Harry, you're no good alone

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Qualquer voto e/ou outra interação no capítulo é bom <3


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Uma frase que sempre ficava martelando na cabeça de Harry em seus piores dias eram as perguntas invasivas sobre ele ser beta, se a família dele também tinha essa maldição, se ele era a única aberração, como era saber que ele nunca teria uma família, que a família que tinha naquele momento se afastaria assim que pudesse, se ele saberia viver sozinho com sua própria existência beta desprezível. 

Eram várias frases, todas elas rebaixando Harry ao nível do chão. E esse foi um dos motivos de ele viver tão longe de sua família. A família mais perto que ele tinha ficado do outro lado da cidade, sua mãe, e Harry mal a visitava, ele dizia que era por causa do dinheiro, mas não era.

A verdade era que Harry sabia que era uma aberração beta ambulante que morreria sozinho, receber verdades na cara machucava, mas enquanto não machucasse sua família, ele estaria de acordo com a situação. 

A mãe de Harry, Anne, era uma ômega com cheiro de lavanda bem fraquinho, o pai dele, Des, era um beta que poderia se passar facilmente por alfa, sua irmã Gemma era alfa, de fato. E Harry era beta. As pessoas olhavam sua família e diziam que eles eram incríveis unidos, e separados de Harry. Tudo bem, era uma cicatriz velha, mas mesmo assim, quando passou na universidade, Harry decidiu que o melhor a se fazer era se afastar, se manter longe, não deixar que um beta atrapalhasse os privilégios que sua família merecia. Ele não merecia amor. 

Depois que saiu de casa, seus pais insistiam em mandar algum dinheiro no mês, às vezes não era mais do que 100 euros, Harry tentou manter as ligações frequentes, mas a convivência com Bay o fez ver que estar em contato com sua família era ruim, então tudo se estagnou em mensagens que mal eram respondidas. 

Harry se manteve longe da família para protegê-los. Ou era o que pensava.

Desde que se livrara de Bay, ou melhor, desde que começara a andar com Louis. Não, melhor ainda, desde que tivera aquela crise de ansiedade, desde que Luca falou o que falou, Harry entendeu o que deveria acontecer: terapia. Algumas pessoas se curavam sozinhas, outras precisavam de um médico para suturar cada cicatriz aberta e profunda demais para sarar por vontade própria. Harry começou a ir semanalmente no departamento de Psicologia para uma sessão gratuita e aberta para a comunidade. 

E ele nem sabia que existia isso! Mas graças aos céus que existia!

A questão é, semanas e semanas se passaram até que a primeira cicatriz de Harry fechasse: a de estar hipoteticamente fazendo mal à sua própria família estando por perto. E Harry ponderou o que havia refletido em suas sessões, sobre a forma como a família havia ficado de lado sem necessidade, a falta que o colo de sua mãe fazia, as piadas de seu pai e o abraço acolhedor da irmã mais nova. A saudade que sentia da sua casa de infância e de seu quarto com pôsteres de bandas que nem existiam mais que ele cantava cada música quando tomava banho depois de um dia difícil. 

Ele se deixou sarar e sentir falta da família, determinado a buscar uma maneira de recuperar esse laço que a sociedade o fez cortar.

Foi quando Harry estava terminando de deixar um jantar congelado para Niall numa sexta à tarde que a mensagem de sua mãe veio. Não era nada de especial, com a distância, sua mãe já tinha começado a usar seu chat de mensagens como uma pequena agenda de tudo o que estava acontecendo, ou simplesmente como depósito de correntes que recebia nos grupos que participava. 

CUDDLE IN  ◆  l.s. aboWhere stories live. Discover now