Capítulo 8 - Lady de Shalott

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     Por um instante, Alexa ficou perplexa e sem qualquer reação. De maneira alguma esperava por aquelas palavras de Sophia.
     – Como assim? Por que? O que aconteceu? – perguntou Alexa, que por fim conseguiu falar.
     – Eu só quero que você se afaste do meu filho. Só isso! – disse Sophia, tão calma, que soou assustadora.
     – Eu não entendo. Estávamos nos dando tão bem... O que eu fiz pra você mudar de ideia assim?
     – Você é uma péssima influência pra ele.
     – Como? Do que você está falando?
     Sophia deu alguns passos leves e parou bem diante de Alexa.
     – Meu filho merece alguém muito melhor do que você. Alguém que o ame e o faça feliz de verdade. Alguém capaz de fazer TUDO por ele!
     – Mas eu o amo, Sophia. De verdade! Você sabe disso! E vou fazê-lo muito feliz.
     – Para de me contestar e faz o que eu estou mandando! – gritou. Ela apertou o braço de Alexa com força e a fitou, furiosa. – É para o seu próprio bem! 
     – Sophia, você está me machucando. Para, por favor. – disse, apavorada.
     – Isso é o mínimo que vai te acontecer se você não me obedecer. – deu um riso um tanto diabólico e soltou o braço da moça.
     Alexa se afastou e deu um suspiro, aliviada.
     – Pega suas coisas e dá um fora da minha casa. Nunca mais apareça na minha frente... Você tá me ouvindo? – gritou outra vez.
     Alex permaneceu em silêncio, sem nada dizer.
     – Ah, e é claro... – Sophia soltou mais uma vez seu riso diabólico. – É bom essa conversa não chegar nos ouvidos do meu filho. Entendeu? É para o seu próprio bem.
     Ela parou outra vez diante da moça, que estava encostada na porta. Sophia destrancou a porta e passou suas mãos sobre os cabelos de Alexa, assustada.
     – Se cuida, querida! – disse, novamente com o mesmo riso.
     Ela se afastou e Alexa saiu, as pressas.

     Taylor chegou em casa e procurou por Alexa, mas não a encontrou. Ele avistou Sophia, que estava sentada lendo uma revista.
     – Mãe. Você viu a Alexa? – perguntou Taylor, intrigado.
     – Sim, querido. – disse Sophia, calma, enquanto tomou uma taça de vinho.
     – Sério? Onde ela está? Procurei pela casa toda, mas não a encontrei.
     – Ela foi embora!
     – Como? – perguntou, confuso?
     – Ela te deixou, querido. – disse outra vez, calmamente, enquanto tomou outra taça.
     – O quê? Mãe, como assim? Do que você está falando?
     – Foi o que aconteceu, querido. Ela me disse que queria ir embora. Subiu, pegou suas coisas, e se foi.
     – Mas por quê? Sem me dizer nada... Isso não faz sentido, mãe.
     – Eu sei, querido.
     – Nós íamos passar o fim de semana todo juntos. Ela não iria embora assim, sem me dizer nada.
     – Eu sinto muito, querido. Mas foi o que aconteceu.
     Ela se levantou. Ele ficou em silêncio.
     – O único que sei é que ela recebeu uma ligação. E depois disso, ficou um tanto nervosa.
     – Uma ligação? De quem, mãe? – perguntou, intrigado.
     – Não sei. Mas antes de sair, ela disse... – se calou por um instante.
     – O que foi que ela disse, mãe?
     – Ela disse pra você nunca mais procurá-la. – disse, dissimuladamente, enquanto se serviu de outra taça.
     – O quê? Mãe, o que você tá dizendo? Isso... Isso não faz sentido algum.
     – Eu sei, querido. E sinto muito. Mas é verdade. Ela foi embora! Pra sempre!
     – Não, mãe! Não é possível! – indagou ele, nervoso. – Isso não está certo. Você deve ter entendido errado. Eu vou até a casa dela ver o que aconteceu.
     – Não, filho! Fica aqui comigo! – exclamou, exaltada. – Ela não te merece... Não depois de ter te usado desse jeito!
     – Mãe, do que você está falando? O quanto você já bebeu? – disse ele,  que pegou a chave do carro.
     – Você não pode cair no jogo daquela vadiazinha! Não pode! Eu não vou permitir! – se exaltou outra vez, e segurou o braço dele.
     – Para de falar essas coisas, mãe! Isso não é verdade. Para de falar essas coisas dela! – disse ele, irritado, e se afastou.
     – Eu só estou tentando te proteger, querido. Estou te poupando de sofrer por alguém que não te merece. – ela foi na direção dele, que recuou.
     – Você está completamente fora de si, mãe. Vê se para de beber e me deixa em paz! 
     Taylor deu um olhar de desprezo para Sophia e saiu furioso, batendo porta.

     Aquele olhar dele ao sair, foi fatal para ela, que se jogou no sofá. Foi a primeira discussão séria que Sophia tivera com Taylor durante sua vida inteira. Ela se sentiu destruída. Apertou com força a taça que segurava nas mãos, e essa, se quebrou por inteira. Um pouco de sangue escorreu de suas mãos e ela permaneceu ali, imóvel. Em seguida, se levantou calmamente. E descontroladamente, começou a rir. O mesmo riso que já dera antes. Um riso diabólico, maléfico, como de uma alma atormentada. Foi como se naquele momento, estivesse fora de si, dominada por uma força carregada de sentimentos ocultos. E então, sua face mudou por completo. Seu rosto estremeceu e tinha uma expressão gelada. Se pareceu um tanto com a expressão da Lady de Shalott, ao ser abatida pela maldição enquanto seguiu de barco em direção a Camelot.

     Para fora esvoaçou a teia e pairou ao longe;
     O espelho quebrou de lado a lado:
     “A maldição se abateu sobre mim”, gritou a Lady de Shalott.

(The Lady of Shalott, poema ou balada vitoriana, escrito pelo inglês Alfred Tennyson, 1809 – 1892).






Uma Estranha ObsessãoWhere stories live. Discover now