Dezoito.

1.6K 156 177
                                    

E aqui eu estou novamente. Plena sexta-feira às duas da tarde e eu estou completamente chapada, jogada no sofá encarando o teto.

— Já está assim? — Brad caçoa.

— Você se recusou a vender pra mim, tive que encontrar outro contato, né.

Ele coloca a mão no peito como se estivesse ofendido, — Você está me traindo? — fala caindo ao meu lado no sofá — Sabe, a minha intenção quando eu parei de te vender foi pra você parar de usar, não arranjar outro fornecedor.

Coloco a mão na sua bochecha, — Iludido, coitado.

Eu consigo parar, só não quero.

— Você vai ficar pra minha festa? Você já está matando aula na minha casa como se fosse sua, mesmo — dou de ombros — Se ficar, você vai ter que me ajudar a arrumar a casa.

Reviro os olhos.

— É sério que você vai fazer uma chapada de empregada? — questiono — Sei não, hein. Minha mente não está funcionando muito bem...

Brad bufa e se levanta do sofá, parando na minha frente.

— É isso que eu ganho sendo amigo de uma zé droguinha...

— Me respeita, garoto! — digo divertida e dou um tapa em sua perna.

— Já vou ter que fazer tudo sozinho, então não me atrapalha, tá? Fica aqui curtindo sua... — ele faz um gesto em minha direção — vibe.

[ ••• ]

Se me perguntar quantas doses eu tomei, ou quantos cigarros eu traguei, eu não saberia responder. Na verdade, não saberia responder nem qual é meu nome ou que cor é o céu.

No momento, me encontro com frio. Não, me encontro congelando. Se não fosse a música alta e o burburinho de gente passando pelos meus ouvidos, eu acharia que estava em uma banheira pronta pra ter os órgãos retirados e vendidos na deep web.

Estou ocupando todo o sofá de Brad, ignorando a indignação do resto de estudantes que querem se sentar.

— Savannah? — ouço alguém se aproximar mas não faço o esforço de abrir os olhos pra saber quem é.

Se for quem eu estou pensando que é, estou fodida. Mas não é, não pode ser. É tudo só um delírio da minha mente embriagada.

— Você consegue me ouvir? — a voz rouca de Logan anuncia. Merda, é ele mesmo.

— Ugh... Consigo, só estou chapada, não surda — resmungo tampando meus ouvidos com as mãos e virando meu rosto para o encosto do sofá, quase tentando me esconder do esporro que sei que levarei.

Continuo apertando meus olhos com força, sem arriscar nenhum olhar para Logan.

Suas mãos passam por debaixo de minhas pernas e das minhas costas, me pegando no colo. Tento me remexer ou empurrá-lo para me livrar de seu toque mas o cara é a porra de uma parede.

Abro os olhos e tenho a visão de baixo para cima de Logan.

— Por que está me levando embora? Eu quero ficar! — resmungo.

O garoto finalmente me olha e, puta que pariu, ele está puto. Falta seus olhos pegarem fogo.

— Pra você sair daqui com uma overdose? Não mesmo! — continua andando até a saída da casa com passos fortes.

— Eu sei andar, sabia?

— Qual a probabilidade de você andar calmamente até o carro, ao em vez de sair correndo na direção oposta pra continuar na festa? — indaga. Zero. Continua interprentando meu silêncio — Pois é...

Savannah TaylorWhere stories live. Discover now