Te apoiarei quando as coisas derem errado

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Narrador:

Haviam chegado durante a madrugada e por isso optaram esperar amanhecer e por fim aparecer na casa da família Expósito. Stéfani desceu do carro e reservou dois quartos, um para Márcia e Tábata, outro para ela e Mirella. Depois de pagos, as mulheres entraram e de forma fácil e desvista,
Mirella fez o mesmo.

A viagem havia sido longa e cansativa. E talvez o mal humor de Mirella tivesse sido incentivado devido a isso e ao leve resfriado que agora tinha.

(...)

Madrid - Espanha 7:35 da manhã.

A mafiosa entrou no carro acompanhada da morena, ainda em silêncio, como vinha desde a noite passada. A menor apoiou o rosto no ombro de Mirella, que deixou um beijo rápido em sua cabeça. Estava paciente e cuidadosa até demais, o que até mesmo surpreendia Márcia.

Suas mãos livres, lado a lado se entrelaçaram.

(...)

Ambas caminharam em direção a enorme casa contemporânea. Bem detalhada e discreta, mesmo que luxuosa.

Mirella tocou a campainha e esperou em silêncio, conversavam em tremenda harmonia. Mirella sentada ao meu lado, me puxou para ela, abraçando-me de lado.

- Mirella: Ainda está com dor de cabeça? - ela questionou baixo e eu neguei.

A morena respirou fundo e chamou Lucia, avisando que iria até o escritório onde como dito pela senhora, Onde Lipe estava.

Mirella:

Caminhei em passos lentos e quando abri a porta vagarosamente, sem fazer barulho, avistei Lipe.

Ele estava pensativo, debruçado sobre a mesa apoiando-se pelas mãos estendidas a ela. Eu não podia ver seu rosto, mas podia imaginar o quanto mal ele podia estar.

Me aproximei aos poucos e notei que ele estava parcialmente molhado, ouvi sua respiração descompassada e aquilo doeu.

- Mirella: Lipe... - o chamei falho e ele rapidamente olhou.

Seus maxilar travou e os castanhos dos seus olhos se tornaram um pouco mais escuros, intensos. Um sorriso sofrido surgiu em seus lábios e ele foi reprimido por opção própria. Lipe moveu-se apenas para sentar-se, e nada mais.

Ele desviou o olhar e eu pude perceber que o havia quebrado. E provavelmente não houvesse conserto.

- Lipe: Como foi capaz? - ele questionou rouco, falho.

- Mirella: Precisei.

- Lipe: Precisou... - ele sorriu de canto, forçado. - Não pensou em como me deixaria, em como suas filhas ficariam e em como atrapalharia a gravidez da Rafa. - ele gritou, levantando-se e batendo as mãos na mesa.

- Mirella: Eu não podia dizer, Lipe. -tentei explicar.

Eu devia respeito ao Lipe, já que foi ele quem me "criou". Desde minha adolescência até minha vida adulta, Lipe cuidou de mim e me ensinou tudo que agora sabia. Eu não o desrespeitaria ou ergueria a voz a ele.

- Lipe: Isabella não dorme a dias, Beatriz não come direito. Elas são só crianças! - ele disse sério. - Depois de semanas, somente hoje, Gabriela conseguiu incentiva-las a passear. Eu não precisei contar, elas descobriram quando tentaram ligar pra você e número não existia, quando pensaram por dias que voltaria e nada se quer apareceu.

- Mirella: Lipe...

- Lipe: Cala a boca, Mirella! - ele gritou.

O moreno de olhos castanhos respirou fundo e desviou o olhar de mim.

- Mirella: Podemos conversar outra hora? - questionei baixo e ele assentiu.

- Lipe: Estou feliz que tenha voltado, mas preciso ficar sozinho agora. - ele olhou pra mim outra vez. - Espero que entenda.

Eu sai daquele cômodo o deixando sozinho. Eu entendia sua revolta assim como entendia a revolta de Stéfani quando me viu, entenderia também a raiva de Bianca, o aborrecimento de Rafa e a indiferença que Muryllo demonstraria nos próximos meses. Eu sabia como todos eles agiriam, e eles tinham motivos para isso.

Sentei na poltrona da 2° sala, e levei as mãos ao rosto, ao mesmo tempo em que fechava os olhos e respirava fundo.

Talvez eu houvesse destruído o psicológico das minhas filhas e arruinado a vida dos meus irmãos. Talvez eu tivesse perdido Lipe ou o feito me odiar.

Stéfani:

Depois de procurá-la, a avistei em um cômodo do segundo andar. Ela tinha o olhar gélido, e uma expressão frustrada.

A morena me olhou de relance e pude perceber que ela continuaria em silêncio. Engoliu em seco e seu maxilar se tornou mais aparente, ela tinha as próprias mãos entrelaçadas enquanto brincava com as joias em seus dedos. Mirella era fria ao ponto de não me deixar saber se estava feliz, triste, ou retendo qualquer outro tipo de sentimento.

- Stéfani: Amor. - a chamei em um sussurro após me aproximar e segurar em suas mãos, abaixando-me. - Está tudo bem? - toquei seu rosto ao ver seus olhos castanhos escurecerem.

Ela negou em um movimento milimétrico.

- Mirella: Promete que não vai embora? - ela questionou baixo e embargado. E foi ali que entendi, ela não estava bem.

- Stéfani: Você nunca ficará sozinha, ficarei com você. - acariciei seu rosto. - Te apoiarei quando as coisas derem errado. Amor, eu continuarei aqui.

 Amor, eu continuarei aqui

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