Alice [Completo]

04 | D o o r

- Você... Sonhou comigo? - engoli seco - Tem certeza do que você está falando? 

- Eu sabia que já tinha visto você antes. Desde o momento em que nos encaramos no boliche. - sorriu - Não foi só na última noite. Eu me lembro de ter sonhado com o seu rosto, esses mesmos olhos... - analisava-me - Por um longo período. E ainda, foi o mesmo sonho estranho. - direcionou seus olhos para o chão - Tinha uma garota que estava no meio do fogo, mas não queimava. Pessoas gritavam e todo o resto ao seu redor também acabava em chamas. Alguém parecia querer nos tirar dali, mas era inútil. É você, a menina do sonho! Tenho certeza! - empolgava-se.

- Eu sonhei com algo parecido... Essa mesma noite... - suspirei.

- Está falando sério? - Beatrice arregalou os olhos ao me encarar. 

- E tem uma menina... Na minha sala, no colégio... Que também vê essa rosa que você mencionou mais cedo. Que eu não consigo ver e Alex também não. - encarávamo-nos com olhares cada vez mais intrincados. 

- Ei, me dê seu número. Não sei o que está acontecendo com você, comigo, ou com a gente. - sacou o celular da bolsa - Pode colocar aí. - desbloqueou o aparelho e me entregou.

- Tá bom. - coloquei meu número e nome. - Aqui está. - devolvi a ela. 

- Perfeito, Alice. - sorriu, checando e guardando o celular novamente - Irei te ligar em breve para nos encontrarmos de novo, sei que já está ficando tarde. Nós vamos descobrir que porra está acontecendo. - sorri, feliz que não estava mais sozinha nessa situação - Vou indo agora. - falou quando paramos algumas ruas antes da minha casa - Foi um prazer conhecer você. De novo. - riu. 

- Eu digo o mesmo, Beatrice. - ela me abraçou. Suspirei ainda nos braços dela.

Parecia que eu acabava de dividir toda a confusão na minha mente com alguém. Ela sorriu para mim e desapareceu na rua.

Cheguei em casa e Martha desligou a TV imediatamente quando entrei na sala.

- Alice, que ótimo. - passou as mãos pelo vestido - Quero falar com você. 

- Agora? Não pode ser amanhã? - fechei a porta.

- Sente aqui. Agora. - rolei os olhos, sentando-me ao seu lado.

- Sophia me disse que você fez uma tatuagem e que parece ter sido bem cara. O seu pai te deu esse dinheiro?

- Espera ai... - não consegui segurar a risada - Que tatuagem?

- Segundo minha filha você fez uma rosa bem grande no braço. - balancei a cabeça, estendendo meus braços para que ela pudesse ver que não havia nada.

- E antes que a sua mente diabólica e paranoica comece a trabalhar - arrastei minha mão sobre meu braço - Não estou escondendo com base ou com qualquer coisa. Eu não fiz droga nenhuma nesse braço. - ela analisou a minha pele com desdém - Cadê a Sophia?