Vinte e seis.

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— Calma, não é grande coisa. Só relaxa. — Riley esfrega meu ombro tentando me confortar.

— É, tá tranquilo. — Brad complementa do meu outro lado.

Nós três continuamos parados do lado de fora da boate, encarando a porta e as pessoas que passam por nós.

— "É, tá tranquilo"? É esse comentário que você tem a acrescentar? Realmente, muito incentivador. — Riley debocha de Brad.

Brad dá língua pra ela por cima da minha cabeça. Ignoro a rixa boba dos dois e desabafo:

— Acho que não está tranquilo, não. Não falo com Logan há, tipo, dois dias. A gente tem brigado bastante ultimamente. — mais do que eu gostaria, pelo menos.

Está muito frio do lado de fora da boate, e mesmo com dois casacos e a blusa de manga comprida, pareço continuar com esse constante frio na barriga, um receio, um medo me assombrando.

— Olha, vocês são muito próximos e raramente ficam muito tempo sem se resolver. Você estar aqui é um passo a mais pra isso acontecer mais rápido. — Riley diz continuando a me abraçar de lado.

Não gosto muito de contato físico prolongado como esse, mas prefiro não falar nada e apenas me mexer um pouco pra ela soltar.

— Sim, Annah, vai dar tudo certo. — Brad encoraja.

Riley o olha novamente.

— Sério, cara!? Eu falo isso tudo e você me vem com uma frase de seis palavras? Sinceramente... — bufa.

— Cala a boca por, tipo, 3 segundos, por favor!? Eu te imploro! — Brad junta as mãos em suplica.

Riley começa a falar "Blá, blá, blá" sem parar para irritar Brad, que tampa as orelhas com as mãos e grita "Não consigo te ouvir!".

Fico no meio enquanto os dois continuam a discutir como crianças.

— Tá, vocês não estão ajudando muito então vou entrar por conta própria. — mostro minha identidade falsa ao segurança que mal a olha antes de abrir a porta para minha entrada.

A primeira coisa que me recebe é a música eletrônica alta, que meus ouvidos demoram um pouco para se adequar antes de ficar em um nível confortável. Dou uma rápida olhada pelo local, decidindo ir diretamente para a área com poltronas, um pouco mais afastada da pista de dança e com a música distante o suficiente para conseguir ouvir os pensamentos. Dependendo do caso, isso não é uma coisa boa.

Me sento no primeiro assento que acho livre, com medo de alguém o tomar antes de mim.

Riley rapidamente corre para conseguir um próximo à mim.

— Por que a festa não está sendo na sua casa hoje? — Riley pergunta para Brad por cima da música.

— Não estava afim de limpar garrafas quebradas e jogar fora camisinhas usadas dos outros. — responde simples.

— Elegante. — retruca Riley com cara de nojo.

Se estivéssemos à mais de 2 metros um do outro, provavelmente não conseguiríamos nos ouvir, mesmo com a distância das caixas de som.

— Vou procurar o resto do pessoal, fiquem aqui. — Brad pede antes de se retirar.

Riley sorri em alívio quando ele vai embora.

— Até que enfim.

— Por que você não gosta do Brad? — finalmente faço a pergunta que ronda minha cabeça à tempos.

A garota pensa um pouco antes de responder, coçando o braço um pouco insegura.

— Eu só... Sei lá. Ele vende drogas, sabe? Ele estraga a vida das pessoas...

Savannah TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora