capítulo 11

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Bônus Luís

Ter que ficar de "babá" da Esmeralda não está sendo de todo ruim. Ela se mostrou uma companhia bastante divertida e eu tenho que admitir, está me distraindo do meu provável chifre.

— Você não está me ouvindo.— Ela acusou e eu sorri amarelo sem ter como retrucar. Eu devo ter parado de ouvir a uns cinco minutos, quando comecei a imaginar a quanto tempo eu devo estar sendo corno sem nem mesmo suspeitar.

Talvez o fato de nunca ter presenciado uma união feliz, nem mesmo a dos meus pais, tenha me feito ignorar todos os sinais de que o meu relacionamento não passa de uma farsa. Uma grande mentira que eu mesmo alimentei.

O pior é que a Kelly deve me achar muito burro, as desculpas dela sempre foram horríveis. Quem faz tanta hora extra durante a madrugada? Quem precisa ir trabalhar na casa do chefe? Ela nem fez esforço para esconder. Eu sou muito burro mesmo.

Cocei o pescoço constrangido por ter me perdido em pensamentos de novo. Anda Luís, se concentra nessa conversa por que a sua namorada está agorinha dando para outro.

— Desculpe, eu não estava mesmo. Problemas no relacionamento, sabe.— Falei tentando ser o mais efusivo possível, mas ela é mais astuta do que eu pensei que fosse.

— Sei, e é por isso que eu prefiro deixar meu coração longe dos meus envolvimentos. As pessoas são cheias de problemas e complicam tudo ainda mais.— Ela disse enquanto pega no bar dois copos de whisky. Ótimo, bem o que eu preciso para esquecer o problema ou dar um vechame de vez.

— Minha namorada está me traindo. E eu fui burro demais para perceber os sinais.— Falei sentindo minhas bochechas esquentando.

Que inferno! Eu não fiz nada de errado, nada! Kelly quem deveria ter vergonha das suas atitudes, não eu.

— Tem certeza disso ou é só uma suspeita?— Como eu disse, a mulher é astuta para um inferno.

Respirei fundo antes de responder. — Eu nunca peguei nada, mas está muito claro, você está conversando com um grande chifrudo a sabe-se lá quanto tempo.— Respondi rindo sem humor algum. Que sensação horrível essa de saber que tudo foi em vão.

— A falta de caráter é dela, não sua. — Esmy diz com uma cara de indignada por eu ter feito piada com a minha própria desgraça, embora eu não entenda o porquê. Aprendi com o Matteo que é sempre melhor rir do que chorar dos nossos percalços. Ela se levantou em um pulo como se tivesse tido a melhor ideia do século. Pelo pouco que eu já conheço dela posso apostar que deve ser alguma ideia desastrosa ou gravemente impulsiva. — Quer saber? Nós vamos desmascarar a cachorra hoje! Levanta daí, vou fazer uma coisa que o meu amigo me ensinou e nós vamos encontrá-la com a boca na botija onde quer que esteja.— Ela está bem determinada, e isso é muito contagiante.

Me levantei e me empetiguei igual a ela, estufando o meu peito. Resolvi esperar até que todos seguissem para a boate, o lugar é mais escuro e muito menos provável que alguém resolva nos procurar.

Eu e a Esmeralda estamos passando pela porta dos fundos da boate, nos ocultando nas sombras sempre que necessário.

— Meu carro está logo ali.—  Apontei o local já que ela veio para a festa junto com os pais para não levantar suspeitas sobre o nosso plano.

— Pronto, agora me entrega seu celular.— Ela estendeu a mão assim que entramos no carro.

Estreitei meus olhos em clara desconfiança pra ela, que por sua vez revirou os olhos em desdém.

— Ah por favor né, relaxa que eu não estou nem um pouquinho afim de olhar as suas indecências no seu celular, mas eu preciso usar para tentar rastrear o da sua futura ex.— Escolhi confiar nela. Eu já estou aqui mesmo, melhor descobrir tudo de uma vez e cortar essa página da minha vida. Anos jogados fora.

Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Where stories live. Discover now