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Tentando evitar possíveis constrangimentos, Alice Vieira fugiu do capitão da seleção pelas próximas semanas. Viveu na sombra do técnico Renan, pois sabia que o levantador não iria tentar conversar com ela quando junta ao homem que deu esporro nos dois. Após o beijo inocente que aconteceu, a morena se sentiu mais perdida do que antes, mesmo aquilo não significando nada (foi o que a mesma tentou impor ao seu subconsciente). Não fazia a mínima ideia de como conversar normalmente com Bruno depois do ocorrido, queria se esconder e nunca mais vê-lo, simplesmente fingindo que não o conhecia. E também queria evitar que aquilo tomasse outro rumo, inesperado, não poderia se desviar do caminho à liberdade. Um "rolo" agora só atrasaria seus planos.

Já Bruno Mossa de Rezende, se sentia levemente irritado e com seu ego afetado ao extremo. Pensava "Como ela pôde simplesmente me ignorar depois disso? Depois que eu contei meu maior drama?!" e "Como assim ela quem deu o fora, e não eu?". Homens... Como entender? Mesmo estando interessado na jovem, ele estava acostumado com aquele clichê antiquado onde a mulher correria atrás e pediria outro beijo, por ele ser famoso, e ele talvez ignoraria dizendo que só queria ficar. Mas Alice não é assim. Ela preza sua liberdade mais que tudo quando pode, não cederia à um "casinho" de Olimpíadas.

— O que foi, cara? Você não conseguiu ficar quieto desde que acordou, já tô começando a me estressar. — Lucas bufou e encarou Bruno, com a sobrancelha esquerda arqueada. Lucarelli, Douglas e Thales apenas acompanhavam o rumo da conversa, com olhares curiosos que iam de um lado para o outro, como pingue-pongue — E eu tenho certeza que não é porque nosso primeiro jogo é hoje.

Estavam tomando o café da manhã no refeitório, era o primeiro jogo da seleção masculina de vôlei e Bruno, na noite passada, estava na abertura do evento, onde participou como porta-bandeira ao lado da judoca Ketleyn Quadros. Havia sim certa ansiedade pelo jogo de hoje, mas estava explícito que esse não era o principal motivo de sua agitação.

— É lógico que tô ansioso por causa do jogo hoje, para de imaginar coisa. — o levantador respondeu revirando os olhos castanhos e batendo o pé direito no chão, extremamente inquieto. Pobre Bruno... Não sabia ao menos disfarçar.

— Estou achando que esse jogo tem nome e sobrenome, na verdade. — Lucarelli comentou enquanto levava sua última garfada de comida até a boca. Arrancou risos baixos do restante da mesa e algumas trocas de olhares.

— Ele tá meio assim da cabeça desde que a nossa fotógrafa deu chá de sumiço nele, perceberam? Aí tem babado. — Douglas ousou em falar a verdade, sem que ele ao menos soubesse que era isso mesmo, de fato.

— Perdi alguma coisa? — Thales tentou se inteirar do assunto, o qual estava por fora.

— Primeiro você faz um Instagram, depois eu te conto. — Doug finalizou, se levantando da mesa junto à Lucarelli para devolver os pratos. Logo, Thales se juntou à eles.

— Bruno... — Lucas começou, em tom de voz baixo e sereno, mas o levantador o interrompeu, alterando o tom da conversa.

— Não começa, cara. Eu só tô assim por causa do jogo contra a Tunísia hoje, certo? É nossa estreia. — pegou seu prato e se retirou, deixando o melhor amigo ali, sozinho, e repleto de pensamentos sobre o que realmente estava acontecendo com o capitão.


Relaxando em seu lugar favorito, Alice editava algumas fotos no computador enquanto aproveitava a paz e silêncio que morava naquela sala de estar no andar do vôlei, onde havia pego no sono há algumas semanas atrás. Vez ou outra, olhava ao redor, só para garantir que mais ninguém estava se aproximando dali. Tentava ao máximo focar em seu trabalho, pois precisava garantir que tudo estava, no mínimo, perfeito. Mas sua mente amava pregar peças nela e a fazer pensar no que não devia. Vulgo, Bruno.

Cruel Summer » {Bruno Rezende}Where stories live. Discover now