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Além da ressaca espancando a cabeça de Bruno e de Alice, flashes e fragmentos de memória da noite passada piscavam sem parar. Depois do sexo, cada um vazou para o próprio quarto. Cada um em sua cama, pensando e relembrando cada toque, cada gemido e cada arfada de ar. Por Deus, Alice nunca tinha gemido tanto na vida como com Bruno. E Bruno, ele nunca havia tido uma transa tão boa como a da noite passada, apesar de rápida. Além de tudo, era sobre a conexão que aconteceu. Ambos se sentiram bem com aquilo, não havia como negar.

O sol acabara de dar as caras e o capitão já estava de pé há tempos, tomando banho e cantarolando todas as músicas que passaram por sua cabeça enquanto seus companheiros de quarto ainda dormiam. Ele estava elétrico, feliz e eufórico mentalmente. Em completo estado de epifania, apesar da ressaca explodindo sua cabeça e cansado fisicamente. Lavando seu corpo, reparou nas marcas de arranhões deixadas do seu peito até o abdômen, passou a língua nos lábios e reviveu cada momento da noite anterior em sua mente. Com a mão apoiada na parede e a água do chuveiro caindo em seu corpo, sorriu lembrando de parte por parte do corpo daquela fotógrafa. Conseguia sentir o gosto daqueles lábios impregnado, preso e marcado na sua língua e alma.

Ele sabia que se ficasse pensando muito nisso, o rumo de seu banho seria outro. Desligou o chuveiro e enrolou a toalha na cintura, agarrou delicadamente seu pingente da Cruz de São Francisco de Assis de ouro e o beijou, fazendo uma breve oração e agradecimentos.

Enquanto isso, Alice tomava uma xícara enorme de café pra ajudar à aliviar a tensão enquanto estudava em seu notebook. Não havia conseguido dormir direito, teve apenas breves cochilos picotados ao longo de toda a noite, então pulou cedo da cama assim como Bruno. Estava explodindo por dentro, em um bom sentido, ainda revivendo cada sensação do orgasmo da noite passada.

Ela ainda conseguia sentir a barba loira dele roçando na parte interna de suas coxas, ficando totalmente arrepiada. Mordiscou o lábio inferior e fechou os olhos, se permitindo dar uma breve viajada em seus pensamentos mais perversos. Ela sabia que dessa vez não poderia fugir do capitão, mas tentaria não se envolver mais que isso. Por mais que os lábios de Bruno Rezende tivessem o gosto da liberdade, ela mal o conhecia e não queria se aprofundar, até então. Sem envolvimentos, sem problemas futuros, pensou. Se esforçou para colocar em sua cabeça que "Foi apenas uma transa casual, coisa que não acontecia há algum tempo na vida da moça. Só. Somos apenas amigos". E foi só isso mesmo, para ela. Já Bruno... Tinha percepções diferentes. Não visava se envolver logo de cara, apesar de ter seu interesse pela moça aflorado como nunca. Gostava de Alice de um jeito diferente. Ele se encantou não só pela beleza arrebatadora da morena de olhos castanhos, mas também pelo jeito de ser e por aquilo que ela tanto exalava para ele. Ela passava a sensação de segurança e liberdade ao mesmo tempo, Bruno sempre procurou isso em alguém, ainda mais agora aos 35 anos de idade. Sempre se sentiu pressionado para formar uma família e finalmente realizar o sonho de ter filhos. Sentia que já havia passado da hora disso acontecer, ele estava nessa fase da vida, cansado de tentar coisas profundas com pessoas rasas.

Não queria parecer emocionado ou desesperado, mas em Alice ele conseguiu ver a liberdade para se envolver, sem pressão. Mal sabia ele a triste realidade a qual Alice estava, literalmente, presa no Brasil, com os pais.

Nos últimos anos, todas as várias mulher com quem Bruno ficava ele se perguntava se renderia em algo. Por sede de ter amor, bebia de qualquer fonte, e no fim, criou um deserto dentro de si.

Mas, a conclusão é de que, mesmo jeito que Alice via a liberdade em Bruno, ele via isso nela. Independente de tudo.

O resto da manhã foi agitada e produtiva para todos. Alice e Bruno não tiveram a oportunidade de conversarem ou de estarem próximos um do outro, mas a troca de olhares foi intensa e deixou rastros da noite passada. Lucas e Douglas captavam cada momento minuciosamente, investigando as migalhas de informações deixadas nos rastros. Eles não queriam se intrometer, só estavam curiosos para verem se suas teorias paranoicas estavam mesmo acontecendo. Lucas, o mais preocupado, tinha medo de que seu melhor amigo Bruno acabasse se dando mal caso o envolvimento estivesse mesmo acontecendo, mas também tinha medo de que sua nova colega Alice se ferrasse no emprego por se envolver com o capitão.

Cruel Summer » {Bruno Rezende}Where stories live. Discover now