Óbvio

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Ai, cara! Ai, cara! Ai, cara! O que ele acha que tá fazendo?

Ela dormiu no ombro dele! Não algo do tipo "ah, o carro passou em um buraco e ela sem querer caiu no ombro dele", não, ela se aconchegou pra encostar nele! Não deve ser confortável! Eijirou se orgulha dos músculos que desenvolveu ao longo dos anos, mas sabe que não são exatamente confortáveis, fora que aquele bar tava bem abafado, ele com certeza suou um monte, deve tá todo fedido, aargh!

O ruivo se sente corar, mas tenta não demonstrar isso fisicamente para não ficar com o corpo muito rígido a ponto de ficar desconfortável demais pra ela, porque por mais que ele não entenda como ela se sente à vontade, Eijirou com certeza não quer que a Uraraka se afaste. Dá um certo alívio, ele tinha certeza que havia sido grosso demais com a Mina quando ela começou com as palhaçadas dela (palhaçadas que não estão erradas, vai lá) a ponto de sua vizinha achar que o motivo de seu incômodo era ela. Longe disso!

O problema é a Mina sempre achando que sabe demais, dando palpites em coisas que ela não entende, não, não seria horrível ficar com meninas, ele nunca achou que seria, ela se acha tão esperta e usa aqueles chifres como antenas captando sinais e entrelinhas, mas não percebe isso? Não percebe que nada é tão preto no branco pra ele? Ela percebeu que é o caso do Kaminari — é o bro dele e tal, mas pô, O KAMINARI! O cara que falava de mulher toda hora, ninguém nunca esperava que ele fosse se interessar pelo Shinsou — mas não percebe que ele, que é amigo dela desde o Fundamental, também ficaria com meninas se quisesse? A Mina... ela é frustrante demais, na moral, capta um monte de coisa no ar, mas nunca percebeu que ele... gosta de meninas? Que... que gostava dela?

E depois veio o Tetsutetsu, Eijirou achou que eles nunca mais se falariam pessoalmente a não ser que se encontrassem em uma missão e tivessem que ser profissionais, mas não, o cara veio falar com ele de boa, como eles conversavam quando ainda eram só bros. Não foi ruim, honestamente, mas também não foi lá muito confortável. Ele ainda guarda mágoas e fez questão de mencionar isso, e Eijirou ficou se sentindo um merda por um bom tempo... resumindo, não foi uma boa noite e ele nem sabe onde tava com a cabeça quando decidiu sair de casa.

Só que se não tivesse saído, não estaria com ela aqui usando-o de almofada e fazendo seu coração dar uns pinotes dentro do peito.

— Chegamos, Ura. — ele inclina a cabeça pra falar bem baixinho pra ela. Uraraka se mexe e resmunga, abrindo os olhos de repente.

— Uhum... aqui... — ela mexe na bolsa e tira dinheiro, Eijirou pega só uma das notas e completa o pagamento ele mesmo.

— Aqui, tio! Bora lá, Ura. — ele jura que não é desculpa pra ficar se agarrando nela, tanto é que espera um pouco pra ver se ela tá bem pra andar sozinha, o rapaz a viu bebendo com a Mina e o álcool combinado ao sono devem tê-la deixado meio grogue, Eijirou a pega pelo ombro, evitando a cintura pra ela não achar que ele tá com ideia errada. Todas as vezes em que ficaram sozinhos nos últimos tempos renderam muita coisa, mas hoje ela tá bêbada e exausta, e ele... também não tá muito no clima. Quer dizer, se ela tivesse em condições, talvez ele... ficasse no clima, vai saber.

— Por que você não me deixou pagar tudo?

— Ué, se nós dois usamos o táxi, pra quê você vai pagar sozinha?

— Porque o jantar ficou na sua conta daquela vez, e da sua tia aquela outra vez... — nossa, ela ainda lembra de tudo isso? Deve ter ficado encucada por todo esse tempo, nada a ver.

— Relaxa, não é nada demais. — ele dá de ombros, não fisicamente, pois está segurando-a.

— Kirishima-kun... você é algum tipo de milionário secreto?

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