he's gone.

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Versão Hope _

18 de julho de 2016

"Querido diário;

Hoje faz 1 ano que ele se foi. "

- argg... isso é burrice - pensa Hope.

respiro fundo.
tomo um copo de whisky.
olho o relógio - 3 da manhã.

volto a escrever.

" O colar, e uma carta, foi tudo o que ele deixou.

"Preciso fazer isso por você, e por mim. Sei como achar seu pai, mas é muito perigoso.
Por favor, não venha atrás de mim."

O que ele estava tentando provar?"

Escrevo com tanta força que rasgo o papel.

Começo outra vez.

" Quando voltamos da Romênia, em maio do ano passado, Buc... (risco o nome dele) ele me prometeu que deixaria pra lá. Procurar pelo meu pai, pelas migalhas de uma vida há muito anos roubada de mim, era só um buraco que voltava a crescer em meu peito.
Eu pedi pra ele esquecer. Disse que estava tudo bem. Mas aquele filho da mãe era teimoso demais pra acreditar... não... ele apenas me conhecia o suficiente pra saber que era mentira.

Então, em julho do ano passado, eu acordei sozinha.
Não só pela falta do corpo quente ao meu lado na cama, não só pelo sol que não apareceu naquela manhã, não só pelo silêncio ensurdecedor no apartamento.
Eu sabia que ele tinha ido embora.
Eu nunca me senti tão vazia.

Não, ele não avisou Claire, nem Stan. Obviamente, porque eles não deixariam, eu espero.

Stan ficou uma fera.
Claire chorou, mais por mim que por ela.

Nos primeiros três meses, todos ficamos vazios.
Ou talvez eu imaginei isso pra não me sentir pior.

Larguei de vez a faculdade.
Larguei o trabalho na biblioteca também.

Estudar e ler passaram a ser atos muito silenciosos pro meu gosto.

Comecei a trabalhar em uma lanchonete no shopping. O salário é horrível, mas me mantém ocupada quase o dia todo, e isso vale mais que o dinheiro.

Às vezes eu vou ao Claire's. Ela me ofereceu um trabalho lá, mas sei que se arrependeu segundos depois, quando comecei a chorar.
Eu não suportava ficar muito tempo lá, mas suportava ainda menos ficar em casa.

No 4° mês, eu perdi os músculos que tinha ganhado nos treinos. Comecei a emagrecer demais.
Em uma das piores noites, Stan me achou bêbada na escada do meu prédio, sem forças pra entrar e deitar na cama fria e vazia.

Claro que ele me dedurou para a Claire. Os dois se tornaram confidentes agora.
Ela me forçou a procurar ajuda.

Mas como se diz pra uma psicóloga que eu me apaixonei pelo Soldado Invernal, e que ele me abandonou pra ir atrás do meu pai - o qual eu nunca conheci - em uma missão perigosa que, possivelmente, envolve a Hydra e assassinos comunistas?

Era mais fácil dizer que fui abandonada pouco antes de me casar, e tudo o que ele me deixou foi uma carta e a aliança.

Mas eu fui.
Não porque tinha esperanças de melhorar, mas porque não queria decepcionar Claire. Ou Stan.

A única coisa útil que a terapeuta me disse foi: "sua dor é muito grande pra focar em uma coisa só, precisa se abrir e distribuir esse peso com as pessoas que querem te ajudar"

Pois é... Eu fiz exatamente o contrário.

Voltei a lutar, todos as noites eu treino, vários tipos de lutas diferentes. Também comecei a atirar. A força dos socos e do gatilho são quase fortes o suficiente pra equilibrar minha dor.

Não somos vilõesWhere stories live. Discover now