Capíulo 9

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— Você tá chorando? — ele pergunta provavelmente após sentir meus soluços. — Mas o que aconteceu? Quer um pouco de água?

Ele pergunta mas não consigo responder. Estou tremendo, com medo de vomitar aqui mesmo, só me separo dele quando o ar começa a faltar em meus pulmões.

— A-an-ansie-d-dade.— digo soluçando e tremendo. Eu provavelmente pareço horrível assim mas não é como se isso fosse minha prioridade agora. Eu só quero que isso passe.

Ele me guia até o sofá na sala de estar. Estamos sozinhos, não consigo nem pensar onde podem estar os outros.

— Vamos lá, eu quero pegar água para você, mas preciso que se acalme primeiro. — ele diz se sentando ao meu lado — foca só no som da minha voz, ok? — ele olha nos meus olhos enquanto eu apenas concordo com a cabeça, ainda soluçando.

— Quer falar sobre o que aconteceu ou sobre algo diferente para se distrair? — ele questiona ligando a TV para que eu tenha mais alguma coisa para olhar e ouvir e, assim, me distrair.

— O-outr-tra c-cois-sa. — digo ainda com um pouco de dificuldade enxugando as lágrimas que ainda escorriam. Ele concorda com a cabeça.

— Tudo bem, então, sobre o que é o trabalho de hoje? — ele pergunta para mim (como se eu soubesse) me fazendo pensar sobre o que é. Eu ainda não sabia. Ele ri. — Eu sei que você não sabe. Ó é sobre a literatura antiga, eu peguei pra gente o melhor assunto: Shakespeare.

Comecei a pensar tudo o que sabia sobre Shakespeare, Romeu e Julieta enquanto assistia a TV. Era um assunto muito bom. Respiro fundo tentando me acalmar porque eu precisava e queria muito falar.

Enquanto eu conseguia me acalmar sozinha, Paddy foi pegar a água que havia prometido. Não demoro muito para conseguir pronunciar as palavras sem soluçar, então começo a falar o que aconteceu.

— Vou te contar o que aconteceu — digo enxugando as lágrimas. Ele senta no sofá completamente concentrado, querendo realmente saber o que eu vou falar. — Na verdade foi um conjunto de coisas. — tomo um gole da água — Primeiro eu saí de casa e vi milhares de fotos nossas EM TODOS OS CANTOS, aliás, tu já sabe disso? Enfim, isso iniciou a crise e eu comecei a ficar ansiosa e envergonhada com toda essa situação, mas eu consegui controlar e comecei a vir pra cá.

"No caminho eu lembrei que tinha que ligar pro meu pai porque ele ainda não sabia que eu tava aqui, aí ele tava no meio de uma coletiva e me colocou no microfone e perguntaram se a gente tava namorando, eu respondi curta e grossa que não mas a ansiedade só piorou e eu já quase não conseguia controlar."

"A gota d'água foi quando eu vi um homem do outro lado da rua batendo foto, filmando, sei lá o que ele tava fazendo e você demorou a abrir a porta. Eu comecei a tremer, meu estômago embrulhou e eu comecei a chorar e não sabia o que fazer. Então te abracei pra ficar melhor, embora eu ache que tenha piorado tudo porque aquele cara provavelmente registrou todo o momento." Então eu finalmente paro para respirar e tomo o resto da minha água com o coração acelerado só de lembrar.

Paddy parece confuso, assimilando a situação.

— Primeiro, não, eu não vi todas as fotos ainda, só algumas. — ele diz. Acho que a gente vai ter que dar um jeito nisso, não adianta de nada se esconder. Na verdade, só piora.

— Eu queria saber como aquele cara entrou aqui. — digo, o olhando confusa. 

— Então, esse era o segundo ponto. — ele fala. Parece também estar pensando em possibilidades.

— Eu posso falar com o papai depois sobre essa falha na segurança. Eu tava pensando...a gente tem que dar um jeito nisso, sabe. Acho que tá na hora da gente se pronunciar e falar publicamente sobre, não só ficar falando para nós mesmos sem que ninguém escute.

Ele parece pensar sobre a possibilidade. Também penso sobre algumas formas de fazermos isso e confesso que tenho algumas ideias.

— Sim, mas a gente pode fazer isso depois do trabalho ou vamos atrasar todo o dever. — ele sugere se levantando e levando meu copo de volta à cozinha.

Claro, sussurro para mim mesma pq sabia que ele n ia ouvir.

Subimos para o quarto dele e começamos a pesquisar o máximo de coisas que conseguíamos achar sobre Shakespeare. Estava deitada de bruços em sua cama enquanto o Holland ficava em sua escrivaninha, eu mandava algumas pesquisas para ele e ele escrevia o máximo que conseguia, me pedindo para ir ver de vez em quando. Após duas horas o trabalho estava pronto, ele iria imprimir, grampear e levar para nós no dia. Ótimo.

Minutos depois de acabarmos, alguém bate na porta.

— Entra! — Paddy diz.

Harry e Sam abrem a porta mas não adentram o quarto. Me pergunto o que os faz vir aqui.

— Ehm...eu acho...acho bom vocês olharem as redes sociais de vocês o quanto antes. — Harry diz. Suspiro. Meu deus, o que foi dessa vez?

— E a mamãe tá fazendo cookie pra gente, se se atrasarem não prometo que vai sobrar pra vocês. — Sam completa, me arrancando um quase sorriso.

— Tudo bem. —Paddy diz. Pego meu celular

— Obrigada, meninos. — digo sorrindo o melhor que posso agora. Eles apenas saem, fechando a porta novamente.

Abro meu celular e vou direto para o Twitter, se tem algo errado eu vou descobrir agora. Abro dando de cara com +99 notificações, sendo maioria marcações em fotos.

— Ah não. — digo vendo as fotos. Havia até um vídeo.

O vídeo de mais cedo.

— Por que todo mundo continua insistindo nisso? — pergunto.

— É, isso não é bom. — ele completa.

Tinha fotos de todos os nossos momentos, desde quando saímos da escola juntos pela primeira vez, até ele me buscando da entrevista pra gente tomar café ou  o abraço de hoje mais cedo. O vídeo parecia coisa de filme. Eu abraçando Paddy descontroladamente, até que ele olha pra câmera do outro lado da rua e fecha a porta. A internet inteira surtou.

As legendas nos posts e matérias em jornais duvidosos são piores ainda.

— Sabe, eu venho pensando...é assim tão ruim que pensem que estamos juntos? — ele pergunta dando uma pausa. — Por quê?

Paro para pensar, o silêncio pesa ao nosso redor.

— Porque eu nunca tive uma vida normal. Desde pequena eu ia em tapetes vermelhos e conhecia famosos e agora, depois que eu virei atriz profissional, tem toda essa pressão para que eu seja "boa o suficiente" para "honrar o legado do meu pai".  — digo fazendo as aspas com as mãos. 

— As vezes parece que o problema todo é culpa de um de nós. — ele desabafa. Ah não, essa era a última coisa que eu queria.

— Não, não é culpa sua de forma alguma, as pessoas que são emocionadas demais, só que eu queria muito resolver isso e, eu penso que se o problema não estiver na gente, a solução também não. — digo brincando com meus dedos nervosamente.

— Quem disse que não? Não importa aonde, sempre tem uma solução. — ele conta. — e eu acho que eu tenho uma.

Descemos as escadas em direção à cozinha e sentamos no balcão enquanto vemos tia Nikki cozinhar. Acho que ela sequer sabia que eu estava aqui. Sentamos lado a lado, apoiamos meu celular em um pote qualquer em cima do balcão na nossa frente e abrimos uma live no Instagram.

Rapidamente pessoas entraram e começaram a mandar carinhas e perguntas até que a pergunta principal veio: "Estão mesmo namorando?"

Destiny - Paddy HollandWhere stories live. Discover now