HOLIDATE

[Ato II] Cap. 1

Nota da autora: essa segunda temporada é narrada exclusivamente pelo Josh. Prometi a vocês que entenderiam mais do mundo dele e veio aí! Serão 5 capítulos e alguns bônus para vocês. Não esqueçam de votar e deixar um comentário no final do capítulo, ok?

10 de agosto – 06:30 AM

Minha respiração estava descompassada, eu podia sentir as cobertas ensopadas embaixo de mim. Antes mesmo de abrir os olhos, eu já praguejava meu subconsciente por me trazer aquele momento à tona. Meu corpo se repeliu com a imagem que brilhava na minha mente.

— Vai se foder! – murmurei, me sentando na cama. Ao meu lado, a ausência do corpo de Any somado ao cheiro de panquecas, indicava que a garota já havia acordado.

Levantei-me e andei até o banheiro. Precisava me livrar daquela sensação. Todo o meu corpo ainda parecia no mundo abstrato dos meus pesadelos, enquanto eu caminhava para o chuveiro. A ducha gelada me mostrava que eu ainda estava vivo, o que me deixava aliviado. 

Há 3 anos, logo depois de Any vir morar comigo, minha mãe faleceu. E, sinceramente, eu não sei até que ponto isso me afetou. Falar que Úrsula não tinha um impacto na minha vida era uma mentira descarada. Eu só não tinha noção disso até ela partir. Desde então, pesadelos com a minha mãe me atormentam na maioria das noites. 

O terror de Úrsula no meu subconsciente, pedindo por ajuda, ronda a minha mente muito mais do que eu gostaria. E para ser sincero, isso está se tornando impossível de ignorar. 

Eu já sentia espasmos por todo o meu corpo devido ao longo tempo sob as gotas de água gelada. Fechei o registro e enrolei meu corpo com o roupão. Gemi quando olhei a situação do meu rosto no espelho, uma espécie de semblante depressivo tomava conta de mim, com barba grande e cachos desordenados, eu estava um caco. 

Peguei uma porção de creme de barbear e cobri a barba loira que sombreava minha mandíbula. O aparelho de aparar se encarregou de deixar meu rosto liso, do jeito que Gabrielly gostava. E assim, eu adotei uma aparência mais apresentável. Estávamos no meio da semana, ainda havia muitas coisas para eu me preocupar. Enquanto caminhava pelo closet, ouvi o barulho de vidro se quebrando, seguido de um palavrão de Any. 

Gabrielly tinha muitos talentos, mas cozinhar não era um deles. E o fato dela ter acordado tão cedo para cozinhar, indicava alguma coisa errada. E eu precisava descobrir o que era. Caminhei até o andar de baixo e encontrei a cacheada cantarolando, enquanto preparava o café. Apoiei-me na bancada da ilha, a observando.

— Bom dia, minha gata – disse e vi Any se assustar. 

— Desgraçado! – ela praguejou quando eu ri. — Bom dia, amor.

— O que a senhorita está fazendo acordada? – questionei, assistindo à menina encher uma colher de mel e derramar sobre duas panquecas que estavam num prato disposto na minha frente.

— Quis acordar cedo e fazer um bom café da manhã para você!

— Nunca vou me cansar de dizer que você é uma péssima mentirosa – Gabrielly mordeu o lábio inferior e se virou de costas para mim, enchendo uma xícara de café.

— Hoje sai a lista dos jornalistas que vão cobrir a semana da moda na Europa – ela confessou, se sentando ao meu lado. O nervosismo estava claro em seu rosto. 

— A vaga é sua!

— Não tem como você saber disso – Any rebateu rapidamente. 

— Claro que tem, você é foda e competente, não há ninguém como você na redação.