CAPÍTULO 35

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NICOLA

Depois de deixarmos Rafael e Bia juntos no quarto eu e Caique viemos pra cantina da clínica junto com meu tio Júlio e Renato.

JÚLIO_ Essa merda não está certo, se alguém ver os dois pombinhos juntos na mesma maca é capaz que se ache no direito de fazer igual, ai minja clínica vira bagunça, a única coisa que me conforma é que tenho certeza que não irão transar no estado que estão.

RENATO_ Hum, sei não... mas qual seria o problema? Não me diga que nunca transou aqui?

JÚLIO_ Não numa maca... espera, teve aquela vez que...

CAIQUE_ Ninguém quer saber das suas fodas cara, até porque levaríamos séculos só ouvindo essa merda.

NICOLA_ Quando irá tomar jeito e arrumar uma pessoa que te ame e cuide de você assim como fizeram seus dois amigos aqui tio? Não sei mais o que faço com você.

JÚLIO_ Não se preocupe comigo sobrinha, até porque sou muita coisa pra uma só mulher, tem que dividir.

CAIQUE_ Realmente tenho reparado que está fora de peso.

RENATO_ Não queria dizer nada mas ja que disse, você está mesmo gorducho Júlio.

JÚLIO_ Sai fora seus invejosos, não tenho culpa de vocês terem que comer a mesma comida todos os dias...

CAIQUE_ Eu não tenho do que reclamar, e cuidado com o que vai falar, posso te dar outra surra.

Renato cai na risada.

JÚLIO_ Só vem viado, agora estou preparado.

NICOLA_ Parem agora com isso, não tem graça.

JÚLIO_ Ta vendo aí? A patroa fala e ele fecha o bico.

CAIQUE_ Vou fechar a mão na sua cara.

Eles gargalham e eu balanço a cabeça séria mesmo achando graça, esses três quando se juntam parece a turma do fundão da quinta série.

NIVALDO_ Desculpa interrompe los, mas filha eu poderia falar com você um minuto?

Nem percebi meu pai chegar e me assusto quando ouço sua voz.

NICOLA_ Claro pai, sente se com a gente.

Meu pai fica sem jeito.

NIVALDO_ É um assunto delicado, então...

CAIQUE_ Nem fudendo você fala com ela sozinha.

NICOLA_ Caique para com isso...

NIVALDO_ Tudo bem filha, é até melhor que ele fique.

RENATO_ Vamos deixa los a vontade Júlio.

JÚLIO_ Claro. Eu tenho mesmo que ir ver uns pacientes.

Eles se levantam e saem, meu pai se senta onde Renato estava sentado.

NIVALDO_ Bom filha e genro, acho que nunca nos sentamos numa mesa juntos pra uma refeição ou sequer uma conversa né?

Ele fala emocionado mas reparo que Caique revira os olhos, com certeza está se segurando pra não expulsar meu pai daqui.

CAIQUE_ Pode dizer logo o que quer?

Eu seguro a mão de Caique e peço só com o olhar pra ele dar uma segurada na língua.

NIVALDO_ Você nunca irá me perdoar não rapaz?

CAIQUE_ A questão não é perdoar, você não precisa do meu perdão, a questão é que não confio em você. Sabe que é uma pessoa impulsiva e desequilibrada, nunca irei esquecer a imagem de você partindo pra cima da sua filha com uma faca.

NICOLA_ Meu Deus Caique não precisa trazer esse assunto agora, que desagradável.

CAIQUE_ Muito desagradável, não só o assunto como a presença do autor.

NICOLA_ Se você continuar com isso irei pedir que se retire daqui.

CAIQUE_ Nem pensar...

NIVALDO_ Por favor não briguem por minha causa. Deixa ele falar filha, eu não me importo e mereço ouvir. Está apenas defendendo a mulher que ama e eu o respeito por isso.

Meus olhos embaçam diante da entrega dele, ele é um homem tão bom, nem da pra acreditar que teve coragem de fazer a atrocidade que fez.

CAIQUE_ E então?

NIVALDO_ Eu quero pedir algo bem grande a vocês, entendo que é muito o vou pedir mas vocês são as melhores pessoas pra ficarem com ela.

NICOLA_ Ela? Está falando da bebê? Quer que eu te ajude a cuidar dela?

NIVALDO_ Eu quero que vocês fiquem com ela filha, quero que a ctiem como criaram os filhos de vocês.

CAIQUE_ Está falando sério? Vai abandonar sua filha que acabou de nascer? Porra ela ja perdeu a mãe.

NIVALDO_ Não precisa me lembrar disso. Você acha que eu tenho condições de criar um bebê sozinho? Até você concorda que ficar com vocês é o melhor pra ela, ficará muito bem sem mim.

CAIQUE_ Isso sem dúvidas, mas você..

Eu interrompo Caique de supetão ja concordando com meu pai.

NICOLA_ A gente fica. A gente cria ela como nossa filha pai, pode confiar que ela será muito amada assim como meus filhos.

Caique olha incrédulo pra mim.

NIVALDO_ Tenho certeza disso filha. Obrigado por entender que é o melhor pra ela.

CAIQUE_ Porra Nicola pensa direito. Realmente acha que é o melhor a se fazer?

NIVALDO_ O que acha que irei fazer? Querer alguma dinheiro em troca de minha filha?

CAIQUE_ Sinceramente? Eu não me admiraria se você pedisse. Mas não é isso, o meu medo é a gente se apegar a essa criança e depois você voltar como um cão arrependido pra infernizar nossas vidas querendo a criança de volta, não quero minha mulher sofrendo.

NIVALDO_ Entendo seu receio mas te garanto que isso não acontecerá, estou seguro do que estou fazendo.

Ouço as palavras de Caique e mesmo contrariada concordo com ele, meu pai pode estar me passando a bebê por impulso e depois voltar arrependido pegar ela de mkm e sumir no mundo, não posso deixar isso acontecer.

NICOLA_ Tem certeza pai?

NIVALDO_ Tenho toda certeza e eu assino o documento que quiserem, ficarei a disposição de vocês até que tudo esteja acertado.

NICOLA_ E depois vai pra onde?

NIVALDO_ Não sei filha. Irei sair por esse mundo sem rumo.

NICOLA_ Porque pai? Pode arrumar um emprego, uma casa num lugar diferente, talvez consiga começar denovo.

NIVALDO_ Eu tentei começar denovo filha, juro que tentei seguir em frente mas olha o que aconteceu. Agora vejo que depois do que fiz não mereço ser feliz. Eu tirei uma vida cheia de sonhos só porque eu não fazia mais parte deles e agora aconteceu essa tragédia, eu tenho que ficar sozinho, pelo menos por enquanto preciso disso.

CAIQUE_ A Nicola ja te perdoou e um dia você terá que se perdoar, eu não vou passar a mão na sua cabeça até porque você sabe o que penso, mas ja pagou pelo que fez, a morte de sua segunda esposa não foi culpa sua mas se acha que tem que ir va em paz. Só quero que fique bem claro que se um dia resolver voltar o único direito que terá sobre a menina é o de avô.

NICOLA_ Caique não precisa ser tão duro.

NIVALDO_ Ele está certo filha e eu prefiro assim.

Caique e eu explicamos a ele alguns termos e ele concordou com tudo sem reclamar. Depois fomos emocionados até o berçário ver nossa filha. Ganhei uma filha de supetão e estou muito feliz, depois do que passamos ela veio como um presente. Fico triste pelo que aconteceu com meu pai mas ele irá se recuperar e começar denovo mesmo dizendo que não, ele não consegue ficar muito tempo sozinho, ninguém consegue.

Amanhã bolto com o último capítulo e depois com o epílogo.
Obrigada leitores que estão acompanhando está história me diga se estão gostando e me sigam, em dezembro ja começo outra.
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RAFAEL (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora