capítulo 38(final parte 1)

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Amitis

Acordei sentindo uma leve dor de cabeça, resultado da bebedeira com certeza.

Eu precisava daquele momento de diversão entre amigas, mas a familiaridade da Diana com o pole dance com certeza foi a maior surpresa de todas. Ela é tão quietinha que eu simplesmente não esperava.

Estendi a mão para o meu celular bem do lado do meu travesseiro pra ver a hora, mas percebi que tinha uma notificação de email.

Franzi a testa antes de abrir. Que email é esse? Parece de inscrição ou coisa do tipo, só que eu não me inscrevi em lugar nenhum.

Presada senhorita Amitis Smith, o apartamento no qual manifestou interesse recentemente ficou vago, eu, o proprietário estou pessoalmente enviando este email como forma de verificar se ainda deseja ser a minha nova inquilina. Solicito resposta o mais breve possível, atenciosamente senhor Durval.

Terminei de ler o email e vi umas fotos atuais do apartamento que estavam anexadas. O melhor de tudo é que dá pra pagar o aluguel e me manter com o dinheiro que estou recebendo pelos trabalhos de modelo de mãos que consegui pela agência. Eu ainda não me sinto confortável e muito menos segura de fazer as fotos que eu fazia antes então optei por ser modelo de mãos por um tempo, e até que tem sido bem tranquilo na verdade.

O dinheiro não é tanto quanto eu recebia antes, mas não é um quantia tão pequena pra que eu não aceitasse.

O apartamento é bem menor que esse, e muito menos luxuoso também, mas está dentro dos padrões que eu queria então está perfeito. Dentro do que eu posso pagar sem muitos esforços.

Eu deveria estar me sentindo muito feliz com isso, mas por que estou sentindo como se tivesse perdendo alguma coisa muito importante? Eu vim pra cá pra começar uma vida independente, pra morar sozinha e caminhar com as minhas próprias pernas, e agora eu passei de morando temporariamente com um estranho pra morando com o meu namorado. A única coisa que mudou foi o meu status de relacionamento.

Desde que eu parei de fazer meus trabalhos como antes a maior parte das despesas da casa estão nas costas do Léo, ele nunca reclamou, só que eu acho muito injusto afinal ele é só um estagiário, mesmo recebendo muito bem por isso. O irmão dele até deu um aumento super generoso pra ele! Leo tentou recusar, óbvio, como sempre recusa qualquer coisa boa que o Bennet faça, mas seria burrice jogar dinheiro fora só por que essa decisão quem tomou foi o irmão que ele não gosta.

Essa é a diferença entre eu e ele, o Léo está conseguindo fazer o que queria quando se mudou pra cá, está se mantendo sem a ajuda dos pais e como bônus está pagando todas as minhas despesas também, enquanto isso eu estou aqui completamente sem saber se eu consigo fazer o mesmo sozinha. Completamente dependente de mim mesma.

Respirei fundo. Essa mudança vai ser boa pra nós dois, tenho certeza disso.

Me levantei da cama e fui direto pra cozinha onde eu vi uma das minhas cenas preferidas da vida.

O Léo, sem camisa usando apenas uma calça de moletom na frente do fogão, com o rosto um pouco sujo de farinha de trigo enquanto faz um café da manhã pra  nós. Ele sempre tem esse tipo de cuidado comigo.

Todas as manhãs, mesmo sem saber cozinhar, ele assiste algum tutorial na internet pra tentar fazer um café da manhã pra nós dois, e mesmo que algumas vezes fique tão ruim que eu tenha que fazer tudo de novo, é o tipo de coisa que faz com que eu me apaixone cada vez mais por ele.

— Eu achei que você fosse dormir mais que a cama hoje.— Ele disse rindo empurrando um copo de água e um comprimido na minha direção.

Como eu acabei de dizer, ele sempre dá um jeitinho de cuidar de mim.

Olhei para os meus pés e a minha bolinha peluda está pulando tentando chamar atenção, e eu sei que não é querendo colo e sim desejando comida. Um grande esfomeado o meu valente.

— Você gostou de descumprir as minhas regras, não é? Achei que cozinhar fosse minha responsabilidade.— Respondi também rindo enquanto me sento no banco de frente pro balcão.

— Bom, pelo que eu me lembro isso não era uma regra, era uma coisa que eu queria muito e você impôs as regras como condição pra fazer todas as refeições, já que eu não sei fritar nem um ovo.— Realmente ele tem razão. Quem diria não é mesmo? Justamente eu, a pessoa que criou as regras, ser justamente quem as esqueceu.

— Ah é? Estão limpe sua própria bagunça.— Falei empinando o nariz e apontando pra toda a camada de farinha de trigo em cima do balcão.— E eu me lembro bem que isso era uma regra.— Respondi com o nariz mais empinado ainda resultando em uma gargalhada por parte dele.

— Você não acha que essas regras são dispensáveis? Por que pensa comigo, eu já te levo pra todos os lugares sem nenhum problema, por agora você não é a colega de apartamento chata, é a minha namorada.— Ele disse como se estivesse realmente pensando no que estava falando. Me Estiquei e dei um tapa no braço dele.

— Eu nunca fui chata!— Resmunguei.

Ele parou o que estava fazendo e me olhou com cara de tédio.

— Ah, pelo amor de Deus, você parecia uma sirene, "não pode isso, não pode aquilo, blablabla".— Disse tentando imitar a minha voz no fim da frase.

— Eu não precisaria ser se você não vivesse pra me irritar.— Respondi cruzando os braços.

Leo pegou todas as panquecas e colocou em cima da mesa, junto com Nutella e morango.

Logo depois veio até mim e se colocou no meio das minhas pernas sorrindo com tanto carinho que eu quase derreti em seus braços.

Céus, como eu amo esse homem!

— Eu adoro viver pra irritar você, sabia?— Indagou passando a mão delicadamente pela lateral do meu rosto.

— Ah é?— Deixei sair da minha boca a única coisa que seria minimamente inteligível, em um suspiro.

— É sim, por que eu sei que você reclama, mas não consegue mais viver sem mim pra te irritar.— Essa última frase trouxe a minha cabeça de volta pra um detalhe importante. Eu já achei um apartamento.

Me senti muito culpada por deixar ele fazendo planos com nós dos juntos nesse apartamento, quando eu estou organizando uma mudança nas duas costas.

— Não consigo mesmo viver sem sua chatice.— Respondi o puxando contra meu corpo em um abraço apertado.

Todas as coisas que se tornaram as minhas favoritas tem ligação direta com o Léo. O cheiro que eu mais gosto é o dele, só o calor dele me conforta, até meus amigos tem ligação com ele. A atmosfera tem cara de Léo na minha vida, e eu não sei mais se estou pronta pra abrir mão, mesmo que parcialmente de tudo isso.

— Tem uma coisa que eu tenho que te contar, tá bom?— Perguntei um pouco incerta de estar ou não fazendo o que é certo e me convencendo de que é o certo sim. Mais cedo ou mais tarde ele vai ficar sabendo e é melhor que seja assim do que simplesmente chegar em casa e ver tudo o que é meu encaixotado.

Seria muita falta de consideração e ele merece muito mais que isso.

As sombrancelhas dele estão franzidas, com certeza a incerteza na minha voz não passou despercebida por ele.

— É alguma coisa séria? Por que tá parecendo.— Léo disse forçando uma risada pra parecer um pouco menos despreocupado.

— Vamos tomar café, depois eu juro que te conto.— Respondi tentando me convencer de que é por ele que eu estou adiando um pouco mais essa conversa, mas na verdade eu tô fazendo isso por mim mesma. Quero protelar um pouco mais por que eu preciso viver nesse clima perfeito mesmo que seja por só alguns minutos, antes de eu estragar tudo.


Oi pessoallll, tudo bom? Com o nosso casal tá tudo bem até agora hahahahah
A história acabando e eu sendo má.
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Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Where stories live. Discover now