Capítulo 45. "And you won't be alone, I am beside you" (Angels & Airwaves)

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- Jk, abre aqui pra mim!

Ouvi a voz de Angie, meio distante, do outro lado da porta. A luz do banheiro, com mal contato, fazia da iluminação tremida.

Olhei meu vômito escuro dentro do vaso, e na borda dele. Limpei o suor da minha testa e meu buço, tentando controlar a náusea.

- Jk! Você 'tá me deixando preocupada, o que aconteceu?

O que aconteceu? Estremeci.

A mãe de Lisa estava doente. Tão doente que eles se quer sabiam se ela conseguiria se curar. Minha mente estava bloqueada enquanto eu tentava pensar em uma saída, ou em uma maneira de aproximação.

Eu precisava me tornar presente, mostrar que, apesar de tudo, eu não iria abandoná-la jamais, ela não estava sozinha, e precisava saber disso.

*Flashback on*

- Descobrimos há pouco tempo que ela tem câncer de mama, mas as células se espalharam para o pulmão... – Eu não podia responder, eu não queria dizer nada, eu estava assustado – Eles chamam isso de câncer metastático, é quando o câncer se alastra de um lugar para outros.

Eu queria perguntar uma imensidão de coisas, mas não conseguia conectar uma palavra em outra.

- Ela começou o tratamento de quimioterapia na semana passada, mas ela precisa passar por uma cirurgia o mais rápido possível... Não é uma cirurgia simples, Jk, e não pode ser feita em Bolton, nosso plano de saúde não cobre os gastos nessa clínica pra onde ela precisa ser levada, e eles nem sabem se ela...

Ouvi o Sr. Manoban fungar, e então notei que ele começava a chorar, trinquei meus dentes, sentindo uma queimação exacerbada em meus olhos e narinas.

- Eles nem sabem se minha mulher vai sobreviver à isto.

- Ela vai! – Afirmei, tentando acreditar nisto também, de repente eu parecia bêbado, minha língua dormente e pouco sensível – Nós temos que acreditar que sim, Sr. Manoban, temos que ter fé – Apoiei a mão em seu ombro, apertando-o em sinal de apoio – E quanto ao dinheiro, não se preocupe, nós vamos dar um jeito.

- Não se preocupe com isso, filho – Respondeu, me olhando – Só quero que esteja ao lado de Lisa, pois eu sei que ela vai precisar.

- Eu estou sempre ao lado dela.

*Flashback off*

Puxei a descarga e enrolei um pouco de papel higiênico na mão, limpei minha boca e os olhos úmidos, depois o rosto. Saí da cabine e andei um pouco desnorteado até a pia, lavando meu rosto pela terceira vez.

Após enxugá-lo, abri a porta. Angie estava encostada na parede da frente, com cara de poucos amigos.

- Posso saber o que aconteceu?

- Pode...

Contei à Angie tudo o que Sr. Manoban acabara de me dizer. Eu precisava compartilhar aquela informação com alguém, e, de alguma maneira, eu sabia que ela teria a coisa certa a dizer, eu não estava enganado.

Eu não devia forçar uma aproximação com Lisa, não naquele momento tão conturbado. Eu precisava ser paciente e ajudar por fora, sem que ela soubesse, do contrário, talvez não permitisse, ou achasse até que era apenas para impressioná-la.

Eu precisava daquele dinheiro, não era muito, mas era mais do que eu conseguia em um mês de trabalho, e a urgência não me permitia ter paciência. Eu precisava do meu carro de volta.

- W324 PXL – Repeti novamente a placa do meu carro ao amigo de Angie, um magricela de cabelos ruivos.

Ela havia me prometido que ele nos ajudaria a encontrar o carro. E de fato, pouco tempo depois, sem ter idéia de como isso havia sido conseguido, eu tinha em mãos o endereço do posto de gasolina onde meu carro era abastecido pelo menos duas vezes por semana.

Betting Her - LiskookWhere stories live. Discover now