Josh narrando:
Os trovões estremecem o quarto. Noah ainda não veio pra cá. Eu estou começando a me preocupar. Mais um relâmpago ilumina o quarto. Coloco meus tênis. Abro a porta. O corpo trêmulo já se encontra em minha porta. Seu travesseiro o acompanha, junto de seus fones de ouvido, carregador e celular. Outro trovão. Seu corpo se choca com o meu em uma fração de segundo. Noah treme dos pés a cabeça. Não tem mais forças para ficar em pé direito. Fecho a porta com ele ainda grudado em mim e abraço ele.
-calma, calma Nô. Já passou, calma!
Ele me abraça mais forte. Tinha medo que eu fosse embora. Tinha medo que eu também me fosse.
-ta tudo bem…-ele me olha. Seus olhos já cheios de lágrimas- vem, vamos pra cama!
Ele concorda com a cabeça e vamos até a cama ainda abraçados. Tiro os tênis, assim como ele, deixa seus pertences nós pés da cama. Se deita em meu peito me agarrando mais. Consigo sentir seu coração contra o meu, mas muito mais acelerado que o normal. Faço carinho em seu cabelo, ele se acalma. Fecha os olhos. O vento bate contra a janela o fazendo voltar a tremer e me olhar assustado.
-é só o vento. Eu tô aqui tá bom? Não vou sair daqui ok?
-p-promete?
-sim, eu prometo.
Continuo com o carinho em seu cabelo e pego sua mão em meu peito. Ele para de tremer aos poucos. Me olha. Ainda com seus braços por cima de mim. Olha meu rosto. Analisa meus olhos. Para em minha boca. Eu suspiro. Seus olhos ainda com água.
-que foi, Nô?
-Por que você parece estar se afastando?- ele questiona
-Desculpa, nao quero agir por impulso. Se nós fizermos isso, podemos acabar encrencados.
-mas estamos a sós, você não precisa se afastar de mim.
-voce sabe que não é tão fácil assim...
Ele concorda com a cabeça. Um silêncio desconfortável paira pelo ar. Ele é quebrado por mais um trovão, junto de um raio que ilumina todo o quarto de novo. Noah solta um grito. Fecha os olhos com força. Tento sair da cama para fechar as cortinas da sacada. Mas ele me abraça mais. Eu me abraço mais a ele. Sinto as lágrimas.
-por favor,fica aqui- ele me olha com seus olhos verdes cheios de lágrimas.
-eu vou fechar a janela, pra você não ver os raios…
Ele nega com a cabeça. Outro trovão. As lágrimas saem mais grossas.
-me diz que vai ficar tudo bem!
Agarro a cabeça dele para mais perto de mim. Seu corpo treme mais a cada segundo.
-vai ficar tudo bem, amor...- digo sem pensar. suspiro fundo. Assim que percebo o que falei fecho os olhos com força, esperando a reação dele. Seu corpo se desconcentra da chuva, Noah passa a prestar atençao em minha última palavra. Não sinto mais a tremura. Ele precisava ouvir isso para se acalmar, tanto quanto eu precisava falar. Para meu coração se acalmar. Abro os olhos.
Ele concorda com a cabeça. Devagar. Seus olhos se levantam. Olha em meus olhos. Sério. Ele olha novamente para minha boca. Chega mais perto. Eu estou sem saída. Meu cérebro me manda sair dali correndo, não quero acabar com a vida dele. Prendo a respiração. Meu coração me manda continuar ali, pois sente que assim ele ficará bem de novo. Ele continua a se aproximar de meus lábios.
-bae nós não…
Não termino a frase. Seus lábios tocam os meus. Meus olhos se fecham involuntáriamente, assim como minha mão passa para sua nuca. Ele não pede passagem com a língua e nem eu. Meu coração acelera. Meu cérebro entra em alerta, fazendo com que eu use todos os meus sentidos para não correr o risco de ser pego. Ficamos somente em um selinho. Lento. Demorado. Tão intenso que ao final não percebemos que nenhum dos dois respirava mais. Recuperamos o fôlego perdido nos últimos 15 segundos.
