Capítulo 1 - O Amor É A Coisa Mais Doce

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     Era uma manhã ensolarada e com um brilhante céu azul, um clima típico de Los Angeles. Fortes gritos soaram da direção de um quarto no segundo andar de uma bela mansão localizada numa das áreas mais nobres da cidade. Uma senhora baixa, de aparência frágil e acima dos 60 anos, foi prontamente em direção aos gritos verificar o que havia ocorrido. Preocupada, ela logo abriu a porta e entrou no quarto.
     Sophia abriu os olhos, com aparência assustada. Ela suava frio e parecia confusa. Ela olhou no relógio e viu que marcava às 6h. Foi então que se deu conta que acabara de ter um sonho ruim. Na verdade, foi mais do que um sonho ruim. Foi um pesadelo.
     – Sra. Sophia. O que aconteceu? – perguntou a senhora, confusa em quanto se aproximava.
     – Não... não foi nada. Eu estou bem. Foi só mais um pesadelo. – respondeu Sophia, com um rosto visivelmente pálido.
     – Que bom, sra. Fiquei preocupada quando ouvi os gritos.
     – Está tudo bem, Vicky. Não foi nada. O meu filho está? – perguntou.
     – Sim, sra. Sophia. O jovem Taylor já se encontra lá em baixo tomando seu desjejum.
     – Ah, ótimo. Que bom.
     – Quer que eu traga o seu desjejum, senhora?
     – Não, Vicky, obrigada. Quero fazer companhia a meu filho hoje. Faz tempo que não tomamos juntos o desjejum.
     – Como quiser, sra. Qualquer coisa é só a sra. me chamar. – disse Vicky, que caminhou até a porta.
     – Ah, Vicky... – chamou Sophia. – Por favor, não comente nada com o meu filho sobre esses pesadelos que tenho tido ultimamente, está bem? Não quero preocupá-lo.
     –  Claro sra. Não comentarei nada a respeito. – e se retirou.
 
     Sophia se levantou da cama e foi em direção as janelas. Ela abriu as persianas e ficou ali parada observando a paisagem enquanto o sol da manhã se refletiu em seu rosto e um leve vento soprou sobre seu belo cabelo de mechas loiras douradas. Ela avistara um imenso e belo jardim florido, que fora construído pela própria. Com as mais diversas variações de flores e rosas, era algo encantador. Flores eram coisas fantasiosas da qual se ocupavam as madames com muito tempo vago. Mas não era apenas isso para ela. Aquele charmoso jardim fora construído em homenagem a seu falecido esposo, James Connor, a quem ela jamais pretendia esquecer.
 
     Sophia desceu delicadamente as escadas, que eram compostas por 16 degraus. Se dirigiu à mesa, e com um ar de excitação sobre o rosto, se sentou ao lado de seu filho. Taylor tinha em seus cabelos um tom bem mais escuro que o da mãe, e isso deixava seus belos olhos claros em destaque.
     – Bom dia, querido. – disse Sophia, acompanhada de um sorriso radiante.
     – Bom dia, mãe. – disse Taylor, retribuindo o sorriso. Ele se levantou e a beijou no rosto.
     – E então, meu amor, animado para amanhã? – perguntou ela, com extrema excitação.
     – Ah, mãe. Qual é, vai. Não tem nada demais em fazer 18 anos. É apenas um ano a mais do que eu já tenho. – respondeu ele, sem o mínimo entusiasmo.
     Ela o fitou por um naquele, com uma expressão jovial de encanto.
     – Você está deixando cada vez mais de ser o meu bebê. Acho que vou sentir muita falta disso.
     – Hum. – ele corou por um instante – Também não é pra tanto, mãe. Ao menos sabe que eu sempre estarei aqui pra você.
     – Eu sei, querido. Sempre! E muito obrigada por isso. – ela segurou as mãos dele.
     – Ah, mãe. Já que estamos falando nisso. – interrompeu. – A vovó vem para o meu aniversário, né?
     – Outra vez com esse assunto?
     Uma expressão fechada tomou conta de seu rosto.
     – Tem um tempo que não falo com a sua avó. Acho que ela não vem.
     – Então fale com ela! – exclamou. – Vai, por favor, mãe! Vocês são a minha única família. Quero que estejam juntas comigo nesse dia... Promete que vai falar com ela?
     – Tudo bem, querido. Se é o que você quer, eu falo com ela. – respondeu, ainda que com um forte desânimo.
     – Obrigado, mãe. Eu sabia que não resistiria a um pedido meu!
     Ele olhou em seu relógio de pulso e viu que eram 6h40.
     – Já vai, querido?
     – Sim, mãe. Já vou. Não quero me atrasar.
     – Quer uma carona até a universidade? Posso te levar se você quiser.
     – Não, mãe. Obrigado, mas não precisa. Fiquei de encontrar uns amigos no caminho.
     – Está bem. Cuidado, querido. E tenha um ótimo dia de estudos.
     – Obrigado, mãe.
     Taylor se levantou e se despediu de Sophia com outro beijo no rosto.
     – Ah mãe, não esquece de falar com a vovó. Tá bom? – disse antes de sair.
     – Tá bom, querido. Eu vou falar, pode deixar. 
 
     Sophia subiu as escadas e retornou ao seu quarto. Trancou a porta e foi até o closet. Abriu uma das portas. De lá tirou uma caixa branca que estava bem no fundo de uma das gavetas e a segurou nas mãos. Pegou uma chave e abriu o cadeado que a protegia. Na borda da caixa, havia uma mensagem escrita;
 
    “Matt Crawford, meu eterno amor.”
 
     Sophia abriu a caixa e retirou uns retratos que ali se encontravam. Olhou fixamente para as fotos e as segurou em suas mãos. Podia-se facilmente reconhecer a figura jovem de Sophia Clarke em algumas daquelas fotografias, a maioria ao lado de um jovem e alto rapaz de pele clara, olhos azuis e um escuro cabelo desgrenhado. Se parecia muito em alguns aspectos, com o jovem que há poucos minutos tomara o desjejum com ela. Quase que imóvel, ela fitou por alguns instantes aquelas fotos e seus olhos brilharam enquanto mergulhou em pensamentos e antigas memórias.
 
                           •  •  •  •
 
     Uma longa mesa fora posta no centro de uma sala, não muito espaçosa, tal qual o simples apartamento em questão. Alguns balões e diversos outros enfeites foram colocados ao redor do local, aquele era um dia muito especial. Era a comemoração dos 17 anos da jovem Sophia Clarke. Ainda que com poucos recursos, decorrente de várias e várias dívidas, sua mãe, Sara Clarke, estava empenhada em fazer ao menos uma celebração. Era a primeira festa de aniversário que Sophia recebera, por isso ela estava muito animada. Ela e sua mãe haviam passado por longos períodos sozinhas, e o custo maior sempre foi dedicado a embriaguez de Sara, que se agravava ano pós ano. Frank, padrasto de Sophia, era quem não estava nada contente com aquilo. Ele era um homem extremamente rude e sem escrúpulos, que sempre destratou Sara e nunca fez questão de esconder que enxergava Sophia com outros olhos. Pra ele, a chegada dela à beira da maioridade tinha outro significado.
 
     Sophia foi até sua mãe e parou diante dela. Ela estava radiante e acabara de cumprimentar os poucos convidados ali presente.
     – Mãe! – exclamou, excitada. – Obrigada pela festa, estou muito feliz! De verdade!
     – Ah, que bom, filha. Eu fico feliz que tenha gostado. – disse Sara, que apesar de seus esforços, não estava com a melhor expressão.
     – Mãe... Eu queria aproveitar pra te apresentar uma pessoa. Uma pessoa muito especial pra mim! – disse num tom inseguro.
      – E quem é essa pessoa? – perguntou, com a mesma expressão.
     Sophia saiu por um instante e voltou acompanhada de um belo rapaz, que pôs-se à frente de Sara.
     – Então... Esse é o Matt, mãe. Meu namorado! – disse ela, que em seguida estampou um largo sorriso no rosto e deu as mãos ao rapaz.
     – É um enorme prazer poder finalmente conhecer a senhora! – disse Matt, com exaltação.
     Sara permaneceu em silêncio por uns segundos.
     – Fala alguma coisa, mãe...
     – É um prazer te conhecer também, Matt. – respondeu Sara, com um tom forçado e pouco convincente.
     Sara olhou de relance e viu que Frank os observava. Ela se retirou e em questão de poucos segundos se entregou a uma garrafa de vodka que tirou do armário.
 
     Após um oportuno momento, Sophia segurou nas mãos de Matt e correu acompanhada do rapaz até seu quarto. Eles entraram e ela trancou a porta de imediato. Aos beijos, eles se conduziram até a cama.
     – Espera... Nós vamos mesmo... – perguntou Matt, enquanto Sophia, como num passe de mágica, rapidamente tirou a camisa dele e soltou o cinto de sua calça.
     – O quê? Transar? – perguntou ela, ofegante. – É claro! Já fizemos isso antes.
     – Claro, eu sei. Mas não aqui... na sua casa. Tem sua mãe, seu padrasto...
     Ela colocou seus dedos sobre os lábios dele e o calou.
     – Não fala mais nada!
     Sophia se levantou e parou diante de Matt. Ela tirou seu vestido e jogou sobre ele, sentado na cama. Ela empurrou uma das pernas dele com a sua e sentou sobre ele. E logo se viu completamente nua.
     – Você ainda tem alguma dúvida se quer ou não? – perguntou ela, colada ao ouvido dele e com uma voz instigante.
     – Eu não tenho a menor dúvida – falou ele enquanto abaixou sua calça e a acariciou por cima dele.
     – Foi o que eu pensei! – retrucou ela.
     Sophia empurrou Matt com força sobre a cama, e de súbito tirou a cueca dele. Logo se viu por cima dele outra vez. Ele a agarrou com força e deslizou suas mãos sobre o corpo desnudo diante do dele, e ela fez o mesmo.
     – Eu te amo, Matt Crawford! – exclamou Sophia, ofegante enquanto olhava dentro de seus olhos claros. Ela agora estava por baixo dele.
     – Eu te amo, Sophia Clarke! – disse ele, retribuindo o olhar profundo sobre os olhos dela.
     Naquele exato momento, Love Is the Sweetest Thing se fez ouvir tocar no radinho de Sophia que estava bem ao lado da cama. A paixão e o desejo tomaram conta deles por completo. No ritmo da canção, suas pernas se entrelaçaram umas sobre as outras e suas mãos de igual maneira estavam conjuntas. E ali, passaram o restante daquela noite!
 
                           •  •  •  •
 
     Sophia caiu em lágrimas e foi aos prantos. E então pegou um lencinho e enxugou as incontáveis lágrimas que escorreram de seus olhos. Ela colocou as fotos de volta na caixa e a trancou com antes.
     – Ah, Matt... Eu te amava tanto! Por que tudo não continuou como estava? Fomos tão felizes juntos... Por que você fez aquilo comigo, Matt? Por quê? – e se pôs a chorar novamente.
 
     O amor é a coisa mais doce
     O que mais na terra poderia trazer
     Tanta felicidade em tudo
     Como a velha história de amor
 
     O amor é a coisa mais estranha
     Nenhum canto dos pássaros na asa
     Em nossos corações cantará mais docemente
     Que a velha história de amor
 
     Qualquer coração que deseje
     Qualquer que seja o destino que possa enviar
     Este é o conto que nunca se cansará
     Essa é a música sem fim
 
     O amor é a melhor coisa
     O mais antigo, o mais recente,
     Eu só espero que o destino possa trazer
     A história de amor para você.
 
(Love Is the Sweetest Thing, canção de Al Bowlly, 1932).

Uma Estranha ObsessãoWhere stories live. Discover now