Aqui ao Lado

O auge de nossas vidas

"E aí, Mina? Como você tá? Espero que bem.

Eu pensei muito se devia ou não escrever essa carta, porque quem é que escreve carta hoje em dia, né? Nada a ver! Mas achei mais seguro assim, se eu digitasse isso no celular e salvasse nos rascunhos, podia me atrapalhar e acabar mandando pra alguém, vai ver pra você mesmo, cê sabe como eu sou, né?

Porque a real é que eu não quero que você leia isso, não quero mesmo. Não sei porque escrevi, mas sei que não é pra você ler, eu sei que nunca vai rolar nada entre a gente, você tá ficando com o Sero e eu respeito isso, fico muito feliz, na verdade. Dos meninos do Bakusquad, acho que ele é o que melhor serve pra namorar, o Kaminari tem umas ideias erradas por ficar andando com o Mineta, nem preciso te falar isso, o Bakugou é legal quando quer, mas acho que vocês não combinariam muito desse jeito, e eu, bom... eu sou meio complicado.

Não porque eu goste de caras, até porque nem gosto SÓ de caras, me entende? Mas, sei lá, eu não sou o cara mais sincero do mundo. Escondo de todo mundo que minha tia tem dinheiro e quer me fazer de herdeiro, não contei pra ninguém que talvez eu seja bissexual e... não sou tão de boa quanto pareço, eu tô sempre pensando que preciso ser mais corajoso, mais forte, mais másculo, porque no fundo acho que não sou nada disso. Não acho que uma mulher como você gostaria de ficar com alguém assim, ninguém gostaria. Vai ver o Tetsu só me tolera porque somos parecidos, mesmo que não sejamos, não muito, eu acho, não sei também.

Então, pra dizer que não minto em tudo (acho que a palavra mais certa é "omitir", que significa "esconder"): eu gostava de você, muito. Te achava fodona no Fundamental, fiquei felizão quando vi que íamos ser colegas de turma (eu quase desisti do meu novo penteado, mas mudei de ideia quando você disse que "chamava atenção") e quase tive um treco quando você mostrou aquela sua nova técnica baseada no meu Unbreakable. Você é incrível, Mina, e o mais legal é que parece ter consciência disso, acho sua confiança algo muito legal. e quero que você seja muito feliz porque você merece.

Com carinho, Kiri."

— O problema é que você precisa da aprovação de alguém pra ser quem é. — o Tetsutetsu oferece o prognóstico — Você quer que a Ashido te aprove, ué, eu vou fazer o quê?

— Então, é isso? Acabou entre a gente?

— Foi mal, cara. Eu só acho que não posso confiar em você agora.

— Você pelo menos tentaria se essa carta fosse pra outra pessoa? Uma pessoa que não seja menina?

— A questão não é essa.

— Conveniente você dizer isso. — Eijirou percebe que essa conversa empacou como uma mula teimosa — Acabou, então.

— É melhor pra nós dois.

— Fale por você, você não sabe o que é melhor pra mim, cara.

— Nem você sabe.

E ele foi embora.

O ar frio do fim de Março o faz arrepiar, e Eijirou solta um pequeno "bbrrr". O jardim aqui é tão esplêndido quanto todos os outros que ele viu quando chegou à mansão da Yaomomo, foi bem legal da parte dela oferecer uma de suas casas pra essa festinha, o lugar é incrível, embora grande demais a ponto de ser fácil acabar sozinho em algum dos cômodos.

— Oh!

— Oh! — ele imita a surpresa dela quando a vê. Uraraka se posiciona em alerta, como se estivesse pronta para atacar — S-sou eu, Uraraka!

— Ah desculpa, Kirishima-kun! — ela relaxa — E aí, como você tá?

— Não muito bem, eu acho. Eu não... consigo sair daqui, você sabe... você sabe como sair?