15: O conto de fadas

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P.O.V LENA LUTHOR

🚫⚠️ ALERTA DE GATILHO 🚫⚠️

Nunca tinha visto Kara tão assustadora, mostrando os caninos ao rosnar, curvado sobre meu agressor com sede de sangue.

O homem reagiu, mas Kara facilmente o dominou, jogando-o contra a parede.

Ela socou as costelas do desgraçado diversas vezes em uma raiva animalesca, até que

CRACK.

Arfei em choque quando ouvi as costelas quebrarem. Vi ele cair no chão, os restos moles do que fora um homem patético.

Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

Andrea. Ah, meu Deus. Ela tinha passado por isso quatro anos antes.

Totalmente desamparada e com medo, paralisada e incapaz de pedir ajuda. Um sentimento de total escuridão. Ninguém estava lá para ela. Eu não estava lá.

Enquanto observava a loira arrastar o corpo inerte do homem pelo beco, quase me senti culpada, culpada por ter sobrevivido e ela não.

Eu queria me levantar e correr, mas me sentia incapaz até mesmo de rastejar.

Andrea, o estuprador dela, meu agressor, todos eles surgiam diante dos meus olhos. Queria vomitar os sentimentos distorcidos que me tomavam.

Vacilei quando Kara se ajoelhou e me envolveu em seus braços. "Eu não vou te machucar", disse ela suavemente.

Cada fibra do meu ser tentava impedir, mas deixei que ela me carregasse e me levasse para o carro.

Nunca tinha me sentido tão vulnerável perto dela, mas algo no calor de seu peito e em seu abraço forte fez com que eu me sentisse segura.

A Bruma não estava me afetando. Esse sentimento era diferente.

"Aonde está me levando?", perguntei, com meu corpo ainda tremendo.

"Para a minha casa", respondeu ela baixinho. "Eu juro que não tenho qualquer intenção de me aproveitar de você. Só quero estar do seu lado."

Minhas amigas ainda estavam na balada sem imaginar o horror pelo qual eu tinha acabado de passar, e eu preferia assim. Não queria enfrentá-las hoje. Ir para casa também não era uma opção. Meus pais bateriam os olhos em mim e saberiam que algo estava errado. Não estava pronta para perguntas, pena ou julgamento.

Ir com o Kara era a melhor opção. Ainda não confiava nela, mas o que ela tinha acabado de fazer por mim... Senti náuseas só de pensar o que teria acontecido se ela não tivesse aparecido.

Agora, a postura dela era completamente diferente da que que usou para enfrentar meu agressor momentos antes. Ela estava atenciosa e gentil.

Por mais que eu a desprezasse por me marcar e por me forçar a assumir a responsabilidade de ser sua parceira, não podia negar que eu a queria ao meu lado naquela hora. Não sei quanto tempo essa sensação duraria, já que tudo entre nós era imprevisível demais, mas estava disposta a dar uma chance a ela.

Ela disse que queria estar lá para mim? Ótimo, deixaria que ela provasse isso.

Por fim, eu me entreguei e apoiei a cabeça no ombro dela. Ela me colocou gentilmente no banco do passageiro e dirigiu em silêncio. Enquanto observava as construções e árvores passarem pela janela, tentava fazer as lembranças da noite desaparecerem, mas parecia impossível.

Os Lobos Do Milênio - Livro I - SupercorpWhere stories live. Discover now