Capítulo 100 - Visitante Inesperado

343 30 0
                                    

Leah sentiu como se estivesse andando em um sonho. Toda vez que ela se lembrava de sua conversa com Ishakan na Sala da Glória, seu coração disparava. A sombra de melancolia que sempre esteve sobre ela se evaporou.

Nada estava definido ainda, mas uma tênue esperança havia crescido dentro dela, assegurando-lhe que de alguma forma tudo daria certo. Ela nunca teria sentido esse otimismo sozinha.

Ela não tinha permissão para desfrutar desse sentimento por muito tempo. Um visitante inesperado irrompeu em seu escritório, exigindo sua atenção sem sequer procurar um compromisso.

"Eu não tenho visto seu rosto ultimamente, Leah."

Leah ergueu os olhos dos documentos que estava revisando.

“Príncipe Herdeiro,” ela disse calmamente.

As empregadas do palácio real que o seguiam estavam desesperadas, tentando dissuadir Blain, mas não tiveram sucesso. Leah deixou sua pena de lado.

“Traga-me um pouco de chá,” ela ordenou. O chá era uma desculpa para as empregadas ficarem longe e não se envolverem em nada desagradável, como da última vez. Blain sentou-se no sofá em frente à mesa, arrogantemente, com as pernas estendidas. Seu cabelo tinha o mesmo tom prateado que o dela, brilhando suavemente como a lua. Leah olhou para ele com óbvio desinteresse.

"Por que você está olhando assim para mim?" Blain perguntou bruscamente.

Leah mordeu o lábio, segurando o desgosto. “Apresse-se e me diga o que você quer.”

“Vou caçar com os animais selvagens”, disse ele. "Eu quero que você venha também."

Ele não estava apenas informando a ela, ele estava lhe dando uma ordem. A mão que descansava em sua mesa tremia, e ela a fechou em punho. Blain já havia arruinado o almoço, agora o que ele estava planejando?

Ela ignorou a forma como os lábios dele se curvaram. “Mal tivemos nossa primeira reunião de negociação. Por favor, você não pode ficar parado até que as negociações terminem completamente?”

Blain riu. “Você ficou mais arrogante!”

Ele se levantou do sofá e se aproximou lentamente de Leah, colocando as mãos em sua mesa. Ela o olhou com cautela, mas ele sorriu amplamente.

"Parece que algo está acontecendo ultimamente", ele sussurrou. “Você tem aceitado tudo o que os Kurkans querem.” Seus dedos pálidos roçaram suavemente o cabelo de Leah, como se estivesse arrumando-o. “Se você gosta tanto dessa fera, o que você pensaria se o tivéssemos dormindo no estábulo?”

Sua mão de repente apertou dolorosamente em seu cabelo.

“Seria emocionante vê-lo entre os cavalos”, brincou.

“Se isso acontecesse, certamente os nobres admirariam a hospitalidade de Estia.” Leah disse sem alterar sua expressão. Ela esperava que ele levantasse a mão e lhe desse um tapa, mas o golpe nunca veio. Ele apenas riu.

“Traga um lenço no dia da caçada,” ele disse a ela.

E foi isso. Antes que as empregadas pudessem trazer o chá, Blain se foi. Leah pegou sua pena novamente, e a tinta em sua ponta caiu como lágrimas, borrando a folha de papel diante dela. A escuridão caiu como uma sombra sobre seu corpo.

Ela se sentiu terrível.

"..."

Uma voz assombrosa ecoou atrás de uma porta fechada. Os sons lá dentro eram inconfundíveis, o suficiente para fazer os ouvidos de qualquer um queimarem, mas Blain, sentado em um sofá próximo, estava indiferente. Seu rosto só refletia um tédio incrível. As empregadas atrás de Blain fizeram o possível para manter seus rostos igualmente inexpressivos, e silenciosamente encheram seu copo cada vez que ele o esvaziava.

Um gemido final saiu de trás da porta fechada. Depois de alguns momentos, a porta se abriu e Cerdina saiu da porta, empurrando o cabelo suado para o lado. Seus olhos se arregalaram.

"Blan?"

Um cheiro espesso a acompanhou até a porta, doce, pesado e nauseante. Quando Blain franziu a testa para ela, ela apenas sorriu suavemente e abriu mais a porta para revelar a cena atrás dela.

O Rei estava lá dentro, deitado nu e sem vergonha na cama, olhando sonhadoramente para o teto. Seus olhos estavam desfocados, desprovidos de espírito. Pareciam os olhos de uma boneca.

Cerdina ajeitou o vestido desarrumado para esconder melhor sua figura, ainda sorrindo.

“Eu não sei se é um efeito colateral do feitiço, mas parece que vai levar algum tempo.” Descalça, ela caminhou até Blain e se sentou ao lado dele, sua voz afetuosa. “Você está esperando há muito tempo? Por que você não entrou?”

Blain bufou. “saiba exatamente o que você está fazendo. Como eu poderia entrar?”

"Bem, isso é muito melhor do que se comportar como uma mãe que desperdiça o precioso tempo de seu filho", disse ela, tomando um gole de um copo que as empregadas lhe entregaram.

O olhar de Blain inconscientemente mudou para o Rei, que ainda estava deitado em silêncio. Vendo o cabelo prateado do rei, ele começou a pensar. Foi dito que o sangue não pode ser enganado, e os dois homens eram muito parecidos. Blain ouvira dizer que quando o rei era mais jovem, ele era um homem muito bonito, tão bonito quanto seu filho.

Cerdina viu Blain olhando para o rei e caiu na gargalhada. Blain rapidamente desviou os olhos, tarde demais.

“Você quer que eu faça o mesmo com Leah, uma boneca sem vida?” ela perguntou, sorrindo friamente. Sua voz suave era sedutora.

***

Não esqueça de votar! ⭐

Casamento PredatorioOnde histórias criam vida. Descubra agora