um homem loiro fazia movimentos bruscos, ele estava sem camisa e eu conseguia perceber ele suar, mesmo no frio. Parecia montar algum móvel, pela lógica de que seria meu vizinho novo, mas ele parecia se divertir e, droga, ele mordia os lábios. A mão dele espalmou algo, ele estava...?

Deus, ele com certeza estava transando com alguém. E ele parecia muito bom nisso, diga-se de passagem. Não conseguia desgrudar meus olhos daquela cena, incrédula. Como se nada pudesse piorar, ele me olhou de volta. Um sorriso sacana surgiu nos seus lábios, me deixando completamente envergonhada. E contra toda a minha vontade, ele acenou para que eu me certificasse de que não era uma miragem. Fechei meus olhos com força querendo me livrar daquela situação, então dei meia volta e fui até o banheiro para acordar de vez.

HOLIDATEWhere stories live. Discover now