capítulo 20

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Leonardo

Eu perdi a noção de quanto tempo a Amitis tá assim, apagada.

Ter encontrado ela na rua, depois de ter saído mais uma vez com a Luiza (a loira que estava comigo em casa quando a Amitis chegou) me assustou, pra dizer o mínimo.

A Luiza me cansou, ela é muito carente e pra ser sincero a minha cabeça nunca está nela de verdade quando estamos juntos, eu penso em qualquer coisa, menos nela. Não sinto vontade nenhuma de ficar perto dela e por isso hoje quando vi a Amitis eu tinha acabado de fazer o que me correspondia como um homem ciente da responsabilidade afetiva, terminei uma coisa que nem tinha começado.

Ver a Amitis tão desnorteada e apenas de roupa íntima me deixou em um estado de nervos aflorado, e quando ela desmaiou então, eu simplesmente surtei.

O médico do hospital disse que ela foi vítima de agressões físicas no rosto, mas o mais sério é o pulso quebrado. Ele não falou nada sobre as minhas suspeitas, mas eu não preciso disso, eu sei bem o que aconteceu.

Ela foi vítima de uma tentativa de estupro, eu tenho certeza! Tudo o que eu quero é esperar ela acordar e me certificar que esse filho da puta pague pelo que tentou fazer, e se não for pela justiça vai ser pelas minhas mãos.

Eu juro.

- Léo.- Ouvi um sussurro me chamando. Virei imediatamente pra cama e vi que a Amitis está abrindo os olhos lentamente, tentando se acostumar com a claridade.

- Você precisa ficar calma, tá bem? Vai ficar tudo bem.- Falei tentando transmitir algum conforto para ela.

Parece que quando se deu conta de que tudo o que aconteceu com ela não foi um simples pesadelo tudo acabou voltando a tona com força total e ela voltou a se desesperar.

Fui até ela e fiz a primeira coisa que me passou pela cabeça, a abracei com força esperando seu choro e soluços pararem.

- Eu tava com tanto medo Léo, eu achei que ele fosse... Eu achei que... Foi tudo culpa minha.- Ela começou a falar entre soluços partindo o meu coração a cada um deles.

Nós não estávamos em um momento muito bom, mas ver ela triste está acabando comigo em níveis descomunais, principalmente sabendo o que a deixou assim.

- Nada disso é culpa sua, nada.- Falei passando a mão pelos cabelos dela e em seguida dando um beijinho no topo da sua cabeça.

Preferi não avisar a ninguém do seu estado, talvez a Amitis não quisesse que as coisas saíssem dessa forma e eu vou respeitar tudo o que ela decidir e o tempo dela pra tomar as decisões necessárias.

Depois de mais ou menos trinta minutos ela se afastou do meu abraço e enxugou o rosto com determinação, decidida a parar de chorar. Olhou para mim e sorriu.

- Como deixaram você ficar aqui comigo? Usou o poder do sobrenome Drummond?- Perguntou fazendo graça me fazendo revirar os olhos um pouco envergonhado.

Eu podia mesmo ter usado meu sobrenome pra poder ficar aqui com ela, mas caramba! Eu estava muito nervoso e falei a primeira coisa que me veio na cabeça.

- Na verdade, eu meio que fiz uma coisa...- Falei coçando a nuca extremamente envergonhado.

Ela vai ficar com tanta raiva quando eu contar, meu Deus que burro que você foi Leonardo. Parece que não pensa antes de falar as coisas, igual ao Matteo.

- Que coisa? Você não entrou aqui escondido não é?- Ela perguntou estreitando os olhos.

- Não, claro que não. Eu estava muito preocupado com você e não queriam me deixar entrar pra te fazer companhia, só se eu fosse algum familiar seu, então eu acabei acidentalmente falando que eu sou seu namorado.- Despejei de uma vez deixando ela completamente muda por um minuto inteirinho. Eu contei.

Caramba! Ela não pode ficar chateada né? Eu agi no impulso por que, pelo amor de Deus, ela tava toda machucada e desmaiada, eu não podia deixar ela sozinha. Por causa da preocupação eu acabei esquecendo o meu sobrenome e dizer que eu sou o namorado dela foi a primeira coisa que me veio na cabeça.

O importante é que funcionou, não é?

Quando eu achei que ela fosse começar a gritar comigo e me socar a cara ela fez a única coisa que eu não imaginaria. Ela começou a rir, rir muito mesmo.

- Você fez mesmo isso só pra ficar aqui comigo?- Ela perguntou enxugando uma lágrima pelo riso com a mão enfaixada.

- Claro, eu sou a única pessoa que sabe que você está aqui nesse estado, não podia te deixar sozinha mesmo estando com uma raivinha de você.- Falei tentando doar engraçado e acabei atingindo o polo oposto.

Ela abaixou a cabeça como se estivesse se sentindo culpada.

- Obrigada por ficar aqui comigo.- Ela disse voltando a me olhar com os olhos cheios de lágrimas novamente.

Respirei fundo tentando respeitar o momento dela e principalmente respeitar o tempo dela pra falar sobre isso, mas eu simplesmente não consigo permanecer sem saber o que aconteceu.

Até onde aconteceu, pra ser mais exato.

Eu não faço ideia se foi uma tentativa de estupro ou se chegou a acontecer.

Independentemente das opções, a minha vontade é a mesma. Ir atrás desse filho da puta até no inferno se for preciso.

- Me conta o que aconteceu, por favor.- Pedi baixo me sentando ao lado dela na cama.

- Eu fui até lá achando que era um trabalho de modelo, a agência me ligou e me passou essa conta grande, eu fiquei tão animada por que poderia passar um bom tempo sem me preocupar em fazer fotos de novo, pelo menos uns quatro meses.- Ela começou a me contar tudo o que aconteceu, desde o momento em que as meninas a deixaram nessa casa até o momento em que percebeu que tinha algo muito errado.

Conforme ela ia revivendo os momentos de Pânico e desespero em eu percebi as suas mãos começarem a tremer e por puro instinto peguei uma de suas mãos e entrelacei na minha, pra que ela saiba que a cada palavra eu continuo aqui com ela.

- Você está com nojo de mim não é? Foi tudo culpa minha.- Ela disse e abaixando a cabeça envergonhada limpando uma das lágrimas que escorriam por seu rosto.

- Por que você tá falando isso toda hora?- Perguntei tentando entender como ela pode estar se culpando por algo tão ruim que tentaram fazer com ela. A grande vítima da situação.

- Que a culpa é minha?- Perguntou olhando pra mim e eu apenas assenti, sinalizando pra que ela continuasse enquanto eu faço uma carinho leve com o polegar em sua mão.- Por que é. As meninas perceberam no momento em que viram a casa que aquele lugar não era condizente com alguém que tem tanto dinheiro pra uma simples campanha, mas eu resolvi ignorar tudo e continuar com a programação do dia. Se eu tivesse ido embora naquele momento, ou se eu tivesse percebido que ninguém faz fotos de lingerie assim do nada sem ser dito antes, nada disso teria acontecido. Eu sou uma grande burra e a culpa é minha.- Ela contatou com os olhos mais cheios de lágrimas a cada momento.

Ela não tem culpa de nada, como eu já disse, foi a vítima daquele desgraçado que usou a profissão pra fazer algo assim.

Eu tremi só de imaginar quantas outras mulheres devem ter passado por essa situação com ele mesmo.

- Você não tem culpa de nada, ouviu bem? E não quero mais que pense assim Ami, você não merece se martirizar por uma coisa que fugia do seu controle. - Ela concordou deixando a cabeça no meu peito permitindo que eu a abrace.

Ficamos os dois assim, em um silêncio confortável dizendo pra ela que pode ficar tranquila, eu estou aqui pra protege-la e ajudá-la com tudo o que eu puder.

Esperamos por tanto tempo que o médico viesse que acabamos os dois adormecendo juntos.

Mais um capítulo passando o momento difícil que a nossa Ami teve que viver na vida, mas vamos colocar as nossas esperanças na certeza de que ela vai ficar bem.
Até o próximo capítulo e continuem com os corações prontos pra coisas assim 😥
Comentem e votem bastante pessoal, até a próxima♥️✨

Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Where stories live. Discover now