capítulo 34

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Leonardo

Eu nunca me senti tão ansioso em momento nenhum na minha vida inteira. Sim eu quis sair da casa dos meus pais para ter a minha independência, mas isso nunca significou que a opinião da minha família sobre algo importante para mim deixou de ser relevante. Muito pelo contrário, até mesmo quando eu decidi me mudar levei dias tentando fazer a minha mãe aceitar a ideia por que não queria deixá-la chateada comigo.

Muita gente pode enxergar isso como obediência cega e desmedida, no entanto eu vejo como respeito profundo por tudo o que eles pensam, mesmo que eu não concorde. Tanto que o maior desejo dos meus pais é que eu e o Matteo voltemos a ser amigos do Bennet e mesmo entendendo e respeitando, eu sempre disse que isso definitivamente não vai acontecer, não enquanto ele não faz nada para que aconteça.

Quando consegui que a minha mãe ficasse tranquila com a minha mudança eu consegui ir embora com o coração mais leve e agora eu tenho uma coisa muito mais importante para contar pra eles dois, algo que não vai deixar a minha mãe aflita e sim muito feliz.

O engraçado é que mesmo tendo absoluta certeza que tanto o meu pai quanto a minha mãe vão adorar saber disso, eu ainda fico gelado de nervoso e rindo feito um bobo sem controle da própria boca.

— Melhor eu dirigir, não acha? Você está tremendo mais que vara verde.— Ouvi a Ami debochar atrás de mim. Essa sim é uma ótima atriz, deveria investir na carreira. Amitis consegue fingir melhor que qualquer pessoa que não está totalmente apavorada no momento, eu não sei como ela consegue, mas tenho total certeza de que ela está apavorada e muito mais nervosa do que eu.

A convivência faz coisas estranhas com as pessoas, quando vim morar aqui pensei que ela seria uma pedra no meu sapato e que esse contratempo duraria por pouco tempo, mas olhando para mim agora o tiro saiu totalmente pela culatra.

Eu não só amei ter essa pedrinha na minha vida, como sei desvendar ela completamente e nem me dei conta de como aprendi a fazer isso.

— De jeito nenhum, madame mentirosa, pode deixar que eu consigo chegar lá direitinho.— Respondi dando um beijinho no valente, que só faz dormir e comer o dia inteiro. Acho que esse cachorro veio com defeito, parece um neném que só faz dormir e não tem quem consiga atrapalhar o sono sagrado dele.

A Ami pegou a travessa de doce de morango que ela cismou de fazer ontem pela madrugada para não chegar de mãos vazias na casa dos meus pais. Eu tive uma crise de riso na hora, mas ela jogou uma colher de pau em mim e eu recebi a informação como um pequeno sinal de que era perigoso demais brincar naquele momento, então como eu sou um grande inútil na cozinha, me virei e voltei para o quarto.

— Madame mentirosa? Eu não sou mentirosa.— Ela respondeu com a voz de indignação assim que entramos no carro me fazendo rir, o que foi uma grande benção já que deu uma boa aliviada na tensão.

— É sim, tá aí fingindo essa pose de despreocupada sendo que ontem quando foi dormir tinha leite condensado até no cabelo.— Acusei fazendo com que seu rosto tomasse um tom muito engraçado de vermelho. Difícil saber se é se raiva, vergonha ou ambos.

— Eu não podia aparecer lá de mãos vazias, já expliquei isso, e eu lavei o cabelo hoje de manhã.— Ela respondeu abaixando o visor do carro olhando no espelho conferindo se o leite condensado tinha mesmo sido eliminado dos fios.

O melhor de tudo é que nem tinha doce nenhum no cabelo dela, eu comecei a brincadeira desde a hora que ela acordou e depois não tive coragem de desmentir, ela fica assustadora quando está nervosa.

— Todo mundo vai adorar o doce.— Falei convicto já que eu sei muito bem que ela sempre arrasa na cozinha.

Voltei meus olhos pra estrada e agradeci mentalmente pelo engarrafamento ser o mínimo possível, eu ia adiar ter que ficar preso aqui mais tempo do que o necessário.

— O seu irmão vai estar lá?— Amitis perguntou sem olhar pra mim, concentrada em sua missão de amassar o papel alumínio que ela tinha colocado em cima da travessa pra proteger o seu doce.

— O Matteo? Claro que vai, docinho, ele e a Esmy estão super animados do mesmo jeito que eu, acho até que o Luís também vai.— Respondi sorrindo. É um jantar em família, claro que o Matteo tem que estar presente, afinal ele é a minha metade já que somos gêmeos.

— Tô falando do outro irmão.— Ela disse com a voz um pouco mais baixa como faz toda vez que toca nesse assunto. Eu juro que não entendo o motivo de todo mundo voltar nesse assunto, não fui eu que me afastei dele, foi ele quem fez todo o serviço, eu só estou fazendo o que ele mesmo começou.

— O Bennet? Provavelmente a minha mãe chamou, ela ainda tem a ilusão de juntar a família inteira de novo.— Respondi seriamente, esse assunto sempre me embrulha o estômago.

— Ela é mãe né, natural querer a família toda unida, e sem querer me meter mas já me metendo, você e o Matteo deveriam conversar com ele pra entender o que rolou.— Ela disse e me olhou com um pouco de receio que eu a trate mal por ter se metido em um assunto tão particular e ao mesmo tempo tão aberto pros olhos de todo mundo.

— Isso não vai acontecer, se ele quisesse explicar ele mesmo teria feito isso, a muitos anos.— Respondi feliz de ver a fachada da casa dos meus pais. Pela quantidade de carros estacionados, provavelmente todos já estão aí nos esperando.

— A Abby trabalha com ele você sabe, e ela fala que ele não é tão ruim assim.— Amo disse destravando o cinto de segurança assim que eu abri o portão de casa. Mesmo que nenhum de nós more mais com eles, com exceção da Esmy é claro já que ainda está procurando um apartamento, os nossos pais fazem questão de nós deixar com as chaves daqui por que é como o meu pai sempre diz, pode passar o tempo que for, mas essa sempre vai ser a nossa casa.

— Abby o conheceu no momento dele de cãozinho arrependido, não sabe nada sobre ele.— Desci do carro indo de encontro a ela do outro lado do carro.

— Sim, mas ela reclama dele sempre que tem a oportunidade, então eu achei que...—Antes que ela conclua a frase eu fiz um sinal com a mão a interrompendo decidido a falar pra ela o que eu só tive coragem de admitir pra mim mesmo.

— Eu não odeio o Bennet, Ami. Mas é muito mais fácil pra mim ter raiva do que sentir a falta dele.— Falei olhando nos olhos dela e parece que finalmente a Amitis compreendeu o que eu estava tentando dizer.

— você ainda ama o seu irmão.— Não era uma pergunta e sim uma afirmação, um bem solene na verdade como se estivesse ligando todos os pontos e obtendo resultados promissores.

Eu assenti com a cabeça.

— Mas não conte pra ninguém, com amor ou não eu ainda tenho raiva. Agora chega desse assunto, vamos lá por que eu tenho que apresentar a minha namorada pra minha família.— Falei abrindo um sorriso largo e satisfeito.

Olá pessoalllllll, tudo bom?? Esse foi o capítulo de hoje, espero que vocês tenham gostado e se divertido um pouco lendo.
Votem e comentem MUITOOOOOO
Até o próximo capítulo ♥️

Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt