Sophia chegou ao cativeiro de Alexa. Tirou da bolsa uma garrafa com água e um pote pequeno com comida. Entregou para Damon e parou diante da figura pálida amarrada a cadeira.
– Como vai a nossa prisioneira? Tem se comportado bem? – perguntou Sophia, com deboche.
– Como um anjo. – disse Damon, que riu.
– Ótimo!
Alexa fez silêncio. Estava extremamente pálida e mais se parecia a um fantasma. Mal conseguia mover um músculo.
– Pode servir um pouco de água e comida para ela. Não quero que pense que sou uma desalmada. – ela riu.
– Como quiser! – falou ele.
Damon levou a garrafa de água até a boca de Alexa e permitiu que ela tomasse uns goles.
– O que você ainda quer de mim, Sophia? – perguntou Alexa, ainda fraca.
– Veja como está pálida! – disse Sophia, que passou as mãos pelo rosto de Alexa.
Ela pegou o pote com a comida e colher.
– Coma isso. Vai ajudar a te manter viva por enquanto.
Ela colocou um pouco de comida sobre a colher e levou até a boca de Alexa, que não se abriu.
– Eu não quero essa porcaria. Eu não quero mais nada que venha de você! Prefiro morrer de fome! – exclamou Alexa.
Ela empurrou a colher com o rosto e cuspiu na cara de Sophia.
– Sua vagabunda! – exclamou Sophia, furiosa, jogando o pote no chão.
– É assim que você me agradece, sua cadela? Eu realmente vim aqui na intenção de te dar mais umas horas de vida... Agora eu quero mesmo é te ver definhar. Que morra de fome então!
– Eu amo o Taylor! E ele também me ama! Isso é algo que você jamais vai mudar! – gritou Alexa.
– Ah, é mesmo? Vamos ver o que ele vai pensar quando te ver num caixão! De uma vez por todas, você estará fora do meu caminho. Pra sempre!
– Você ainda não entendeu, não é Sophia? Pode fazer o que quiser comigo, isso nunca vai mudar!
– O Taylor é meu! Meu! Você está me ouvindo? – gritou Sophia. – Eu o amo como ninguém jamais o amará!
– Você é louca! Louca! Você não entende que ele é seu filho? Que tipo de monstro você é?
– Damon! Vamos! – disse Sophia, olhando para ele. – Deixe essa maldita aí até morrer! E depois volte e jogue seu corpo na mata para que os animais a devorem.
– Certo. Como quiser. – assentiu ele.
Sophia encarou o rosto pálido de Alexa outra vez.
– Até nunca mais, querida! Foi um prazer te conhecer! – falou, com um riso.
Acompanhou Damon e eles foram embora.
Brando saiu apreensivo de seu quarto e avistou Taylor, na sala.
– Ei, cara. Eu preciso muito falar com você. É urgente! – disse ele, nervoso.
– O que foi? Pode falar! O que aconteceu? – perguntou Taylor, intrigado.
– Foi ela!
– Ela quem? Do que você está falando?
– Sophia! Foi a sua mãe quem sumiu com a Alexa! – falou.
– Espera... O quê? Como você...
– Foi com ela que eu estava ontem! Ela me ligou desesperada dizendo que estava se sentindo sozinha e disse que queria me ver. Então eu fui até lá.
Taylor fez silêncio e não disse nada por enquanto. Fitou o rosto corado de Brando.
– Espera... – falou, pensativo. – Se ela só queria conversar, por que você não voltou pra casa ontem? O que aconteceu entre vocês?
Brando foi quem dessa vez fez silêncio. Ele desviou o olhar.
– Brando, você... Você dormiu com a minha mãe? Foi isso? – gritou Taylor, exaltado.
– Eu sinto muito, cara. De verdade! Eu não tinha essa intenção. Simplesmente aconteceu.
– Aconteceu? Você tem noção do que está me dizendo? Você é meu amigo. E ela é minha mãe! Como isso aconteceu? – ele estava furioso. – Cara, eu confiava em você. Você era como um irmão pra mim. Não posso acreditar que tenha feito isso comigo!
– Cara, por favor, me perdoa. Eu sinto muito!
Brando se aproximou de Taylor, desesperado.
– Não encosta em mim! – gritou. – Eu não consigo mais olhar na sua cara!
Ele se afastou e encarou Brando.
– Eu só quero que você me diga uma coisa... Por que você está dizendo que ela foi responsável pelo sumiço da Alexa? O que você sabe?
– Quando eu acordei de manhã, o celular dela tinha apitado. Era uma mensagem de um tal de Damon. Na mensagem, ele disse que “ela estava quase morrendo e perguntou o que fazer”. “Ela” só pode ser a Alexa.
– Isso é tudo? – perguntou.
– Sim. É tudo que eu sei.
Taylor pegou suas coisas que estavam na casa de Brando e colocou tudo dentro de sua mochila.
– Cara, por favor! Espera aí! Pra onde você vai? – perguntou Brando.
– Pra bem longe daqui. Nunca mais chegue perto de mim! – exclamou.
– Calma aí, Taylor! Por favor, vamos conversar.
Brando colocou a mão sobro ombro de Taylor, que virou furioso e deu um soco na cara dele. Taylor o encarou com desprezo e foi embora.
Já era noite. Sophia estava em casa, debruçada sobre um sofá na sala segurando uma garrafa de vinho e uma taça. Ela escutou um forte barulho na porta, levantou e foi até lá. Seus olhos se arregalaram quando avistou Taylor.
– Ah, querido! Você voltou! Exclamou Sophia, que sorriu.
– O que você fez com ela? – perguntou Taylor, em tom elevado.
– O quê? Do que você está falando?
– Da Alexa! Ela desapareceu de repente e ninguém mais a viu. Ninguém tinha motivos pra desaparecer com ela, a não ser você! – ele se aproximou e gritou. – Anda, fala! O que você fez?
– Eu não fiz nada, querido! Como você pode pensar algo assim de mim? Eu nunca faria uma coisa dessas! – ela segurou o braço dele.
– Me solta, mãe! Tira a mão de mim! – gritou, furioso.
– Por favor, filho! Eu estou dizendo a verdade! Acredita em mim! – suplicou.
– Se você fez alguma coisa com ela, eu juro que não vou descansar até a justiça ser feita! Eu nunca vou te perdoar e você nunca mais vai me ver na vida!
Taylor subiu as escadas rapidamente e foi para o seu quarto. Pegou mais algumas roupas e enfiou dentro da mochila. Sophia subiu e foi atrás dele.
– Querido! O que você vai fazer?
– Eu vou embora de vez daqui! Não confio mais em você e não acredito em nada que saia da sua boca.
– Não faz isso comigo, por favor! Você é tudo, tudo que eu tenho! – disse ela, que se derramou a chorar. – Eu não vou aguentar ficar mais um segundo sozinha nessa casa longe de você! Não faz isso comigo!
– Você não está sozinha. Você tem o Brando. Ele com certeza pode te fazer companhia! – disse ele, que a encarou com desdém.
Ela ficou em silêncio.
– Surpresa? Ele me contou! Como você pôde chegar a esse nível? Dormir com o meu melhor amigo? É essa a confiança e respeito que temos um pelo outro?
– Me perdoa, por favor! Eu não fiz por mal! Estava me sentindo muito triste. Você foi embora e me largou aqui sozinha. Não foi minha intenção magoar você, amor. Eu te juro!
– Sabe o que eu acho? – Taylor parou bem diante de Sophia. – Você nunca se importou com ninguém! Nunca amou alguém de verdade! Nem mesmo a si própria! – ele a encarou nos olhos com total desprezo.
– Para! Por favor! Você está me machucando falando essas coisas.
– Acho que comecei a entender o porquê meu pai te abandonou. – ele também estava chorando. – Adeus, mãe!
– NÃO! Não! Por favor! Por favor! – disse ela, que segurou nas pernas dela. – Eu te amo! Por favor, não me deixa! Eu te imploro! Não faz isso comigo. Por favor! – disse, aos pratos.
Taylor saiu do quarto e Sophia se rastejou atrás dele. Estava destruída, completamente fora de si.
– Não faz isso comigo! Por favor! Eu te amo! – gritou.
Ele bateu a porta e não deu um só olhar para trás.
Sophia pegou um jarro de vidro e tacou na direção da porta. Ela começou gritar descontroladamente e quebrou vários objetos dentro da casa.
Taylor saiu pela entrada da casa aos prantos e completamente desolado. Foi em direção ao seu carro e esbarrou num homem na calçada.
– Perdão! Eu não tinha te visto. Me desculpa, por favor. – disse o homem, que encarou Taylor.
– Tudo bem. Com licença! – disse ele, sem mal olhar pra cara do homem à sua frente.
– Por favor, espere! – disse o homem, que impediu sua passagem. – Você mora aqui, nessa casa? Você é o Taylor, filho da Sophia Clarke? – uma expressão de surpresa e emoção se fez notar sobre seu rosto.
– Quem é você? Por que está me perguntando essas coisas? – perguntou, incomodado.
– Eu sou... – deu uma pausa. – Eu estava procurando pela sua mãe. Preciso tratar com ela de alguns assuntos pessoais.
– Não me interessa nada que esteja relacionado a minha mãe! – respondeu, seco. – Agora com licença. É sério, eu preciso ir!
– Tudo bem. Me desculpa. Vai lá! – disse, liberando o caminho.
Taylor entrou no carro. Encarou por uns instantes aquele homem parado na calçada. Algo de súbito passou por sua cabeça, mas não deu importância e foi embora.
O homem permaneceu parado até que Taylor fosse embora. Uma lágrima escorreu de seus olhos. Ele seguiu em direção a casa de Sophia e atravessou o portão, que Taylor deixou aberto. Se aproximou da porta e viu que igual estava aberta. Entrou e pisou com cuidado ao avistar inúmeros cacos de vidro sobre o chão. Observou com estranheza a casa repleta de objetos espalhados. Parou diante de uma parede e avistou vários quadros e retratos com Sophia ao lado de Taylor. Seus olhos se fixaram naquilo.
Sophia voltou da cozinha com uma taça de vinho cheia nas mãos. Ela foi até a sala e avistou um homem parado, de costas para ela, observando os retratos.
– Oh, Taylor? É você? Você voltou! – exclamou, chorando e com extrema emoção.
Ao ouvir aquela voz, o homem se virou imediatamente. Seus olhos azuis se encontram de súbito aos dela. A expressão de Sophia foi de tremendo choque ao ver o rosto do homem. Parou imóvel, com os olhos fixos aos dele. A taça que segurava escapou de suas mãos e foi de encontro com o chão, se desfazendo em pedaços. Aquelas duas figuras imóveis permaneceram ali, em silêncio, há apenas míseros metros de distância. Encaravam um ao outro.
– Não! Não pode ser! – exclamou a figura perplexa de Sophia. – Matt!!!
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Uma Estranha Obsessão
Mystery / ThrillerSophia Clarke é uma jovem mãe e viúva, que vive com seu filho Taylor, em Los Angeles. Após passar por uma juventude conturbada, ela subiu na vida e se tornou rica e bem-sucedida. Agora ela tem uma vida aparentemente perfeita e invejável, com tudo e...