Capítulo 2 - Possibilidades Infinitas

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     Uma semana se passara após o aniversário de Sophia. Algo acontecera. Ela e Matt não se falaram mais com tanta frequência quanto esperado, ela sentiu que algo que não fora capaz de entender havia acontecido nesse tempo, pois na maioria das vezes em que ela o procurou, ele a evitou.

     Sophia caminhou por uma rua que cortava caminho e saía em outra, e ao chegar diante de um colégio, parou. Ela avistou Matt um pouco a sua frente. Ela notou que sua expressão era esquisita, notou uma forte sombra escura sobre os olhos dele, mas de súbito não conseguiu entender o que era. Ele não a viu, mas ela foi capaz de ouvir sua voz enquanto conversava com alguém logo a frente. Sophia recuou uns passou e parou onde pudesse garantir que ele não a veria. E ali, parada, permaneceu imóvel sendo capaz de ouvir toda a conversa.
     Matt levou a mão sobre o rosto e tinha um aspecto bem sério e preocupado.
     – O que foi isso aí no seu rosto? Com quem andou brigando? - perguntou Rafael, que fitou o rosto do amigo.  
     – Não foi nada. Nada! - respondeu Matt, em um tom seco.
     – Sério? Isso não parece nada.
     – Olha, cara. Tenho que te contar uma coisa... Mas, vê se guarda só pra você, entendeu?
     – Claro. Pode confiar.
     – Então... - ele deu uma pausa, seu semblante ainda era o mesmo. – Eu vou terminar com a Sophia.
     – O quê? Você tá falando sério? - perguntou com espanto. – Vocês mal começaram a namorar... Eu pensei que vocês estavam super bem.
     – Eu sei. Mas não vai dar certo. Não quero entrar em detalhes, mas não foi como eu pensava.
     – Ah, qual foi Matt... Confessa que você só queria mesmo era transar com ela, não foi?
     – Não, cara. Não! Não foi isso. É só que... Sei lá, não deu certo.
     – Sei. E quando você pretende contar isso pra ela? Será que ela vai aceitar de boa?
     – Vou conversar com ela amanhã. Ela vai ter que aceitar.
     – Boa sorte com isso. Você sabe que ela contou aos quatro ventos o quanto vocês estavam felizes juntos.
     – Não vai ser fácil... mas não há nada que eu possa fazer. - disse por fim.
     Um olhar bem próximo, com uma expressão desapontada, o fitou durante aquelas últimas palavras, ainda que ele não fora capaz de ver. Sophia deu a volta e dali foi embora.

     Uma noite estrelada e de poucos ventos se armou poucas horas depois. Matt terminara um banho e saiu do banheiro enrolado numa toalha azul. Ele entrou em seu quarto e com um leve susto se deparou com Sophia, sentada em sua cama.
     – Sophia! - exclamou Matt, com espanto.
     – Oi! - disse Sophia, com um riso e um tom de excitação. – Eu só... estava com saudades!
     Ela se aproximou dele e em seguida o beijou. Ele logo recuou.
     – O que foi? Não gostou? - perguntou, cínica.
     – Nós precisamos conversar...
     – Ah, claro... O que vai me dizer? Que vai terminar comigo?
     Aquela pergunta pegou Matt de surpresa, isso ficou claro na sua expressão.
     – Como... como soube?
     – Escutei você e o Rafael conversando hoje cedo. - seu tom mudou. –
Mas por que, Matt? Por que você está fazendo isso?
     – Sophia, olha. Não foi nada com você, tá? O que nós tivemos foi bom, foi ótimo. Mas não tá mais dando certo. É isso.
    – É isso isso que vai me dizer? "Não tá dando mais certo"? - ela não fez questão de disfarçar sua raiva.
     – Eu sinto muito, Sophia. De verdade!
     – Eu transei com você, Matt! Eu me entreguei a você! Você disse que me amava! E agora você diz que não estamos dando certo? - ela perdeu o controle e a raiva tomou conta de si. Deu vários socos no ombro dele e começou a gritar.
     – Sophia, chega! - ele segurou as mãos dela e a tentou acalmar. – Eu sinto muito de verdade. Mas acabou. Não dá mais pra continuar.
     Ela fez silencio por um instante.
     – O que aconteceu com você? - perguntou intrigada, passando a mão sobre o roxo no rosto dele.
     – Nada! - respondeu ele, dando uns passos pra trás.
     – É claro... - ela deu uma pausa. – Foi ele, não foi? Aquele desgraçado! Ele mandou você se afastar de mim, não foi?
     – De quem você está falando?
     – Do desgraçado do Frank. Eu sei que foi ele.
     – Por favor, Sophia, vai embora. É melhor pra nós dois. Por favor!
     – Não, Matt. Eu te conheço. Você não quer  mesmo que eu vá, quer? - ela se aproximou dele enquanto falava. Ele ficou em silêncio.
     – Uma última vez, Matt. Uma despedida. Por favor! - disse quase suplicando.
     Sophia colocou suas mãos sobre a toalha azul de Matt e a soltou.
     – Sophia... para com isso! - disse ele, sem convencer.
     – Você não quer que eu pare. E você não vai se arrepender! - disse ela, que se agachou e ficou de joelhos diante dele e aproximou sua boca da cintura dele.
     Ele a encarou imóvel, sem qualquer reação.
     – Por favor, Matt! Eu sei que você também quer. Por favor! - disse ela, que dessa vez usou as mãos em rápidos e repetidos movimentos.
     Matt não foi capaz de se conter. Ele não resistiu e se deixou levar pelos encantos de Sophia, que soube muito bem o que fazer. Ele a carregou em seus braços fortes e logo arrancou sua roupa.
     – Você tomou as pílulas? - perguntou ele, que a colocou sobre a cama.
     – Sim. Tomei antes de vir pra cá. - respondeu.
     – Certo! - disse com excitação.
     – Eu te amo, Matt! Eu te amo! - exclamou Sophia, com prazer enquanto o sentia dentro dela.
     Ele fez silêncio. Dessa vez, não retribuiu as palavras e nem dissera qualquer outra coisa. Naquela noite, foi como se ele apenas saciasse um desejo. Mas pra ela, aquela fora uma noite de possibilidades infinitas. A noite perfeita, da qual tudo saiu do jeito que ela planejou.

     Dias se passaram. Seguidos por semanas. E então, meses. Dois meses. Sophia e Matt nunca mais estiveram juntos. Ele cumpriu sua palavra. Aquela vez foi a última vez. E naquele tempo, tudo mudou. Matt seguiu normalmente com sua vida. Pouco depois, ele conheceu Becky. Ela não se distinguia muito da figura de Sophia. Becky era igualmente loira, com umas mechas escuras e lindos olhos claros em evidência sobre o belo rosto pálido. Era apenas um pouco mais baixa que Matt, e pela felicidade que exalavam, qualquer um diria que eram almas gêmeas.

     Quanto à Sophia, não demorou muito para chegar a confirmação do que ela já esperara. Estava grávida. Logo procurou por Matt, com a certeza que o teria de volta. Mas ela não teve a mínima chance. Ele se recusou a assumir qualquer responsabilidade sobre o filho, que ele afirmara que podia ser de qualquer outro.
     Em casa, Sophia tão pouco recebeu qualquer apoio. Sua mãe cada vez mais se afundara no vício por bebida e quase nunca se encontrara sóbria. Frank ficou extremamente irritado quando soube da gravidez de Sophia e constantemente brigava com Sara querendo Sophia fora de casa o quanto antes.

     Numa certa manhã, Sophia foi ao mercado fazer umas compras para sua mãe. Sua barriga era pequena e quase imperceptível. Enquanto ajustava umas sacolas que carregava na mão, ela avistou Matt do outro lado da rua. Ele estava de mãos dadas com uma linda loira, tal qual Sophia ainda não conhecera. Eles sorriram diversas vezes um pro outro e trocaram varios beijos apaixonados. E então, Matt se abaixou calmamente diante de Becky e encostou sua cabeça sobre a barriga dela e a acariciou cuidadosamente. Fora evidente tudo o que aquilo significou. E dali, com as mãos entrelaçadas, eles entraram numa lojinha de roupas para bebês. Não restou dúvidas para aquela figura imovél que do outro lado da rua, tudo observou. Becky também estava grávida, e Matt, ali a seu lado presente. Ainda perplexa e sem a mínima reação, Sophia decidiu ir embora. Lágrimas caíram sucessivamente de seus olhos. Ela ficou desolada.  Não tinha ninguém com ela em relação a sua gravidez. Estava completamente sozinha e desamparada. Enquanto Becky, tinha todo o amor e apoio incondicional de Matt.

Uma Estranha ObsessãoWhere stories live. Discover now