18 - Acasos de diálogos

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A relação de Jiang Cheng com Wei Wuxian nem sempre foi boa. Tudo bem que hoje não era algo exatamente inspirador, mas eles se davam bem do jeito torto deles, na base de gritos, xingamentos e comentários meio ofensivos. Era essa característica inerente e específica do modo o qual se tratavam que mostrava que eles se importavam muito um com o outro.

Jiang Cheng tinha oito anos quando ele chegou na família e se mostrou tão receptivo quanto sua mãe a ideia. Ele não queria de jeito nenhum ter mais um irmão para dividir suas coisas e atribuí-las em igualdade, era uma criança egoísta assim como a maioria e não via nenhum benefício na proposta. Principalmente, quando teve que doar seus tão amados cachorros ,porque Wei Wuxian tinha um trauma monstruoso deles e chegava a passar mal quando ficava perto de algum.

A criança o odiou com todas as forças, um ódio descomunal que durou dias. Ele o tratava mal, beliscava seus braços e pisava em seu pé na primeira oportunidade que aparecesse. Wei Wuxian tentou entender com toda a compreensão que possuía em seu pequeno ser, mas um dia sua paciência simplesmente se esgotou quando se deu conta que Jiang Cheng roubou um dos seus bonecos e jogou na lama. O que ele fez? Na primeira oportunidade que viu, empurrou o menino também na lama e ficou rindo à medida que viu ele se debatendo na pequena poça.

Ele só não esperava que Jiang Cheng fosse puxar seu pé, fazendo com que ele também caísse na poça de lama. 

Jiang Cheng riu muito disso, mas parou quando viu que Wei Wuxian começou a chorar de desgosto. A criança estava cansada de ser tratada mal desde que foi para aquela casa, as únicas pessoas que tinham sido boas com ela era o tio Jiang e sua shijie, então não sabia mais o que fazer para se adaptar. Estava tão esgotado de ter que se esforçar para fazer as pessoas o amarem apenas sendo quem ele era.

Sem jeito, o mais novo pegou Wei Wuxian pelos braços e o levou até a garagem da casa para se lavarem com a mangueira que tinha no cômodo. Jiang Yanli notou a movimentação por estar na cozinha e foi até o lugar, ficando desesperada ao ver que ambos tinham se machucado e se sujado com a queda. Ela cuidou dos dois, os lavou, fez uma sopa quente e ,no final de tudo, sentou com eles no sofá para conversarem sobre o que aconteceu.

Quando eles confessaram envergonhados que tinham se empurrado na lama, ela ficou decepcionada com o comportamento dos dois e os mandou imediatamente pedirem desculpas e depois se abraçarem. Eles bateram no pé no começo, não queriam de jeito nenhum, mas o olhar dela foi suficiente para fazerem o que foi pedido. 

Após isso, Jiang Cheng parou de implicar tanto com ele e Wei Wuxian começou a tentar brincar mais com o outro, e através da insistência, ele conseguiu com que o mais novo fizesse isso e ,aos pouquinhos com pequenos tropeços, eles conseguiram formar uma amizade.

E hoje, se amavam com todas as forças embora não admitissem.

A verdade é que Wei Wuxian faria qualquer coisa pelo irmão, independente do que fosse.

“Você não disse que nunca queria ser pai, Wei Wuxian? O que mudou?” - Jiang Cheng perguntou enquanto estava com A-Yuan na bancada observando Wei Wuxian fazer o jantar.

Wei Wuxian o encarou, depois de fitar o bebê uma vez. - “A-Yuan!” - deu de ombros. - “A-Yuan apareceu e tudo mudou.”

“Isso não responde muita coisa.” - Jiang Cheng retorquiu emburrado, embora custasse admitir que fazia um pouco de sentido sim. A-Yuan era adorável.

Lan WangJi tinha ido resolver alguns compromissos caseiros em seu próprio apartamento e os deixou sozinhos. Era um pouco estranho se desvencilhar do médico depois de tudo que passaram juntos nesses últimos dias.

“Claro que responde!” - revirou os olhos, mexendo na panela. - “Você que é chato!”

“Você que é insuportável!” - Jiang Cheng devolveu raivoso. - “Está fazendo o que aí? Tem certeza que não vai me intoxicar?"

UM BEBÊ EM MINHA PORTA | wangxianOnde as histórias ganham vida. Descobre agora