PRÓLOGO

662 29 2
                                    

RAFAEL

Dez anos antes...

Tenho 15 anos e foi nessa idade que me dei conta que quando nasci, minha mãe tinha exatamente 15 anos. Poxa que loucura, ela agora tem 30, com carinha de 25. Linda e extremamente bondoza, meu pai, ou seja meu padrasto também é boa pinta, não que eu repare nisso mas reconheço que o cara é bonitão, aos 44 é CEO de uma das maiores empresas de advocacia do país, construiu um império, para o orgulho da minha mãe que é a maior fã dele e vice versa, ela é advogada também mas prefere fazer trabalho voluntário com sua ONG.

Olho a minha volta e as vezes me sinto um peixe fora d'água. Poxa, meus irmãos gêmeos são loiros de olhos azuis, o homem que me chama de filho também, eu fisicamente pareço com minha mãe, mas quem é meu pai? Porque ninguém fala dele? O pior é que nem consigo jogar minhas frustações pra fora e descontar neles.

Aqui é tudo melação, tanto meus irmãos como minha mãe e meu pai me tratam muito bem, as vezes eu queria ser mal tratado pelo menos um pouquinho pra poder justificar minha ira e exigir que me digam onde está meu verdadeiro pai, mas meu padrasto é um paizão zero defeitos. Eu é quem sou um filho da puta.

Um dia mais uma vez arrumei briga na escola e ele foi me buscar, cansado das minhas bagunças veio o caminho todo me dando lição de moral, eu ja estava puto e quando chegamos em casa sem aguentar mais joguei mais uma vez  na cara dele que ele não é o meu pai e entrei no meu quarto, o cara entrou atrás de mim e eu mais uma vez o vi visivelmente magoado. Porque fazemos isso? Magoamos as pessoas que amamos só pra ve_las sofrer?

Ele colocou as mãos na cintura e suspirou me parecendo cansado, acho que só está aguentando minhas rebeldias pela minha mãe, o filho da puta é cadelinha dela, Deus me livre me apaixonar por alguém a esse ponto.

Ele me encara e fala cuspindo as palavras, com certeza se segurando pra não me esganar.

_ Posso não ser o seu pai biológico mas você tem o meu sobrenome e estou te criando junto com a sua mãe. E não estou aturando essa sua  rebeldia porque você é filho da mulher que eu amo, aturo porque te amo, você é sim meu filho mais velho foi você quem despertou meu amor de pai.. pode tentar me ferir o quanto quiser mas não faça isso com a sua mãe, porque ai sim conversaremos bem sério Rafael, espero que tenha sido claro desta vez.

Saiu do meu quarto com os olhos marejados batendo a porta. Foda se. Eu sou um desgraçado mesmo, apesar de amar meus irmãos sinto um ciúme incontrolável por saber que o sangue do pai que amo não corre em minhas veias. Eu queria ser filho dele, mas ja que não sou vou dar um jeito de conhecer e conviver com meu verdadeiro pai.

Resumindo minha fase de rebeldia, eu resolvi chutar o balde e fazer de um tudo pra chamar atenção, quem sabe assim não me mandavam para meu pai, nem eu sabia o que queria na verdade, o que eu sei é que queria chamar atenção deles.

Eu ia em festas e só chegava em casa de madrugada, sempre meu pai, minha mãe ou os dois estavam me esperando, que saco. Era uma ladainha sem fim, mas eu sempre conseguia me safar, tinha o melhor argumento, eu estava com o segurança, apesar do mesmo me deixar a vontade e se mandar, só retornava pra me buscar, esse era nosso acordo, ele levava uma boa grana com isso.

Mas um dia deu ruim, na festa onde estava acabei me desentendendo com um cara que mexeu com a garota que eu estava ficando, deu uma briga enorme mas consegui fugir com a garota e fomos pra casa dela, ela era mais velha que eu, tinha 17 anos.

Chegando la desliguei o celular e só fui embora no dia seguinte, sim transamos pois não sou mais virgem, tive minha primeira vez aos 14 anos ja na minha fase rebelde, mas quem liga? Minha mãe foi mãe aos 15 anos, porra não me conformo que minha mãe ja transava com essa idade, preciso espantar todo engraçadinho que ousar olhar pra minha irmã, eu que sou rebelde e taco o foda se pra tudo não como ninguém com menos de 17 anos, isso é nojento.

RAFAEL (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora