Savannah Taylor

Vinte e quatro.

— Foi encontrado um brinco feminino na cena do crime, os oficiais procuram por algum tipo de DNA, ou pista que indique quem foi o criminoso impiedoso que assassinou 2 pessoas à sangue-frio no bosque na noite passada. — a repórter narra.

— Erro de principiante. — diz meu avô colocando um punhado de pipoca na boca enquanto assistimos ao jornal.

— Nem me diga. — zombamos o assassino impiedoso e burro.

— Sabe, se eu matasse alguém eu chamaria você pra me ajudar com o corpo. — o senhor diz.

— Owhhh. — coloco a mão no peito, lisonjeada — Acho que essa é a coisa mais legal que já disseram pra mim. — sorrio.

— Mas pra colocar um salzinho na pipoca, você não presta. — reclama.

— Nem adianta, senhor Thomas. Preciso lembrar da dor de ter um infarto? Você não pode ficar com a pressão alta.

O velho faz um barulho de desdém, resmungando algo baixinho. Provavelmente me xingando.

Uma notificação no meu celular tira minha atenção da televisão.

Logan: Tava pensando em ir no McDonald's.

Logan: Quer ir comigo?

Savannah: Burger King é bem melhor.

Penso no que responder.

Savannah: Mas estou com meu avô agora.

Eu sei, eu sei. É sacanagem usar meu avô como desculpa para não ver Logan quando o senhorzinho está constantemente pedindo pra eu deixar ele em paz, mas não estou afim de ver Logan no momento.

— É o Logan? — pergunta e eu assinto — Imaginei.  Não quer falar com ele? Achei que estivessem bem.

— E estamos, mas sei lá... Logan entendeu que estarmos bem significa "poder comer minha namorada na frente da Savannah porque ela não vai ligar". — namorada. Ainda sinto ânsia de vômito quando pronuncio essa palavra.

Na última vez que fui pra uma festa com os dois, ficaram se engolindo na frente de todo mundo. Não sei porquê, mas esperava um pouco de decência da parte de Logan.

— Ai, puta que pariu, viu. Ainda bem que não sou mais adolescente pra lidar com essas merdas sem sentido. Manda ele se fuder que é mais fácil. — diz impaciente.

— Eu não posso simplesmente mandar todo mundo se fuder, vovô. Acredite, eu tentei. — digo — Mas, ei, como era sua adolescência? Você nunca fala da vovó. — me interesso.

Ele dá um longo suspiro e uma sombra de sorriso se forma em seus lábios, relembrando as distantes memórias.

— Ela era incrível. Meu primeiro e único amor. — anuncia com paixão — Infelizmente tivemos pouco tempo, mas nem uma vida inteira seria suficiente pra nós dois. — é a primeira vez que vejo meu avô falar com tanta emoção, o que é um pouco esquisito mas não deixa de ser fofo.

Sorrio ao pensar em como deve ter sido encontrar o amor de sua vida na primeira tentativa e já se casar tendo certeza que é aquela pessoa.

Duas batidas na porta interrompem meu ponderamento e eu rapidamente me levanto do sofá, limpando os farelos da minha roupa.

— Logan? — pergunto surpresa quando abro a porta.

— Oi. — sorri já entrando sem esperar um convite — Já que não podia ir até o Burger King, trouxe o Burger King até você. — coloca duas sacolas no balcão.