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Viviane:

8:23 da manhã - Rio de Janeiro.

Eu lia um livro quando escutei a porta abrir, passos lentos quase inaudíveis foram se aproximando e logo pude ver a figura alto confiante a minha frente. Vestida de forma formal, e um olhar intrigante a me encarar...

- Viviane: Bom dia. - soei gentil e a bela mulher sorriu de canto respondendo em reciprocidade.

- Mirella: Convenhamos que ambas gostamos da verdade. - ela sentou-se à minha frente e com aquela expressão paciente me observou outra vez. - E como a mulher que amamos não está entre nós, acho que podemos falar sobre.

- Viviane: A ama?

Ela respirou fundo sentando de maneira mais confortável a mesa, seu sorriso "inconfiável" me mostrava que eu estava extremamente errada. Seu olhar sincero me dizia bem mais que as palavras trêmulas de Ohana temendo a não aceitação e o meu achismo conturbado.

- Mirella: Sim eu a amo. Eu também sou a mulher quem acariciou Jessie na praia e nos últimos 8 meses estive mais presente na sua vida do que possa imaginar. Sabe a vizinha do lado esquerdo, a que chega tarde e as vezes incomoda vocês com o barulho? É uma das minhas mercenárias. Como sei sobre ela chegar tarde? A, simples... o gerente de segurança do prédio é também um dos meus mercenários. Como eu empreguei todos eles em um curto período de tempo sem que você ou os outros moradores notassem? Comprando o edifício. - ela pareceu pensativa, buscando na mente. - E pra reforçar, o senhor da cafeteria na esquina onde Eduardo costuma visitar durante as manhãs, ele é um dos meus capangas mais antigos. Enfim... eu estive aqui todos os dias, você só não precisava me ver.

- Viviane: Você é maluca? - questionei chocada em meio a tantas informações inesperadas.

- Mirella: Sim. - ela disse paciente, tocando minha mão sobre a mesa de vidro que nos separava. - Sou uma mulher maluca pela sua filha, capaz de estar em todos os lugares se necessário para manter as pessoas que ela ama em segurança.

- Viviane: Não precisávamos disso. - Eu disse convicta... mas talvez não tão certa, já eram tantas coisas que eu não imaginava.

- Mirella: Precisavam, bem mais do que possam entender. - ela disse curta, convicta. - Não sou o monstro aqui. A partir daquela porta... - apontou. - Deixei de ser a grande magnata Mirella Fernandez, e a criminosa como me chama. Sou apenas uma mulher que quer ter sua confiança, amamos a mesma mulher... não precisamos de desavenças.

Eu respirei fundo acatando seus argumentos que me traziam sinceridade a cada toque, olhar carismático e timbre de voz doce.

- Mirella: É... e talvez eu seja um demônio que se apaixonou por um anjo. - ela disse sorrindo fraco, desviando o olhar.

- Viviane: E por que o demônio tem que se apaixonar por um anjo? Por que ele não pode simplesmente se apaixonar por outro demônio? - questionei seguindo a metáfora.

Ela pareceu pensativa, formando palavras para algo que já sabia.

- Mirella: Porque precisamos de alguém que nos complete, não de alguém semelhante.

A olhei compreensiva, e ela ainda calma, ergueu o olhar me observando outra vez.

- Mirella: Prometo que sou bem mais do que a mulher egocêntrica citada nas matérias. - seu olhar se tornou disperso outra vez, e o castanho ficou mais intenso demonstrando sua timidez enquanto assumia em sinceridade. - Costumo lembrar o quanto saia gritando por aí "Eu sou Mirella Fernandez, e eu não preciso de ninguém!", mas aí me pego no presente e noto o quanto preciso da sua filha. Do quanto preciso abraçá-la e sussurrar que está segura quando ela sente medo. Do quanto me vejo vulnerável quando ela sorrir de maneira doce... do quanto ela consegue ser genuína, mesmo com toda minha maldade.

A loira levantou-se enquanto ainda me olhava. Me deixando pensativa sobre sua confissão anterior.

- Mirella: Enfim.. preciso resolver algumas coisas, prometo que volto antes do almoço para que sigamos com o programado. Eu não quis acorda-la... espero que retome esse curto espaço pra apoiá-la. Ela precisa.

A empresária caminhou até a porta, saindo em seguida e me deixando estática ainda sentada à mesa.

(...)

Jason:

O barulho no 17° andar era ensurdecedor. Alguns stylists conversavam ao meu lado e ambos os três secretários auxiliares pareciam loucos tentando especular e por tudo em ordem enquanto os chefes decidiam sobre a nova coleção. O prédio central da Colcci estava uma bagunça, e precisava ser controlado.

-Chefe de segurança: Ela chegou. - o homem aproximou-se de mim, tocando meu ombro e sussurrando.

- Jason: Quem chegou?

-Chefe de segurança: A senhora Fernandez. - aquilo soou tão inesperado.

Foi como se tudo retornasse ao lugar quando o elevador abriu-se e a figura feminina e empoderada saiu de lá. Seus passos ritmados sobre o salto podiam ser ouvidos tamanho ao silêncio emanado no espaço situado. A loira parou em meio ao enorme hall de recepção do prédio, e em silêncio pude analisar seu olhar percorrer em todos os corpos ali.

- Mirella: Podem me dizer onde está Madelaine Petsch? - ela soou perspicaz.

- Jason: O que quer com ela? - rebati ao recordar-me da figura frágil e chorosa de Madelaine após Ricardo Souza sair de sua sala.

- Mirella: Acho melhor que diga onde está minha... - a loira foi interrompida pela figura masculina de olhos escuros e cabelos medianos ao canto esquerdo da enorme sala.

- Lucas: Será lhe passada todas as devidas informações, por favor me acompanhe. - o homem se aproximou rapidamente impedindo que ela completasse a frase, deixando a mulher ainda de lábios entre abertos e uma expressão vitoriosa. - A deixarei aguardando-a no escritório da mesma. Por favor, me acompanhe, sem mais nenhuma palavra. - ele parecia implorar que ela se mantivesse em silêncio e não completasse aquela específica frase.

- Mirella: Bom garoto. - ela sorriu de canto, demonstrando carisma.

Madelaine Petsch e Mirella Fernandez escondiam algo,sua inusitada presença e voz calada pela interrupção do segurança pessoal da empresária da Colcci era algo extremamente surpreendedor.

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