Alone on Valentine's Day

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14 de fevereiro. Às 9 da manhã.

— Hoje é dia 14! – Nour berrou em desespero ao olhar o calendário, acenei a cabeça enquanto fingia estar prestando atenção na reunião de balanço financeiro da revista. Por que eu era obrigada a participar daquilo se meu trabalho era escrever? Pouco me importava se no último mês a editora movimentou somente 12 milhões de dólares.

— Sim, senhora – respondi.

— Você sabe o que isso significa, não sabe? – ela questionou invadindo meu quarto, com uma caixa retangular.

— Que hoje é quinta-feira? – sugeri, sabendo onde essa conversa iria parar.

— Não seja tonta, Feliz Dia de São Valentim! – Nour apertou minhas bochechas, sibilando e me entregou a caixa. — Esse é seu presente.

— Poxa! Pensei que estivéssemos nos divorciando, então não comprei nada para você – disse numa falsa encenação. De fato, o presente dela ainda não estava em casa, eu tinha que buscá-lo no shopping.

— Ei, jamais iremos nos divorciar. Esqueceu disso? – a risada dela ruiu no ambiente e eu dei um beijo em sua mão. O diretor financeiro da editora berrava números e números, fazendo previsões para daqui a 15 anos, mas isso pouco me importava.

— Preciso ir ao shopping resolver coisas do seu presente, devo sair da reunião? – disse num tom sério, Nour amava dar e receber presentes, então balançou a cabeça em afirmação, com um sorriso enorme. Na mesma hora desliguei o computador e tirei a bateria do meu celular, onde quer que a minha supervisora me procurasse, não me acharia. Depois eu resolveria isso.

— Quais seus planos para essa noite? – minha melhor amiga perguntou.

— Vou testar um vibrador novo – disse tomando um gole do meu chá, Nour quase engasgou com a própria risada.

— Não! Any Gabrielly, eu te proíbo! – ela berrou entre risos. — Você não pode fazer isso hoje.

— Por quê? É principalmente hoje que eu devo fazer isso – argumentei.

— Não! Você precisa sair com alguém. Cadê o Josh? Você disse que tinha sido legal o ano novo – ela sugeriu e agora quem engasgou fui eu.

— Está louca? Você acha que eu vou tomar o lugar da Kimberly? Usando homens por aí para passar o feriado? Jamais!

— Para Kimberly funcionou – Nour sussurrou, sabendo que se falasse uma oitava acima, estaria encrencada comigo.

— Eu não preciso disso! – bati o pé. — Você só pode estar louca! Eu tenho a plena capacidade de passar o dia dos namorados sozinha. Onde já se viu?

Caminhei bufando para o meu closet pegando um moletom preto e o vestindo, minha calça preta de ficar em casa estava boa e confortável o suficiente, então não troquei. Espirrei um perfume doce e peguei minha bolsa, deixando o apartamento. Saí batendo a porta e senti a estrutura do andar tremer. Ótimo, agora só me falta esse prédio cair na minha cabeça. Para aliviar minha raiva e ser uma motorista sóbria hoje, decidi que usar as escadas era a melhor opção.

Quando estacionei no shopping, peguei a longa lista de presentes que eu daria para mim mesma hoje, a loja do presente de Nour estava vazia e podia ouvir anjos cantando no meu subconsciente. A magia do amor operando milagres. Ressoava pelo shopping o top 50 de músicas mais românticas da década e eu batia meus pés no ritmo das músicas, enquanto esperava o vendedor super gato pegar minha encomenda no estoque. Gostaria de perguntar se ele precisava de ajuda, por demorar tanto e por ser tão gato que queria ser o motivo da demora, mas decidi me contentar em cantarolar as músicas e arrumar meu cabelo de uma forma mais apresentável.

HOLIDATEWhere stories live. Discover now