Capítulo 16 - Confrontada

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Sophia seguiu perplexa e sem reação. Chegou a duvidar se tudo aquilo era mesmo real.
- Não pode ser! Matt! - exclamou. - Você voltou! Você voltou para mim!
Ela foi correndo na direção dele e o agarrou. Segurou em seu pescoço e o fitou. Aproximou seu rosto ao dele e o tentou beijar. Ele segurou os braços dela com força e a empurrou.
- Eu não voltei pra isso! Muito menos pra você! - ele a fitou, furioso. - Você sabe muito bem porque estou aqui!
- Eu sei, meu amor. O nosso filho! Você veio por nosso filho! - seu rosto estava repleto de lágrimas. - Agora podemos ser uma família feliz!
Sophia deu leve um riso. Mas não era um riso como os outros, como a face do mal. Era um riso doce, sincero e genuíno. Sua expressão era pura, calma e de extrema admiração para o que estava diante de seus olhos. Não havia maldade naquele momento. Era apenas uma figura frágil e emocionada que estava ali presente.
- Nunca! Eu nunca voltaria pra você! - gritou Matt. Seu tom era ainda mais elevado. - Você é a pior pessoa que eu já conheci na vida, Sophia! Você destruiu a minha vida!
Ele a fitou furiosamente, como se houvesse sangue em seus olhos.
- Não fala assim, meu amor. Tudo o que eu fiz foi pensando em nós. Nós três! - disse, calma.
- A única coisa que eu quero de você é o meu filho! Eu encontrei com ele lá fora antes de entrar. Era ele, não era?
- Sim, era ele. Ele é lindo, não é? Puxou o pai! - disse. Um genuíno encanto ainda tomava conta de seu rosto.
- Como você é sínica, Sophia. Não mudou em nada! - exclamou. - O que você fez com o meu filho pra ele estar daquele jeito? Ele estava completamente transtornado e chorando. - ele se aproximou dela e a agarrou firmemente pelo braço. - Já não basta toda a desgraça que você causou na minha vida? Na vida da minha esposa?
- Esposa? Você e aquela lá... Qual era o nome da vagabunda mesmo? - ela riu. Mas agora era um riso de deboche.
- Cala essa sua boca! Não vou permitir que você ofenda a minha mulher desse jeito! - gritou ele, furioso, apertando ainda mais o braço dela. - Mas quer saber? Sim! Nós nos casamos! A Becky é a mulher que eu amo e que sempre vou amar.
- Ah, é mesmo? - falou, outra vez com deboche. - Eu tenho certeza que ela nunca soube te satisfazer como eu!
- Você não é NADA pra mim, Sophia! Nunca foi! Você morreu pra mim faz anos! Sabe o que você é? Uma louca! É isso que você é! - ele a encarava com total desprezo.
- Isso não é verdade, Matt. Você me amou de verdade. Assim como me ama e me deseja até hoje! Eu sinto isso! - disse ela, que lançou um intenso olhar pra ele.
- Olha o que você está dizendo... a Becky sim é tudo pra mim! Tudo que eu tenho! A mulher que eu amei de verdade! - deu uma pausa. - E teríamos sido mais felizes se não fosse por você. Se você não tivesse feito o que fez com a gente. Como você foi capaz?
- Se eu não tivesse o quê? Do que você está falando, meu amor? Eu nunca fiz nada que prejudicasse você. E você sabe disso. - disse ela, outra vez com o tom calmo e tranquilo.
- JÁ CHEGA, SOPHIA! Para de ser sonsa! - gritou ele, ainda mais enfurecido.
Matt empurrou Sophia contra o chão e ela caiu. Ela ficou imóvel naquela posição e não fez questão de levantar.
- Você realmente acha que eu não sei a verdade? Todos já sabem. Todos! E você vai pagar por tudo que você fez! Você vai pagar, Sophia! - disse ele, que a encarou sobre o chão.
- Você me machucou, Matt. Olha o que você fez! - disse ela, que levantou o braço sangrando com um caco de vidro adentrado.
- Estou? E como você acha que eu e a Becky nos sentimos depois de tudo que você fez? Como acha que nos sentimos depois do que fez com o nosso filho?
Matt se agachou e parou bem diante de Sophia. Ele olhou profundamente nos olhos dela e começou a chorar.
- O filho que não saiu do seu ventre! O filho que não era seu! O filho que eu e a Becky esperamos tanto pra nascer, mas que não conseguimos acompanhar o seu crescimento. Você tem noção da dor que isso nos causou? - seu olhar em lágrimas a encarou com total desprezo. - E sabe por quê? Porque você nos roubou esse direito. Nos roubou esse quando roubou o nosso filho!
Sophia se derramou em lágrimas após ouvir aquelas palavras. E depois, começou a gritar.
- Não! Isso não é verdade! O Taylor é meu! Meu filho! - exclamou, aos gritos. - Eu o criei! Eu dei o amor e o carinho que ele sempre precisou! Ele é meu filho!
Matt se irritou e deu um forte soco sobre o chão. Sophia se sobressaltou, assustada.
- Você é a pior pessoa que eu já conheci na vida! Como pode viver tanta crueldade dentro de uma só pessoa? Todos os dias da minha vida eu me arrependo por ter te conhecido!
- Não fala assim, Matt. Por favor! - disse Sophia, atordoada. Ela se arrastou aos pés dele. - Eu sempre te amei e sempre vou te amar! Você e o nosso filho são as coisas mais importantes na minha vida! Por favor, Matt! Todos esses anos eu segui te amando! Sempre amei você, Matt! Me perdoa! Por favor!
- Não, Sophia! Nunca! Eu nunca vou te perdoar! Você não merece o perdão de ninguém. Nem mesmo de si própria! - ele se afastou.
- Por favor, Matt! Fica comigo! Por favor! Eu preciso de você, Matt! Eu te amo!
Ele ficou em silêncio e apenas observou aquela figura transtornada sobre o chão.
- Depois de tantos anos, finalmente conseguimos te encontrar! - falou, com certo prazer no tom. - Não houve uma só noite em que não pensamos no nosso filho. Em como ele estava. Se estava bem. Se estava feliz... Agora que te encontramos, você vai pagar por tudo, Sophia! Por tudo! - exclamou.
Ela apenas o observou.
- E tem mais... - agachou diante dela outra vez. - Você nunca mais verá o meu filho! Ele vai saber de toda a verdade e nunca mais vai olhar na sua cara. Você vai acabar sozinha e sem ninguém. Como você merece! - ainda tinha aquele tom de prazer.
- NÃO! Você não vai tirar o meu filho de mim, Matt! Eu não vou deixar! Ninguém vai tirar o meu filho de mim! - exclamou, exaltada.
- Isso não depende de você. E é bom não tentar fugir. A polícia já está em alerta! Acabou pra você, Sophia! Você vai pagar! Você vai pagar!
Matt se levantou e foi embora. A figura de Sophia permaneceu transtornada sobre o chão.
- Não! - gritou. - O meu filho não! Ninguém tira o meu filho de mim!

Sophia levantou e pegou o celular. Observou a localização de um rastreador que colocou na mochila de Taylor antes dele ir embora. Ela fez uma ligação.
- Damon! - falou.
- Sophia! O que manda? - perguntou.
- Preciso de você, Damon. Mas tem que ser agora.
- Agora? O que eu faço com a prisioneira?
- Deixa essa vadia aí sozinha. Ela vai morrer mesmo! Venha o mais rápido que puder!
- Certo. Seguirei suas ordens. Estou indo!
- Te espero!

Matt chegou em casa e logo foi recebido por Becky.
- Graças a Deus você voltou! - exclamou ela, aflita.
- Eu vi ele! Eu vi o nosso filho! - disse Matt, emocionado.
- Ah, meu Deus! Vocês conversaram? Você contou alguma coisa pra ele?
- Calma, calma amor. Eu encontrei com ele por acaso quando estava chegando na casa da Sophia. Ele estava carregando uma mochila e saiu de carro. Não sei o motivo, mas acho que ele decidiu sair de casa.
- Isso é bom, não é? Quer dizer que ele se afastou daquela mulher!
- É sim. Com certeza!
- Você tem alguma ideia de onde ele possa ter ido?
- Não sei. Mas o importante é que está longe dela.
- Tem razão, meu amor! Eu quero ver o nosso filho! - disse Becky, emocionada. - Eu quero tanto poder tocá-lo e abraçá-lo. E dizer o quanto eu o amo! -
Ela começou a chorar.
- Você o verá, meu amor! Calma! - disse ele, que a consolou. - Ter o nosso filho de volta é o que sempre sonhamos. Agora estamos mais perto do que nunca!
Matt abraçou Becky bem forte e a beijou.
- A Sophia vai pagar caro por tudo que ela nos fez. Eu te prometo, meu amor. Ela vai pagar!

Taylor desceu do carro e estacionou numa calçada. Ele caminhou até uma casa que ficava bem de frente para a estrada. Era uma casa simples. Sua expressão parecia aflita. Ele bateu duas vezes na porta.
- Já vai! - gritou uma voz.
Ele aguardou ali ansioso até a pessoa por fim abrir a porta.
- Taylor! - exclamou uma mulher, surpresa. Um largo sorriso se abriu em seu rosto enrugado.
- Vó! - disse Taylor, que a abraçou.

Uma Estranha ObsessãoWhere stories live. Discover now