capítulo 1

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Amitis

Desde muito nova eu aprendi que tudo na nossa vida depende do nosso esforço e apenas isso. Não existem fórmulas mágicas, coisas não caem do céu e justamente por eu saber disso sempre trabalhei o máximo que pude conciliando com meus estudos e economizei tudo o que eu consegui, estrelas cadentes não realizam os nossos sonhos de verdade, precisamos lutar por casa um deles, bons resultados surgem como prêmios por dedicação.

—Mãe eu já terminei de fazer as malas.— É, esse é o meu prêmio. tudo o que eu economizei foi para conseguir ir atrás dos meus sonhos, um deles é ser uma verdadeira escritora.

Eu tenho alguns projetos inacabados, mas com a rotina do trabalho e dos estudos eu nunca tive muito tempo livre para me dedicar a isso, mas agora as coisas vão mudar, eu finalmente vou conseguir encerrar algum trabalho.

— O seu pai já esta esperando pra te levar. — Dei um beijo no rosto dela. Eu vou sentir saudades, mas é como ela mesmo diz "filhos a gente cria pro mundo", tá na minha hora de ir buscar o meu mundo.

A viagem até a casa nova foi bem curta, meu pai está preocupado como sempre fica quando se trata de mim, mas se tem alguém no mundo que confia em mim e nas minhas decisões, esse alguém é ele.

— Se der qualquer problema você sabe que lá ainda é a sua casa não é? pode me ligar se precisar e eu venho correndo. — Eu ri. Eu sei que ele vem o mais rápido possível, mesmo que a grande emergência seja apenas um grande surto de saudade apertada. Pegamos todas as minhas malas e ele me ajudou colocando tudo no apartamento.

Eu sou muito sortuda, com certeza eu devo ter nascido virada para a lua, isso para dizer o mínimo por que esse é com certeza o melhor apartamento vago que eu encontrei. E a melhor parte, cabe perfeitamente no meu orçamento.

Eu já fiz alguns trabalhos como modelo, e eu realmente gosto disso principalmente o fato de pagar muito bem por campanha, mas, a minha paixão é outra.

Arrumei todo os meus livros e todas as fotos no meu quarto deixando com mais cara de lar, terminei quando começou a anoitecer e eu percebi que eu estou realmente precisando de um banho. 

Assim que eu acabei o banho e saí do banheiro ouvi um barulho de porta sendo aberta.  A porta da frente sendo aberta.

Não é possível que no meu primeiro dia aqui eu vou ser assaltada. De verdade mesmo eu só queria descansar. 

Eu peguei o meu celular para ligar para a policia imediatamente, no entanto antes que eu possa realizar a chamada a porta do meu quarto é bruscamente aberta. 

virei assustada e vi o assaltante perfeitamente emoldurado pela minha porta escancarada.

— Quem é você? — O assaltante pergunta com a voz bastante contrariada e eu franzi a testa. 

Existe regras de educação e apresentação para assaltos agora? Isso sim que eu chamo de novidade.

Permaneci em uma distância segura enquanto respondia.

— Você invadiu a minha casa. — Respondi desconfiada e ele começou a rir descontroladamente.

— Eu não tô gostando da brincadeira, saia da minha casa por favor. — Olhei um pouco e vi que ele esta cheio de malas e uma mochila pendurada no ombro.

Agora, mesmo que com uma luz insuficiente para analisar com precisão eu consegui ver que o estranho é absurdamente bonito e imponente, tem os cabelos morenos, braços fortes e olhos hipnotizantes.

— Já passou pela sua cabeça que você está no apartamento errado?— Coloquei o celular de volta na cama já que eu não precisaria dele, respirei fundo para me distrair da beleza e do magnetismo dele.

Ele olhou para a chave em sua mão e me mostrou. Ele esta no apartamento certo e eu também, a menos que estejamos em um grande mundo paralelo, é completamente impossível duas pessoas terem a chave do mesmo apartamento.

— Com certeza foi um erro da corretora, vamos amanhã pela manhã resolver isso. Agora se não se incomoda, pode sair e voltar aqui só amanhã? — Falei permitindo o meu cansaço do dia ser refletido, acreditando que ele usaria o bom senso pelo menos uma vez nessa cinversa. Ele aparentemente me ignorou completamente e levou todas as suas malas para o quarto que estava vago.

— Eu vou ficar aqui até que tudo esteja resolvido. boa noite. — Ele simplesmente entrou no quarto e fechou a porta na minha cara.

Acho que quando meus pais perguntarem como foi a primeira noite sozinha eu vou omitir esse incidente que no fim das contas nem vai importar muito. Amanhã tudo vai ser resolvido e se eu já não tivesse deixado pago 6 meses de aluguel iria procurar um outro apartamento agora mesmo.

Deixei separado um envelope com o contrato e os comprovantes de pagamento e fui dormir. 

Corrigindo, tentar dormir.
Tudo o que eu consegui foi virar e virar na cama, de um lado pro outro totalmente inquieta e incomodada por ter um completo estranho dormindo no quarto ao lado.

Ele pode ser um assassino, um estuprador, ou sei lá mais o que, a lista é bastante extensa.

É aterrador não poder fazer nada.

Levantei da cama e fui procurar alguma coisa que eu poderia usar pra me defender em caso de um possível ataque.

Uma mulher treinada em assistir casos criminais por diversão é uma mulher treinada para quase qualquer situação.

Um abajur? Será que eu consigo apagar um homem daquele tamanho com um abajur? Acho que não, mas por via das dúvidas eu vou deixar aqui na mesinha do lado da cama.

Continuei procurando.... Um perfume! Isso pode me ajudar na fulga, é só espirrar nos olhos do cretino e pá! Correr muito, até meus pulmões não aguentarem mais.

Coloquei o perfume do lado do abajur, as minhas duas armas, uma ao lado da outra.

Andei mais um pouco e peguei uma latinha decorativa, coloquei alguns pincéis dentro e encostei na porta.

Se ele tentar entrar aqui enquanto eu estiver dormindo a lata vai fazer barulho, eu vou acordar e vou pegar o abajur e o perfume que estão estrategicamente do meu lado.

Com certeza é um plano infalível.

Deitei na cama um pouco mais tranquila.

E se os meus planos infalíveis forem da grife cebolinha? Todos infalíveis e todos acabam dando errado.

Fiquei estática olhando para a porta ate conseguir convencer a minha mente de que não tem motivos pra ficar tão apavorada.

As mesmas chances que tem de ele ser uma pessoa ruim, são as de ser uma pessoa boa.

50 a 50.

Eu prefiro acreditar que é só uma pessoa boa e mal educada que teve a infelicidade de entrar no apartamento que já tinha sido alugado, amanhã tudo vai se resolver e pronto! Nós nos despedimos com uma bela amizade.

Se bem que ele não parece muito disposto a construir uma base sólida para nossa "amizade" forçada e isso pode ser um problema. Bom, se eu analisar todos os fatos de maneira objetiva, o cenário completo não parece tão ruim assim, afinal ele dormir aqui é uma solução temporária e improvisada, apenas por hoje.

Amanhã na corretora tudo vai ficar claro como água e vamos cada um para um lado, duvido muito que acabemos nos esbarrando novamente. É muito pouco provável que isso aconteça.

Então no fim das contas eu não tenho muito com o que me preocupar, essa situação insuportável e desconfortável vai durar um total de uma única noite. Depois que isso tudo passar eu vou poder tranquilamente apagar esse dia da minha memória e enfim estarei prontissima para viver os próximos dias que vou ter nesse apartamento, todos infinitamente melhores que o de hoje com certeza.
Pensando nisso eu comecei a sentir meu olhos de fecharem lentamente.
Deve ser só isso, uma pessoa boa que parou aqui por engano....

Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Where stories live. Discover now