Alice [Completo]

Epílogo

[...]

- Você não deve usar o seu poder desse jeito, Beatrice. Eu vou contar tudo para a mamãe! - Lyam ameaçou a irmã.

- Contar o que pra mamãe? - Alice apareceu na porta do quarto da filha. Antes que qualquer um deles pudesse dizer algo, ela viu o cavalete de pintura só pela metade, preto, saindo fumaça, como se alguém o tivesse destruído. - Beatrice... - adentrou o quarto, repreendendo-a com aquele olhar que fazia as paredes tremerem.

- Desculpe. - a princesa abaixou a cabeça, encarando um ponto qualquer no chão.

- Você sabe que fora do treinamento e sem necessidade é expressamente proibido usar seus poderes, não sabe?

- É, mamãe eu sei. Já pedi desculpa. - suspirou.

- E você Lyam, vá para o seu quarto. - franziu as sobrancelhas para o garotinho que a obedeceu e saiu correndo.

- O que está acontecendo? Eu te sinto tão distante há dias... 

- Não tem nada acontecendo. - virou o rosto exageradamente delicado. Beatrice tinha os traços tão finos que parecia que se quebraria, como uma frágil porcelana.

- Nada mesmo? - a rainha continuou, arqueando as sobrancelhas.

- Não vou queimar mais nada tudo bem? Será que a senhora pode me deixar sozinha agora?

- Está bem, está bem. - colocou as mãos na frente do corpo, rendendo-se. - Pode colocar as garras para dentro. Só estou querendo saber se há algo errado para ajudar você, mas acho que com esse comportamento, se precisar de mim, vai saber usar sua lingua afiada para me chamar. - saiu, deixando a garota.

Poucos segundos depois, Beatrice ouviu batidinhas na porta.

- Posso entrar?! - a voz de Jack.

- Vai brigar comigo também?

- E eu já fiz isso? - ele arrancou um sorriso da filha - Sua mãe me contou a conversa que tiveram. E eu vim dizer que sei porque você está estranha.

- Eu não estou estranha. - franziu as sobrancelhas, como se estivesse exausta de ouvir aquilo.

- Uhum. Como é o nome daquele humano mesmo... É... Anthony?

- Como sabe disso? - os olhos azuis dela se arregalaram, para o deleite de seu pai.

- Isso está te estressando porque não quer que a sua mãe saiba. - ela baixou os olhos, enquanto ele alisava a mão tensa dela com um polegar.

- Ela vai ficar brava quando souber que estou apaixonada por um humano...

- Eu duvido muito que ela vá ficar brava com você, querida... Quando eu e sua mãe nos apaixonamos... Nós não podíamos ter nos apaixonado.

- Sério? Por que? - a expressão dela se transformou em uma mais interessada, curiosa.

- Nós somos de uma época onde Cartheres e Hadrias eram inimigos mortais. Não existiam Hartheres como você. - ela assentiu, já ouvira essa história uma vez.

- E como vocês se apaixonaram?

- Eu me apaixonei primeiro e fui atrás dela. Lá no mundo dos humanos. - sibilou a última frase.

- A mamãe já esteve no mundo dos humanos? - Beatrice ficava cada vez mais maravilhada.

- Ela já até pensou que fosse uma.

- Isso é... Estranho. - riu-se, confusa e deslumbrada.

- A sua mãe... Passou por muita coisa. Ela se preocupa em te manter viva e manter Lyam vivo, a qualquer custo. Mas se você desabafar com ela e contar o que tanto está te afligindo, ela com certeza saberá o que te dizer e como te aconselhar. Você não precisa passar por essa angústia sozinha, querida...

- Tem tanto sobre a mamãe que eu não sei, não é? - a frase saiu como um sussurro.

- Bastante coisa. Mas fique tranquila, querida. Amar um humano não é um problema. - ela agarrou o pescoço esbranquiçado do pai, com força. Fechou os olhos, aninhando-se em seu busto.

Beatrice se parecia muito com ele. Cabelos brancos, mas ondulados como os de Alice. Sua postura e tom de voz, se assemelhava muito a ele.

- Obrigada, papai. Eu vou falar com ela mais tarde.

[...]

- Que droga Henry, o que faremos? O que podemos fazer quanto a isso?

- Majestade, precisamos manter a calma numa situação como essa e chamar as bruxas para nos ajudar.

- Isso, faça isso. - Alice suspirou, concordando.

Empolgada e ansiosa, a princesa entrou no cômodo, pronta para contar e tirar todo o peso dos seus ombros como seu pai lhe instruira.

- Mamãe. - chamou sua atenção.

- Oi minha filha. - ela massageava as próprias têmporas, de olhos fechados.

- O que está acontecendo? Porque você e Henry parecem tão preocupados? 

- Os humanos descobriram um jeito de entrar no portal. E estão assassinando a nossa espécie. 

Bea engoliu seco.